sexta-feira, julho 18, 2025

A vegetariana

Não tinha lido ainda nenhum livro da vencedora do Prémio Nobel da Literatura de 2024 - Han Kang. 

A vegetariana é sobre uma mulher assustadoramente normal e mediana que decide, um dia, deixar de comer, cozinhar, servir ou ver carne. Isso terá um impacto diabólico na estrutura das relações que mantém com os diferentes membros da sua família e nos próprios membros da família e inclusive sobre o seu projeto de vida. 

Nem sei bem como descrever este livro, é sobre sexo e erotismo, é sobre violência física e simbólica, é sobre loucura, é sobre metamorfose espiritual e sentimental. É um livro perturbador que nos desafia o pensamento, mas muito bem escrito e muito gráfico. Estou pronto para ler mais dois livros da autora.

17/20

Quando é a dois

Tudo é a dois quando é a dois. O bom e o mau.

quinta-feira, julho 17, 2025

Irantzu

Já aqui tinha escrito sobre a Irantzu. Um ser de luz extraordinário que conheci em 2006, na república Dominicana, e que morreu o ano passado de um tumor raro e muito agressivo. A Irantzu chegou a mim para me lembrar de quem sou, o que ela me disse em dezembro de 2006 mudou o rumo da minha vida. 

A notícia da morte dela, fez-me lembrar de novo as palavras dela, numa altura muito complexa. Recebi a notícia 22 dias depois da morte dela, num dia em que lembrar-me dela mudou novamente o rumo dos acontecimentos nesse Agosto de 2024. 

A mãe da Irantzu mandou um postal de lembrança a todos os amigos que ela mais considerava, para chegar no dia 28 de Junho (o aniversário dela). Mais uma vez, eu só tive acesso ao postal esta terça feira. Numa altura crítica em que as palavras dela, novamente, me enchem de alento. 

Eu sempre achei a Irantzu mágica, quase mitológica. Nunca conheci ninguém assim sempre feliz, sempre com a alma aberta sem reservas, com uma luz que iluminava tudo. Por isso acho que há uma intenção mística, quando recebo algo que a traz de novo ao meu pensamento. Sinto que é ela a não deixar que eu me esqueça e me perca. 

A mãe escreveu-me num bilhete que juntou ao postal de recordação: "Irantzu te lleva en el corazón, pues la unión que teníais era de tanta belleza y pureza, que permanecerá para siempre ayudándote del paraíso celestial donde se encuentra ahora".

E eu não tenho dúvida nenhuma disso. 
Obrigado querida Irantzu. 

quarta-feira, julho 16, 2025

Kylie (after)

O espetáculo da Kylie foi maravilhoso. Não é um espetáculo meticuloso e sem falhas como um show da Madonna, mas é um espetáculo alegre e honesto, em que se dá tudo de forma pouco calculada e abnegada. A energia foi ótima, dela e da plateia, e eu dancei e cantei como um perdido a maior parte do tempo.

terça-feira, julho 15, 2025

Kylie

Hoje vou ao concerto da Kylie na Meo Arena. A última (e única) vez que a vi foi em 2009 quando se estreou em lisboa. Acho que vai ser giro. Nunca estive num concerto sentado, vamos ver como é a experiência. Sei a maioria das músicas, pelo menos muita cantoria vai haver.

Coração independente

Segundo tomo da história da arritmia. Muito convencido de que será uma minissérie. 

Não fossem as sílabas do sábado

Estava muito ansioso por ler este livro de Mariana Salomão Carrara. O B disse-me que tinha ouvido falar coisas excelentes dele. É um ensaio sobre o luto, sobre a solidão e sobre o desespero intimo. Talvez seja este tom intimo da narrativa, a cabeça de Ana (a personagem principal), que fez com que eu achasse a prosa muito bonita, mas o livro chato. e a culpa não é do livro. É a culpa do luto. Aquele luto é um luto negativo, que não deixa partir, que não deixa avançar sem dores, que repisa. Que não deixa ninguém ser verdadeiramente feliz ao redor do sofredor. Como se todos tivessem de sofrer o sofrimento do sofredor. O B diz que o livro é sensível e intimista e muito bonito. E eu não discordo. Apenas não consegui acompanhar o luto de uma pessoa que demora quase 13 anos para deixar-se viver e deixar viver os que estão colados a si. 

