quarta-feira, dezembro 03, 2025

Família

Esta semana, a minha mãe ficou semiautónoma, o que me me permitiu voltar à minha casa, voltar ao escritório, retomar algumas das minhas rotinas. O início deste processo foi "tirado a ferros", na primeira semana eu e o meu irmão estávamos constantemente a apontar à jugular um do outro. Foi pesado para todos, em especial para a minha mãe, mas devido a acontecimentos na vida pessoal estava (ele) muito cansado e eu mentalmente fragilizado. Mas o objetivo era cuidar da nossa "raiz" (a mãe) e no final da primeira semana começamos a trabalhar em conjunto. Há muito tempo que não tínhamos - todos - convívio diário, mais precisamente desde 2002 - ano em que ambos saímos de casa dos pais. 

Este processo de cura da nossa mãe foi também um processo de cura para nós. Ao fim de um mês, eu sinto-me visto pelo meu irmão, ele sente-se visto por mim, a minha mãe sente-se vista por nós e nós sentimos que ela nos vê. Construímo-nos de volta em conjunto, como família, do mais raso que estivemos em muitos anos, cada um pelos seus motivos.

Estamos unidos como já não estávamos há muito tempo, ou talvez mais do que alguma vez estivemos. Estou em crer que isto só é possível porque a minha mãe nos mostrou ao longo da vida o que é amor saudável, temos exemplo, e quando tudo corre mal só temos de pensar nesses exemplos e fazer um "reset ao sistema". E acreditamos de volta. Dizer que a minha família é unida, que nos amamos, não são palavras da boca para fora. Não é performance, como vejo em tantos 'amo-te' e 'adoro-te'. E isso dá uma enorme estabilidade.

Numa altura em que felizmente "as nuvens aliviam", o balanço a fazer é o de que lutamos uns pelos outros. Contudo, para mim o mais impressionante foi ter o meu irmão a lutar por mim, a agarrar-me ativamente. Ocorre-me que estivemos assim, os três, quando o meu pai morreu em 1998, mais gentis, mais pacientes, mais cuidadores, a fazer com tudo conte.  Mas no cerne, está sempre a senhora de 1.52m, que se faz gigante quando se trata de amar os seus e de lhes ensinar o amor. 

Vibração

Algo mudou. 

Um dia bom

Ontem o clima esteve feio, mas foi um dia bom apesar de chuva. Tive boas interações, produzi e abri novos horizontes. Além disso senti-me confiante. Fazia muito tempo que não me sentia confiante, claro que tudo é um processo, ainda para mais depois de um período longo de negatividade. Mas de novo sinto-me com altura.

segunda-feira, dezembro 01, 2025

Árvore de Natal feita

A minha "monstra" está finalmente montada. Quis tanto ter esta árvore e este ano não lhe dei o que ela precisa para estar no seu maior esplendor. Eu sei o que faltou, mas quem sabe para o ano.

De qualquer forma, já é natal aqui em casa.

O agente secreto

Estava desejoso de ver este filme desde que estreou, mas a montanha acabou por parir uma capivara - não foi assim tão mau para parir um rato, mas deixou um bocado a desejar. Claro que depois do sucesso do 'Ainda estou aqui' e com a proliferação da extrema direita um pouco por todo o mundo, filmes que relatem o fascismo e a crueldade das ditaduras acabam por ser favorecidos (mesmo que inconscientemente).

O Wagner Moura esteve muito bem e Tânia Maria (essa late bloomer na atuação) também comandou as tropas como uma campeã. A fotografia do filme é muito bonita e a história poderia ser muito boa, mas o filme perdeu (a meu ver) o sentido narrativo a dada altura. Acho que a história tem alguns pontos descosidos e há um "gore" desnecessário a dada altura.

Acho que o filme é uma peça muito interessante para se perceber o ADN da cultura brasileira e de uma certa "brasilidade" no seu melhor e no seu pior. Do filme retirei mais o sumo da maldade e da bondade que pode existir no brasileiro do que o sumo da historia em si. É quase como que os personagens fossem 'ideais tipo' (no sentido Weberiano do tempo) que passam a essência do grupo que representam mais do que a coerência da narrativa. 

14/20