sexta-feira, março 17, 2023

Memória emocional

A memória emocional é uma coisa lixada. Quando pensamos que estamos a deixar ir, vem um facto, uma situação que traz tudo de volta. Durante um ano, toda a minha atividade aeroportuária esteve ligada à mesma pessoa. E hoje, na minha primeira viagem para fora do país e apesar de ir ter com grandes amigos do passado, sinto como se faltasse uma peça. Há um vazio que ainda não sei bem como mandar embora.  A Martha Medeiros bem diz que o tempo não cura tudo, apenas tira o incurável do centro das atenções.  Seja então. Venham todas as manobras de diversão. 

quarta-feira, março 15, 2023

Vício desta semana



River - Miley Cyrus


(tão maravilhosamente 80's inspired)

Coisas que me deixam sem fala

Hoje recebi uma proposta para comer dois namorados. Mas na questão, sendo  as pessoas que são,  penso que anda tudo maluco e que ainda bem que estou em sabática de homens. 

terça-feira, março 14, 2023

Se as passagens estivessem mais baratas

Tal como pensei há uns tempos atrás, o meu plano - se ficasse solteiro - seria ir por ai pela Europa e visitar os meus amigos que estão em outros países. Até agora só consegui marcar duas viagens porque os preços estão pela hora da morte. Roma, Berlim, Paris, Liubliana, Dublin e Milão estão na calha. A ver como corre. Com um pedacito de sorte vou fazendo umas cidades no nosso país e no do lado - isto enquanto os preços não tranquilizam.

À procura do sol

Tenho férias para a semana e só me vinha à cabeça a necessidade de sol. No final acabo por ir para Málaga e o sol é definitivamente metafórico. Vou para casa de um ex-namorado que nunca deixou de ser um grande amigo. Ao saberem que eu ia estar em casa dele, outros amigos espanhóis, marcaram também um fim de semana em Málaga, para estarmos todos juntos. Fiquei mesmo feliz, vai ser um período de boas energias, de risos e sorrisos, de bem querer. Venha já sexta feira. 

sexta-feira, março 10, 2023

O horror, a tragédia...

 Começou a mudança de pêlo do Limão. Vão ser 6 meses ter pêlo na casa, na roupa, na boca, na comida.

quinta-feira, março 09, 2023

Amar e cuidar

Disse-me a psicóloga que uma pessoa cuidar de si e amar-se não é o mesmo. Eu cuido bastante de mim, da minha saúde física e da minha saúde mental, como tal, pensava que isso era amor-próprio e que me amava. Acontece que é curto; tenho mesmo de aprender a amar-me. 

terça-feira, março 07, 2023

Não sei como ele faz isto

O Limão sobe-me para cima do teclado do PC e faz as coisas mais extraordinárias como mudar a língua do teclado. Hoje, enquanto eu atendia uma chamada, subiu para o PC e ficou deitado em cima. Começou a tocar uma lista do spotify que não sei de onde saiu. Mas à custa disso estou a descobrir algumas músicas em castelhano que são bem giras. Ficam nos favoritos.

segunda-feira, março 06, 2023

Quem vier por bem

Quem vier por bem, que venha comigo também.

Viagem higiénica

Tal como fiz em 2014 - ao ir a Istambul - resolvi viajar sozinho a um lugar que pudesse ser bom para mim e deixar que o mesmo me ajudasse a processar sentimentos e ideias. Escolhi o Porto porque é uma cidade que gosto muito e não ia lá há muito tempo, demasiado tempo.

Fui de autocarro e aluguei um Airbnb no Bolhão. Foi uma viagem muito feliz. Tive tempo para estar comigo fora das minhas coisas, das minhas pessoas, dos meus lugares. Tudo foi uma novidade. 

Estava um sol radioso quando cheguei na sexta e no sábado manteve-se. Fartei-me de andar, de tirar fotografias à cidade e de simplesmente apreciar o ato de poder existir e de não precisar de mais nada.