14/20

sexta-feira, julho 11, 2025

Pensamentos aleatórios

A direção é mais importante que a velocidade.

Há que aprender a fatiar o elefante.

And just like that

Como fã da série 'O Sexo e a Cidade' tenho seguido a sequela 'And just like that'. é incrível como se pode de ir rapidamente de "cool" a "cringe". Fico desconfortável de presenciar um argumento tão mau e, por vezes, atuações ridículas. Porque é que continuo a ver então? Pela esperança de ver algo que retorne esta sequela à velha glória. A cada episódio estou ali à espera de que seja melhor, mas até agora ainda não aconteceu.

Pecadores

Estava com muita vontade de ver este filme. Gosto muito dos anos 20/30 e filmes sobre a dinâmica musical da época, o nascimento do Jazz, dos Blues nos clubes improvisados pelos negros vítimas de um apartheid dissimulado e de um racismo organizado (KKK). Havia também algo de sobrenatural no trailer que me fez ter ainda mais curiosidade.

No final o filme é sobre demasiadas coisas e nenhuma sai bem concretizada. É sobre sobrenatural, mas também sobre ocultismo, música, racismo, amor, religião, lendas, crime. Enfim, muita coisa que (a meu ver)  nunca consegue ser aprofundada em condições. E o filme acaba. Deixa um gosto de vazio.

12/20

quinta-feira, julho 10, 2025

Icónico

Recuperei uma canção do último álbum de originais do George Michael, um cantor icónico, na voz e no estilo musical, que infelizmente deu menos ao mundo do que poderia ter dado, devido a inúmeros problemas pessoais e contratuais. Tenho pena de que se fale pouco deste génio do "blue eyed soul". 

O Spotify hoje relembrou-me de como ele era estupendo e brindou-me com uma música da qual me tinha esquecido. Aqui fica.


Through - George Michael

quarta-feira, julho 09, 2025

Para mais tarde recordar

Um ténue fio de luz desengana-me o corpo.
Revive a esperança do cessar das horas ímpares. 
O que será a madrugada? 
A lembrança dos teus sinónimos...
e de que vida comparece no calor da primeira claridade. 
Neste enlaçamento, sem garantia de defesa, 
a escuridão acede a dissolver-se e transmutar-se. 
São extraordinários os atos que se urdem num ténue fio de luz.

Oportunidades

Eis que surge uma bela e nova oportunidade. Que bom clima. 

terça-feira, julho 08, 2025

O CHEGA é apenas um conceito nojento

Fiquei chocado com a pobre atuação de André Ventura no Parlamento citando nomes estrangeiros de crianças culpando-as de tirarem lugares às crianças portuguesas. Os portugueses têm uma memória curta. Se em Portugal somos 10.5M mas existem 16M de Portugueses no mundo, isto quer dizer alguma coisa. 

Ainda há 50/40 anos os nomes das crianças nas escolas da Suíça, Alemanha, França, Canadá, Luxemburgo, Inglaterra e Estados Unidos era Pedro, Manuel, Paulo, Luísa, António, Conceição, José, Anabela. Hoje os seus filhos são cidadãos desses países, alguns deles em posições notáveis. Todos saem a ganhar.

Despropósito

Uma colega de trabalho, a passar um mau bocado por doença grave do pai, passou um sinal vermelho (sem ter reparado) e seguiu caminho para ir visitar o pai ao centro médico. Quando de repente se deu conta, viu que tinha 6 polícias em moto em torno do seu carro a pedir-lhe que encostasse e parasse numa bomba de gasolina. Ela entrou meio em pânico, e eles informaram-na que tinha passado um vermelho, uma infração gravíssima. Ela do estado de nervos em que se encontra quebrou num pranto. Não conseguia falar, não conseguia mexer-se.

Pergunto-me o porquê de 6 polícias numa zona residencial irem atrás de um carro que passou um vermelho. Sei lá... quatro destes polícias não poderiam estar a fazer rondas em ruas onde há crime, onde as pessoas estão realmente inseguras? Parece-me excessivo para uma mulher de meia idade, sozinha num carro. Já assisti a crimes na via pública, já me roubaram o carro e nem polícia por perto. Se calhar estão em grupos de 6 a mandar parar senhoras que passam vermelhos a 50km/h.  

