terça-feira, agosto 05, 2025

Música que faz bem.

Redescobri os jazz standards que me deixavam tão feliz e calmo. Este tipo de canções apenas me fazem bem. A melodia, a música, as vozes; não há excitação, não há tristeza, há apenas uma tranquilidade a espalhar-se de neurónio em neurónio.

Julie London, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Billie Holiday, Nina Simone, Etta James, Lena Horne, Nancy Wilson, Dinah Washington, Helen Forrest, Chet Baker, Louis Armstrong, Nat King Cole, Frank Sinatra, etc., etc., etc...

Sobre Bell Hooks e o amor

“O amor não é o cuidado". É apenas uma dimensão que não consegue cobrir os aspetos do afeto, da responsabilidade, do reconhecimento e da justiça. Quando só há reconhecimento do cuidado, a negligência ou o abuso (presentes em pequenas coisas aparentemente vãs) são validados como normais. Assim, desde a infância que criamos uma visão iludida do que é o amor, aprendemos o amor como substantivo por oposição ao amor ação/construção. Cuidar e amar não é a mesma coisa.

Amar é construir algo e deixar-se vulnerabilizar, perdendo ilusão, narcisismo e espaço de idealização. O amor cria-se num vínculo trabalhado num espaço de diferença/conflito em que se aprende a não violar o outro. 

O amor faz-nos interessar pelo outro sem saber exatamente o motivo; este processo abre espaço à criação de motivos e à descoberta de novos motivos sempre que o ódio vem mostrar que somos somos menos complementares com o outro do que imaginávamos e que, cada um dos intervenientes é formado por si e por muitos outros. Mas se é amor, a seguir ao ódio vem um nova criação de significado amoroso para com o outro, porque descobrimos a alteridade no seu sentido mais filosófico, ou seja, na capacidade de transcender o próprio ponto de vista para compreender e respeitar a visão do outro na integração dos conflitos. Isto porque o contrário do amor não é o ódio, mas sim a indiferença.

Relação

Se uma relação é mesmo uma relação ela é bidirecional e recíproca nas suas trocas, compensações e consequências.  

Recomeçar do zero.

Recomeçar do zero é possível? Sim é. Porque esta expressão é uma metáfora. Aqui o 'zero' não é um conceito absoluto, mas sim relativo. Um modo de vida novo não significa um apagamento do passado. Um recomeço é tanto mais forte quanto mais experiência e aprendizagem do passado carrega consigo. O corte com um passado existe na medida em que se decide encerrar um ciclo - que teve as suas características - e desenhar um futuro diferente por oposição/contraste ao ciclo que se pretendeu encerrar. 

Encerrar um ciclo e começar de novo significa apenas que o que era próprio desse ciclo já não nos serve e os objetivos e metas do futuro são construídos sobre a integração de toda a experiência vivida.  É com a aprendizagem e memória do passado que conseguimos, de facto, recomeçar do zero.

sexta-feira, agosto 01, 2025

A falar com uma colega

A falar com uma colega de trabalho sobre o trilião de pensamentos que povoaram a minha cabeça, ao exercer espírito crítico sobre mim, em relações de integração iguais a uma complexa equação de física quântica; cheguei à conclusão de que x = respeito (dado e recebido) + amor + paz + humor.

Por trás dos seus olhos.

Está série da Netflix anunciada como um thriller acaba por ser, de certa forma, também de ficção científica. Podia ter 3/4 episódios e ficava muito bem. Trata-se de triângulo amoroso entre um psiquiatra, a secretária e a mulher deste (de modo resumido). O início deixa-nos curiosos, depois torna-se arrastada e chata. O episódio final (que se vê apenas para não dizer que não tinha visto a série completa) acaba por surpreender.  No global não é boa. Satisfaz nos mínimos diria. Bom começo e bom final.

12/20

Clarice Lispector


"Se você se sente infeliz agora, tome alguma providência agora, pois só na sequência dos 'agoras' é que você existe."

Esta frase é belíssima. Fala sobre agarrarmos a responsabilidade da nossa felicidade alterando o 'agora'. O futuro é uma sucessão de 'agoras', é sempre o que se faz no 'agora' que conta. É no 'agora' que somos timoneiros da nossa existência. 

"A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver."

Outra frase belíssima. Dá-nos vida a vida a que pertencemos. Há tanto que ganhamos com essa pertença, quando é uma escolha feita e vivida de forma consciente.