Na sexta fui para o Lusitano, adoro a música e não me defraudou mais uma vez. Pedi um gin, encostei-me à cabine do DJ e comecei a dançar. Fechei os olhos e dancei muito. A dada altura estava a sorrir. Apetecia-me sorrir e percebi porquê. Estava feliz, a fazer exatamente o que queria, algo que me fazia bem e sozinho. 

É um poder enorme podermos ser felizes sozinhos. Lembro-me que a última (e talvez única vez) em que senti isto foi em 2008 e permitiu-me os tempos mais extraordinários da minha vida. Fui tranquilo durante muito tempo. 

No domingo, fui almoçar com um querido amigo que nem sabia se teria a oportunidade de o ver. De volta ao centro, nem me importei com a chuva que tinha lavrado todo o dia. Entrei no autocarro de volta para Lisboa e acabei o livro que tinha começado na viagem de ida. 

O coração veio tão cheio. Tenho uma tranquilidade hoje que não tinha há dias. Sou completo.

sexta-feira, março 03, 2023

Keersmaeker/ Lopez/ Ekman

Já não me lembrava do último espetáculo de dança a que tinha assistido e por isso aproveitei para retornar ao saber da Iniciativa Ensaio Solidário - em que através o preço do bilhete se converte num donativo para uma IPSS - e não podia ter sido melhor.

A peça Keersmaeker/ Lopez/ Ekman é um conjunto de linguagens coreográficas aparentemente díspares. O elo comum será potencialmente o quarteto de cordas que serve de ligação para as peças que se revelam na sua natureza e idiossincrasias. A interpretação musical a cargo do Quarteto de Cordas de Matosinhos estabelece a relação entre coreografia e música em cada peça, e de certa maneira entre as três coreografias 

Gostei muito de todo o espetáculo, mas foi o terceiro tomo - “Cacti” de Alexander Ekman - que me deixou verdadeiramente siderado. Achei extraordinário. 

O espetáculo estreia oficialmente amanhã, 3 de Março, e fica até dia 19 de Março no Teatro Camões. Vale mesmo a pena ver. 

O amigo escrivão

É um dos amigos que foi mais negligenciado durante a minha última relação, devo tê-lo visto 3x de raspão. Nem por isso deixou de me cuidar do gato sempre que precisei de estar fora de casa por ir para a ilha ou por férias. Foi a primeira pessoa que me lembrei para levar comigo a ver a peça "Keersmaeker/ Lopez/ Ekman” pela Companhia Nacional de Bailado no Teatro Camões. Foi ainda mais especial porque ele nunca tinha visto um espetáculo de dança contemporânea. Vou um grande retorno. É uma noite feliz.

quinta-feira, março 02, 2023

O controlo da narrativa

Ele tem o direito ao controlo da sua narrativa, que será  contada a todos os seus amigos e conhecidos,  futuros amantes e namorados. 

Todas as pessoas acabam por ser o vilão na história de alguém.  E está  tudo bem. 

terça-feira, fevereiro 28, 2023

Miami

Comecei a pensar em ir a Miami mais para o fim do ano. Parece ser um lugar feliz, cheio de energia. Este ano vou torrar uma boa soma de dinheiro em viagens (como uma que amiga minha culpa a quimioterapia - que fez há 6 anos - por tudo o que faz que sai menos bem ou é menos recomendável, eu vou culpar o vazio emocional.). 

Assim de repente, já tenho três em vista. A terceira será a mais importante. Se eu for a Copenhaga significa que a minha mãe foi de novo operada aos olhos e recuperou a visão. É um sonho dela conhecer a cidade e, no que depender de mim, vai conhecê-la. 

segunda-feira, fevereiro 27, 2023

7 Mulheres e um Mistério

Tinha tudo para ser uma bela homenagem à arte de Agatha Christie, mas a filme torna-se um pouco confuso e pouco credível. Pareceu-me um bocado amador nas transições de pretensa culpa entre os personagens, ou seja, no explorar das razões que cada um teria para matar a vítima. Talvez também seja um pouco atabalhoada a maneira como prendem os personagens à casa, para que o mistério seja desvendado. O fim pode entender-se como original, mas não deixa de ser, de alguma forma, um anticlímax. Tinha muito para correr bem, em especial pela tradição humorística italiana. Pena, foi apenas meh.

