
«I'm poor, black, I may even be ugly, but dear God I'm here, I'm here!»
A Cor Púrpura (1985)
Um filme emblemático sobre a solidão. Não foi o que eu esperava. Esperava talvez um final feliz, esperava, talvez, personagens mais estereotipadas. No final as pessoas retratadas são terrivelmente comuns e isso assusta um pouco e deixa um sentimento incómodo. Mais uma vez a contradição entre aquilo que é e aquilo que parece é evidente. Sai da sala com um nó no estômago. Não teve graça, foi triste.
You gotta be bad, you gotta be bold
You gotta be wiser, you gotta be hard
You gotta be tough, you gotta be stronger
You gotta be cool, you gotta be calm
You gotta stay together
All I know, all I know, love will save the day
Até onde vai o nosso amor por alguém? Muitos pais dizem que são capazes de fazer tudo pelos filhos, mas chegada a hora da verdade? Irina Palm é um filme sobre uma mulher que sempre foi doméstica, que vive numa aldeia nos arredores de Londres, que tem uma vida calma e desinteressante, mas que ama os seus familiares.
O que aconteceria se um estudante finalista de cinema resolvesse fazer um filme sobre os EUA inspirado na obra de Wong Kar Way? Acho que provavelmente teria feito este filme. São os estados Unidos mas, de alguma forma, a cidade de Nova Iorque é reminiscente dos Japão (em particular a sequência do comboio). As cores do filme são lindas, a história tinha um potencial incrível. De alguma forma, estamos sempre à espera que esse potencial se concretize sem que isso aconteça.
Robert Rauschenberg atraveu-se a sonhar. A existir e produzir para lá do óbvio. A arte precisa de pessoas assim, gente sem medo de abrir caminhos. No seu trabalho, ele conquistou a abstração expressionista para devolver os conceitos à realidade pela utilização de imagens/objectos reconhecíveis. Como ele mesmo dizia «eu trabalho no espaço que existe entre a arte e a vida». Fica a obra como testemunho de um tempo que não será apagado da história.
E se de repente um alemão expressasse através da dança a sua visão de Lisboa? Assim, aconteceu. Lisboa vista por Pina Bausch resultou no brilhante Masurca Fogo, onde sentimos que Lisboa não é só fado e oceano. É também multiculturalidade, engano, alegria, pobreza, tradição, prostituição, saudade, inocência, tempo, riso, choro e corpo. Lisboa é uma grande cidade que escapa a quem nela vive, mas que felizmente não escapa a quem a visita com olhos de quem vê.
Foi o dia do meu aniversário. Acabei de chegar a casa e sinto-me cansado e feliz. O dia 10 já passou, mas foi um bom dia. A companhia foi excelente o dia todo e, embora não entrasse em celebrações, tive um belo jantar intímo em família e depois convívio informal com alguns amigos. Fiquei bastante feliz pelo dia ter sido lembrado por algumas pessoas que não esperava, tive pena por outras o terem esquecido. Mas as coisas são mesmo assim. Win some, lose some. Mas no fim do dia? Completei mais um ano de aprendizagem e crescimento e estou aqui, com 34 anos. Estou completamente aqui.
Todos os dias de semana, na SIC Mulher dá um concurso sobre moda. 16 estilistas concorrem por um lugar ao sol. É uma espécie de Big Brother, mas "em bom". Ou seja, depois de dado um tema acompanhamos todo o processo de criação de uma peça uma vestimenta até ao momento em que a modelo a enverga na passerelle. No final um júri qualificado escolhe o vencedor e elimina a pior criação. Estou viciado.
Lisboa é uma cidade de quem Pina Bausch gosta e Lisboa também gosta dela. Graças a isso se está a realizar um festival Pina Busch. Ontem, no Jardim de Inverno do teatro S.Luís, foi dia de ver em filme (pena) a peça de dança «Sagração da Primavera», filmado em 1975. Se o efeito produzido pela tela já foi brutal, imagino o que seria estar a ver tal peça num palco com o cheiro da terra que cobre o chão.