Um amigo fã da Kylie (como eu, em certa medida) tinha acabado de ouvir o novo
CD dela e disse que não estava nada impressionado, antes pelo contrário e que pelo
menos 4 músicas deveriam desaparecer, assim como o tom country do álbum. Tive
de ir ouvir o CD também, até porque não tinha ficado muito impressionado com os
dois primeiros singles, para poder
expressar uma opinião que, pensava, viria a ser muito idêntica à dele.
Foi exactamente o contrário. De repente é o álbum que mais gosto da Kylie.
Nunca consegui ouvir um álbum inteiro dela, gosto muito das canções, mas levar
com pop pastilha elástica feliz
durante uma hora é excessivo.
Pela primeira vez vejo a Kylie a ser pessoal e a ter algo de íntimo para
dizer e não creio que isso fosse compatível com o estilo de disco pop que faz. Não é negligenciável
que ela seja uma mulher que mesmo quando teve cancro, voltou com um álbum todo
feliz sempre sobre dançar e namorados. Zero sobre sentimentos pessoais.
Não obstante, ela agora é uma mulher de 50 anos agora que teve um esgotamento
depois de ter visto a sua última hipótese de se tornar uma mãe num
relacionamento estável a ir pelos ares. Nitidamente este álbum é sobre uma
mulher que se sente no "fim de tarde" da sua vida. Ela precisa de “ruminar”
sobre o assunto e foi o que fez. O tom country
do álbum, para mim, é natural (e eu odeio country) porque é pessoal,
porque representa aqueles momentos musicais em torno de uma fogueira no meio do
nada onde se compartilha a vida, memórias, vulnerabilidades, etc.
Os críticos dizem que está a tentar demasiado ser algo diferente, ter conteúdo,
o contrário diria eu, pela primeira vez ela não está a tentar nada. Está apenas a
mostrar outra camada (ou a camada) dos seus sentimentos. E por isso, faz também
sentido que as faixas mais " tipicamente Kylie” sejam bónus na versão deluxe.
O álbum é incrivelmente coeso e fico feliz ao ver que ela também tem uma
alma para partilhar. Eu adoro a Kylie pastilha elástica, nada de equívocos
quanto a isso. Mas ela nunca nos deu introspecção ou sentimentos pessoais e
ninguém passa pela vida sem se deixar tocar por nada, sempre feliz e romântica.
Isso é que é falso (não o tema country do álbum). Este álbum torna-a completa
aos meus olhos. Finalmente ela faz sentido, como um todo, como mulher. Ela não
tem 19 anos, tem 50. E é sexy e está no controle da sua vida e está a
reagrupar-se e está a revelar introspecção e maturidade e está a reencontrar o
seu "eu" e, usando as palavras do primeiro single «when she goes out,
she will go out dancing». Vou ouvir este álbum muitas vezes.
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