10/20

Desenterrar os anos 80 - 27


Don't be cruel - Bobby Brown

Purga

É preciso ter algum poder de encaixe quando temos alguém a espalhar mentiras bastante ousadas sobre nós. Não sei se é a consciência tranquila que me faz estar quieto ou o facto de ser uma excelente oportunidade para eu separar o trigo do joio. É um dois em um. 

Mais uma peça de mobília em ação

A parte boa dos vazios emocionais é que procuramos distrações para o espírito. Á conta disso já pintei o corredor e estou agora, depois de o ter decapado, a restaurar a último móvel a pintar na sala. Depois desta peça de mobília estar pronta, fica a faltar pintar dois quadros para a parede do escritório, para fazer um tríptico com o que está lá. E pronto, assim (quando não vêm amigos visitar e arrancar-me de casa por força das circunstâncias) estou entretido com qualquer coisa que não seja ler.

sexta-feira, fevereiro 24, 2023

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

Desenterrar os anos 70 - 26


Don't leave me this way - Thelma Houston

Desenterrar os anos 90 - 26



Cats in the cradle - Ugly Kid Joe

terça-feira, fevereiro 21, 2023

O amigo bancário

O amigo bancário um dos meus melhores amigos. De há uns anos a esta parte a nossa amizade estreitou-se muito, talvez porque num momento muito complicado da vida dele eu cuidei dele - quando ninguém se apercebeu que ele precisava desse cuidado. O certo é que sei que ele também está ali para mim. Hoje tivemos mais um pedacinho a dois que me soube muito bem, o que se passa nas nossas conversas é sempre verdadeiro, ele não tem medo de dizer que eu preciso de um abanão e de acordar para a vida se assim for necessário. É isto que faz valer a pena. Estar a 100%. 

As vantagens da mão

Como diz - e muito bem - um amigo meu, é melhor usar a mão do que andar por aí a ter sexo. Eu tornei-me apologista porque assim de modo muito resumido:

- a mão não faz conversa fiada
- a mão não refila
- a mão não trai
- a mão não passa DSTs
- a mão está sempre disponível para nós

segunda-feira, fevereiro 20, 2023

A Breve Vida das Flores

Acabei de ler este romance da Valérie Perrin e gostei bastante. É muito poético e interior. Gostei dessa escrita quase sensorial que apresenta os personagens através do tacto e das emoções mais interiores. O cenário do livro é também inusitado, mas permite muitas derivações que enriquecem a narrativa - um cemitério de província. A personagem principal é uma guarda de cemitério que enterra pessoas, mas o que tem ela também enterrado dentro de si? A prosa desdobra-se em folhas múltiplas e vão-nos sendo oferecidas algumas surpresas até ao final onde esperamos por redenção. É uma escrita muito feminina e muito bonita de ler, vale muito a pena. 

Stars at Noon - Paixão Misteriosa

Ora bem, depois de um maravilhoso jantar de sushi resolvemos ir ver este filme que ganhou o Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes. É a segunda vez que vou ver um filme ganhador em Cannes e que quase me vomito de mau que é. Pretensão e água benta. Acho que nunca vi nada de tão pretensioso e pseudo-cool, na tradição dos filmes franceses pseudo-cool dos anos 70. As personagens não se aguentam, primeiro ao nível da construção cinematográfica estando mal estruturadas no propósito (se é suposto ser um thriller e ter mistério) e depois como conteúdo e enquanto elementos da narrativa (eu tive vontade de estrangular a  personagem principal de tão absurda que era). Bom, foi uma bela perda de tempo. Acho que a realizadora leu umas coisas sobre a Nicarágua e pensou "e se eu fizesse um filme com americanos na Nicarágua, porque sim?". Fujam!

7/20

O amigo comissário de bordo.