Virgin

Confesso que embirro um bocado com a Lorde como pessoa, mas gosto de algumas músicas dela mesmo muito (em geral baladas ou ritmos trip-hop). Este domingo disse ao B para ouvirmos o novo álbum dela, um bocado naquela de estarmos a vir da praia para Lisboa, mesmo que fosse mau não se perdia nada. E não perdeu mesmo porque o álbum é bom. Achei muito consistente, sem ser repetitivo, uma eletrónica familiar, mas ao mesmo tempo intrigante e moderna. Polegares no ar. 

Acho que 'Virgin' é o primeiro album dela que eu digo que gosto, normalmente gostava assim de umas 3/4 músicas por álbum. 

Rompimento

Rompi com a empregada de limpeza. Foi uma relação longa de 20 anos. Eu dava-lhe mais benefícios porque queria e ajudas porque queria. Mas ela (este ano em Abril) tratou-me com desconsideração e eu fiquei bem desconfortável com isso, depois ela esteve um mês de baixa sem vir trabalhar e em junho eu disse que acabava com parte dos benefícios, ela disse que ia embora, que não merecia e que eu não tinha coração, mas que ficava até ao final de julho, depois ia de férias. Quando chegou o final do mês e eu paguei menos, ela disse para eu lhe fazer as contas imediatamente e uma quantidade de impropérios, a que respondi: eu até estava a pensar em dar-lhe os extras do ano por inteiro, mas só por essa conversa leva o respeitante ao que trabalhou. 

Acho realmente que as pessoas nos tomam por certos, e até nem me importa quando a consideração é bidirecional. Mas tenho aprendido que se não há consideração ou noção, não há recompensa.  

segunda-feira, julho 07, 2025

Coincidência gira

Ontem o B colocou uma música que me disse gostar bastante e foi engraçado porque era exatamente uma música que eu tinha descoberto no Spotify e gostado bastante também. As sintonias inesperadas fazem-me sentir feliz. 


Nice to each other - Olivia Dean

sábado, julho 05, 2025

Ela disse

"Estou zangada consigo. Nós temos um acordo, o que é que você anda a fazer? A sua _____ é frágil."

"Quem não tem colo é ______".

"Isso não é cuidado é ________".

"Devia ver na terapia porque é que _______ este ___ de _______".

"Você fale,_________, você é de fala".

"Você é uma pessoa de ____ ___________. 

"Quero vê-lo em Outubro. Não se deixe _________. Cuidado consigo".

"Agora tenho de ir para a casa rápido, para ver se os cães me comeram o gato, se o gato caiu da varanda ou se o gato ainda está vivo. Eu acho que vai estar vivo"

Certo/incerto

Estou de novo doente. Não estava à espera, mas faz sentido. A última vez que estive doente foi em 2022. Curiosamente é a minha mãe que me dá sinal, porque me acha diferente do meu normal. Dois picos emocionais enormes um negativo e outro positivo no ano passado, depois fui sendo mesmo muito infeliz no trabalho, depois tive um novo pico negativo em março e desde aí tem sido um ioiô, semanas boas e semanas más, uma montanha russa emocional. 

Tive a felicidade de ir à médica a tempo, antes de as coisas serem piores e há várias perguntas que se impõem fazer, mas a principal é  "porque é que eu não tomo conta de mim?", depois talvez seja "porque é que eu não sei ensinar a tomar conta de mim?"

A realidade é que apenas posso confiar na médica e nas suas orientações para cuidar de mim. Gostava de dizer que é solitário, mas que eu tomo conta de mim. Seria uma mentira, se alguém anda aqui solitário a tomar conta de mim é a médica. Tem feito um trabalho estupendo em 18 anos. Ela só me pede que eu faça a minha parte do nosso acordo desde 2007 e eu volta e meia espalho-me (2012, 2020-2021, 2022), pensei que estava de novo numa linha temporal boa. Vou ter de acrescentar 2025 aos meus espalhanços e começar a contar de novo. Agora estou muito centrado em não deixar de tomar conta de mim e manter os níveis de stress emocional baixos. Mas será que vou aprender? O que é que eu aprendi em 18 anos? E aquilo que origina cada um dos espalhanços, saberei eu evitar? Alguém me vai ajudar? É tudo incerto. O único certo é a médica e a sua excelência profissional. A única coisa realmente perene em que posso confiar neste processo.

sexta-feira, julho 04, 2025

Maybe...