O amigo comissário de bordo também esteve em Lisboa este fim de semana - sim este fim de semana fartei-me de correr de um lado para o outro para estar com toda a gente de fora que ia estar na cidade. O que era para ser um café de 1h acabou por se tornar em 5h de conversa numa esplanada ao sol (apesar de algum frio). Mas a vida faz-se das recordações que fazemos e foi bem fixe. 

O amigo enfermeiro.

O amigo enfermeiro também veio também a Lisboa este fim de semana e tivemos a oportunidade de ir jantar fora e ir para o Bairro Alto beber um copo. O problema é que eu já não estou nada habituado a beber e ele aguenta que se farta. O que quer dizer que hoje acordei ressacado. Não obstante valeu muito a pena. Vemo-nos poucas vezes no ano e foi uma noite bem passada com muito riso e histórias da nossa vida.  

O amigo médico

O amigo médico esteve em Lisboa este fim de semana e pude estar com ele de novo para nos divertirmos mais um bocado juntos. Temos o mesmo gosto pela fotografia e pela música então acabamos por nos fartar de tirar fotos e também de cantar no meio da rua e na mota plenos pulmões. Como ele é muito famoso no Instagram (e já são duas vezes que somos vistos nas stories que ele faz por dias seguidos) comecei a receber algum "hate" porque as pessoas pensam que temos algo. É engraçado como dois rapazes gay solteiros não podem estar juntos com um ar feliz ou a fazerem macacadas sem que isso seja visto como romance ou algo do género. Na realidade, nunca me importei muito com o que as pessoas pensam e vou continuar a aproveitar todas as oportunidades que puder com amigos de fora que vêm a Lisboa e o amigo médico é um deles. O que as pessoas pensam é - apenas - o que as pessoas pensam.

terça-feira, fevereiro 14, 2023

Desenterrar os 80 - 26


Miss you much - Janet Jackson

Saudades

Se há saudades? Há. Tudo o que é bom deixa uma impressão indelével em nós. Creio que há coisas que nos acompanham e acompanharão para o resto da vida. De momento, maior que a saudade é a consciência do impossível. A lucidez impede o descontrole dos sentimentos. 

Dia de São Valentim



Creio que é a melhor mensagem de são Valentim que vi hoje. 

segunda-feira, fevereiro 13, 2023

O amigo professor de hidroginástica

Hoje fui desafiado por um amigo a ir fazer uma das aulas dele no Holmes Place. Nunca pensei que hidroginástica pudesse ser tão dura. Mas depois o banho turco deu aquele final de dia que precisava. Esta é uma das amizades que foi repescada do baú dos amigos. Temos trazido muita lucidez à cabeça de ambos.

O amigo realizador

Ir ao cinema com um amigo que realiza filmes e que adora cinema é uma experiência estupenda. 

Os espíritos de Inisherin

Se fosse há 15 anos atrás talvez eu não tivesse gostado nada deste filme. É cinema puro. Não há ali nada senão trabalho 
de ator. É tudo muito espartano, desde o número de personagens aos cenários. Mas há um propósito, o filme relata um evento numa ilha isolada na costa da Irlanda onde não se passa nada. O filme é quase sobre uma não coisa em termos de argumento, mas é muito forte em significado e em termos da análise à insularidade e ao efeito do isolamento de comunidades e das pessoas que as constituem. É uma comédia pelo trágico. É um filme cómico, mas pesado, duro e desconfortável. Não gostei do desconforto, mas gostei bastante. 

17/20

Agradeço sempre

Houve muitos amigos dos quais me afastei por motivo das relações de namoro. Acaba sempre por não ser prioritário, aquele café ou aquele jantar. O namorado ganhava sempre. Três meses depois do final da última relação tenho a agradecer a generosidade com que as pessoas me deixaram voltar à vida delas. É bom. Tem-me ajudado, também, a voltar a ter uma noção de "self". Sinto-me agradecido.

terça-feira, fevereiro 07, 2023

Lista

Fiz um acordo com a psicóloga para preparar os meus dias com 1 dia de avanço, já que não tenho nada a impor-me rotinas como costumava ter e a falta de propósito deixa-me deprimido. De repente já tenho uma lista e pêras, mas é para fazer. Cada vez que acabar uma coisa, dou uma palmadinha nas costas. 

Comecei a ler outro livro

Este domingo surgiu a oportunidade de um date com uma pessoa. Eu decidi que seria bem melhor ter um date com um livro na praia e foi isso que fiz. Soube mesmo bem estar ali sozinho deitado ao sol, enquanto começava a ler A Breve Vida das Flores que está a ser uma delícia. Ando assim, sem vontade para novas pessoas. Os livros estão a ser bem mais interessantes para mim nesta fase. Como tenho 88 livros em casa por ler, acho que vou ter companhia por muito tempo. Um livro novo é, para já, a única novidade que desejo.

segunda-feira, fevereiro 06, 2023

Older


Older - George Michael


Well, you're out of time, I'm letting go, you'll be fine
Well, that much I know
You're out of time, I'm letting go
I'm not the man that you want.

Um homem chamado Ove


No início deste ano comecei um Clube de leitura com 3 amigas e o primeiro livro que lemos foi Um Homem Chamado Ove. Tive bastante dificuldade para entrar no livro. Não gostei do personagem principal (no início) e aqueles primeiros 2/3 capítulos foram penosos. Depois deu-se uma informação de caraterização do personagem que me fez olhá-lo com outra luz e até, em certos momentos, identificar-me com ele.

Estou numa fase da vida em que sinto que inspirei há muito tempo e ainda não voltei à superfície, um pouco como o Ove que nunca expirou, apenas se limitou a aguentar tudo o que o destino lhe colocava na frente com a maior estoicidade. 

Há uma lição no livro, a importância da comunidade e de pertencer a um grupo. As coisas são mais simples quando não estamos sozinhos.  Ove aprende isso muito tarde, mas aprende, e pode finalmente expirar. Fartei-me de chorar no final do livro. 

Portanto, contra todas as expectativas, acabei por gostar bastante. 

domingo, fevereiro 05, 2023

Tu

 "Se nascesse uma flor a cada vez que penso em ti, a Terra seria um imenso jardim". 

Jesus

Diz que Jesus salva. O meu amigo Jesus tem sido mesmo um boia de salvação em tempos agitados. Que o Ho’oponopono se realize.

sábado, fevereiro 04, 2023

A maré de azar

A maré de azar continua, desde Outubro de 2022. Mais problemas na casa, problemas com o carro, problemas com o telemóvel, problemas do trabalho, problemas com a saúde da mãe, etc., etc. Foquemo-nos então no positivo:

- a minha saúde vai aguentando-se 
- a minha sobrinha está uma mulher feita (e com personalidade estupenda)
- a minha mãe, o meu irmão e eu adoramo-nos
- o gato gosta de mim e também está saudável
- tenho bons amigos (aos quais não recorro porque ando armado em parvo)
- o novo telemóvel chega na 4a feira (até lá não tenho telemóvel o que também é bom)
- comprei uma planta ( há mais um ser vivo aqui em casa sem ser o Limão)

sexta-feira, fevereiro 03, 2023

Também me acontecem coisas boas

 Tenho 49 anos e ainda vejo bem ao perto. 

Reinar Depois de Morrer (em cena até 12 de Fevereiro)


Ontem fui ao teatro. Não me lembrava da última vez que o tinha feito e a volta não poderia ter sido melhor. Fui ver a peça Reinar depois de Morrer, que conta a história de Pedro e Inês com uma encenação estupenda, muito inovadora diria. A peça originalmente escrita em 1635 recebeu uma leve adaptação na linguagem, mas continua a ser desenvolvida em verso o que contra o cenário levemente futurista confere um efeito muito bom. 

Os atores estiveram muito bem todos, destacando-se, claro, os protagonistas Pedro (David Pereira Bastos) e Inês (Érica Rodrigues) e ainda Blanca de Navarra (Ana Cris) . 