Stoined at the nail salon - Lorde


I don't know...
Maybe I'm just...
Maybe I'm just stoned at the nail salon again.

A minha prima

Tenho apenas dois primos direitos com menos de 70 anos (a mais velha tem 91) e apenas uma prima tem uma idade parecida com a minha (55 anos, mais 4 que eu). Em jovens não eramos próximos porque eu era um puto para ela, mas há uns 13 anos voltamos a ter proximidade dado ela ter uma filha da idade da minha sobrinha e o meu irmão procurou um contacto mais próximo. 

Aconteceu tornarmo-nos amigos, não só familiares. Os últimos 4 anos têm sido bastante próximos, temos afinal algumas coisas em comum e respeito mútuo. Há aqui um gostar que foi crescendo, talvez porque falamos os dois como não conseguimos falar com os nossos próprios irmãos.

Há uns quantos dias atrás aconteceu uma coisa muito problemática para mim, vi-me na contingência de partilhar algo que nunca quis partilhar com ninguém, porque estava numa situação limite. É estranho como quando libertamos um fardo, ele progressivamente se vai tornando mais pequeno. 

Hoje falei com a minha prima sobre isso. Uma conversa longa sobre esse facto e outras coisas. As conversas com ela têm sempre um lado B. Ela cresceu comigo. Ela viu-me crescer e interagir. E ela muitas vezes chama-me a atenção para coisas (umas boas outras menos boas), até porque a sua filha mais velha lhe lembra muito a minha personalidade e modo de estar na vida, e mantém-me uma perspetiva aberta sobre a vida. No caso é uma perspetiva focada, como se me prendesse um papel com notas às cuecas com  um alfinete de dama. Só podemos estar gratos por alguém que nos conhece desde que somos bebés e que sabe de onde viemos. 

Estou a dever-lhe um almoço muito em breve. 

Definições

Adulto-criança. Do lado positivo é uma pessoa leve, brincalhona, curiosa, criativa, que não se leva a sério. Do lado negativo é uma pessoa que leva poucas coisas a sério, irresponsável, impulsiva, que se foca no desejo individual em detrimento do bem coletivo.

Pode ser tudo isto ou partes disto. Não há modelos estanques.

terça-feira, julho 01, 2025

Amigos no trabalho

Diz a sabedoria popular que é complexo fazer amigos no trabalho. Eu conheci bastantes amigos no trabalho, mas com a pandemia é verdade que as coisas ficaram diferentes no meio onde me movia. No departamento onde voltei, tinha alguns amigos que saíram antes da minha volta e havia um rapaz (que me lembrava muito o meu idealismo na idade dele) que também acabou por sair. 

Digamos que me fiquei a sentir um pouco mais isolado aqui neste instituto por me identificar pouco com as pessoas e o tipo de trabalho que fui obrigado a fazer. Comecei a ver como poderia mudar para outra divisão onde o chefe é um antigo colega de trabalho que respeito bastante. Fui informado de que não me deixariam sair, mas no meio dessa conversa ele informou-me que um antigo colega do meu departamento ia voltar para o nosso instituto, e que por incompatibilidade com os meus chefes ia para a divisão dele.

Ele disse que era um jurista, mas eu nem percebi que era o rapaz idealista que ia voltar. Hoje dei de caras com ele nas escadas, foi uma grande surpresa. O pobre está pele e osso. Eu sempre achei a polícia não era um sítio para alguém que acredita na justiça, nas leis e na melhoria das instituições de direito. 

Quando tiver tempo quero saber o que aconteceu. Já tive outro colega que também abandonou aquela polícia e o que ele contava, em 2011 deve ser o mesmo que se passa agora. Mas tudo isto para dizer, que é bom sentir que existe mais um amigo por perto de novo.