Quem tiver oportunidade que vá ao Teatro Municipal de Almada para ver a peça. Está mesmo muito bem. 

quarta-feira, fevereiro 01, 2023

Sim, é estranho


Strange - Celeste 

Isn't it strange
How people can change
From strangers to friends
Friends into lovers
And strangers again?

Disse-me o meu amigo Jesus

"Às vezes tens de aceitar que não és mais do que a fantasia". É um bocadinho duro de mastigar e ainda mais de engolir. Gostaria que ele estivesse errado, mas temo que ele tenha razão. 

segunda-feira, janeiro 30, 2023

Finalmente a paz.

A relação mais longa que tive na minha vida (7 anos e 3 meses) foi com o Luís. Era um rapaz muito bonito quando o conheci. Mas foi aquela voz extremamente grave e profunda, que nos aquecia quando falava, que me atraiu mais. A relação com o Luís foi tudo menos fácil - parece que eu tenho tendência para escolher pessoas com coisas emocionais para resolver. Um dia, por mera casualidade, descobri o porquê daqueles demónios interiores e acho, sinceramente, que ninguém devia ser obrigado a viver com tanto sofrimento encerrado dentro de si - mostrando não obstante um exterior amável e divertido.

Hoje numa igreja dos arredores de Lisboa, o Luís está a ser velado. A doença que o perseguiu em vida levou finalmente a melhor aos  50 anos. Quando me enviaram uma mensagem a dizer que ele tinha morrido, só consegui pensar que o sofrimento acabou. Ele nunca mais será obrigado a lidar com a sua história, com a pouca sorte, com a malvadez. O Luís era teimoso como um burro, inflexível, mas era um homem bom, não sei se muitos com a história dele teriam conseguido ser bons também. O Luís era um homem bom.

domingo, janeiro 29, 2023

Esta canção é simplesmente perfeita


Dilúvio - A Garota não

Já vejo o céu em fogo
Há quem diga que estou louco
Nunca me senti tão só
E a dor que mais me mata
É já não te fazer falta
É fazer falta a ninguém
Já nascemos de joelhos
Já dobrados pelo meio
Ensinados a querer
Só aquilo que não temos
Só as terras que não vemos
A corrida não tem fim
E a vida fica difícil
O tempo passa tipo míssil
Derramado em suor
E o que achamos importante
Perdemos mais adiante
No fim só restamos nós
A vida fica difícil
Já vejo o céu em fogo
Cuidado que estou louco
Nunca me senti tão só
Seguimos ofendidos
Todos sérios e contidos
Inundados em pudor
Tenho medo destes muros
Pensamentos crus e duros
Sempre prontos a julgar
E eu já nem sei rir direito
Toda a graça é um parapeito
Calma, foi em paz que vim
E a vida fica difícil
O tempo passa tipo míssil
Derramado em suor
E o que achamos importante
Perdemos mais adiante
No fim só restamos nós
E a vida fica difícil
O tempo passa tipo míssil
Derramado em suor
E o que achamos importante
Perdemos mais adiante
No fim só restamos nós
A vida fica difícil
De onde vem esta saudade
Espalhar-se na cidade
Em forma de souvenir
Que venha quem vier por bem
Mas não se trate com desdém
Quem tratou deste lugar
Já vejo o céu em fogo
Cuidado que estou louco
Nunca me senti tão só
E a vida fica difícil
O tempo passa tipo míssil
Derramado em suor
E o que achamos importante
Perdemos mais adiante
No fim só restamos nós
E a vida fica difícil
O tempo passa tipo míssil
Derramado em suor
E o que achamos importante
Perdemos mais adiante
No fim só restamos nós
A vida fica difícil
A vida fica difícil

quarta-feira, janeiro 25, 2023

Pessoas

Há pessoas que nunca irão sair do nosso coração porque o nosso coração se fez delas também. Não importa o que possa parecer, importa o que é. E o que é, é algo que apenas nós sabemos, apenas nosso. O resto é imaginação de quem tenta saber.

Babylon

Um filme com a Margot Robbie tem sempre um atrativo para mim. Não sabia muito bem o que ia ver, mas achei que merecia a pena. Tinha ar de comédia, passava-se nos loucos anos 20, tudo para correr bem. Na realidade correu. Gostei bastante do filme que é uma ode à história do cinema, mas também um relato da crueldade que é Hollywood desde o seu início, quando os filmes nem som tinham. A máquina de triturar pessoas esteve sempre presente desde o início. Os diferentes atores representam, de certa forma, estereótipos que já conhecemos e que vamos esquecendo. A esperança, o abuso, o preconceito, a recompensa, a miséria, a decepção, o êxtase. Essencialmente lembra-nos como a realidade é frágil e mutável. Nada é o que parece. 

16/20

Livre

O homem livre é aquele que não receia ir até ao fim da sua razão.

- Jules Renard

Fim de semana inesperado

Tive um fim de semana inesperado, com um encontro que, na minha cabeça, estaria bem longe de acontecer. Das coisas mais agridoces que vivi, como aliás são as recordações relacionadas. Neste caso, o que mata é também o que cura. Esses dois dias foram mais um momento de cura que de outra coisa, mas no final desse interlúdio, a dura realidade voltou a instalar-se. Foi-me claro que a razão pela qual mata não desapareceu, é tudo uma grande pena. Diria até que é trágico que o universo pregue partidas destas às pessoas. O futuro é um livro ainda para ser escrito. Mas o capítulo presente já tem guião e é solitário, 

quinta-feira, janeiro 19, 2023

Epifanias

 Hoje alguém me contou uma bonita epifania. Talvez exista uma fada dos dentes.

terça-feira, janeiro 17, 2023

Os Fabelmans

Este filme é uma carta de amor do Steven Spielberg à sua família, como ele explica em viva voz no início do filme (ao jeito de nota introdutória). Penso que esse simples passo nos leva imediatamente para um estado de empatia para com o filme.

É um bom filme, é clássico. A Michelle Williams está estupenda como sempre (e o Paul Dano não fica atrás), mas não deixo de pensar que há algumas pontas mal resolvidas - como se necessitássemos de mais informação. A história do amor e desamor dentro da família é o mais importante (para mim) do filme o que deixa a paixão cinematográfica do personagem principal um pouco abandonada (pelo menos a meu ver).

Não amei o filme. Não acho que seja uma obra prima e talvez eu estivesse à espera disso. Mexe bastante conosco em momentos, é cómico de certa maneira, é trágico de certa maneira. Vale a pena ver não obstante. 

PS. Acho que usar um ator de olhos azuis (em criança) e outro de olhos castanhos (em adolescente) para o mesmo personagem é algo que podia ser evitado. Na minha cabeça retira realismo, distrai-me do filme. 

15/20

Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Tendo adorado o filme Knives Out, estava com natural expectativa em ver o novo tomo. Ocorre que o novo tomo, apesar do brilhante elenco e do luxuoso cenário, não teve metade do mistério do primeiro e não teve propriamente reviravoltas surpreendentes - atrevo-me até a dizer que passamos dois terços do filme a encher chouriços. O final lá nos dá um certo ar de graça, mas mesmo assim não chega para fazer UAU, é mais um meh...

13/20

Ontem

3 meses sobre o início do fim. 

E se inventado, o teu sorriso for
Fui inventor
Criei o paraíso assim (...)
E se perder vou tentar esquecer-me de vez
Conto até três se quiser ser feliz.


Um, dois, três.

segunda-feira, janeiro 16, 2023

Balões de Oxigénio

Tive um fim de semana excelente. Recebi um amigo de fora da cidade e andamos a visitar lugares por Lisboa que ele queria rever e divertimo-nos imenso. Na Quinta de Monserrate em Sintra começamos a cantar num canto escondido da sala de música (que tem uma excelente acústica) e recebemos uma ovação dos turistas que estavam na sala e que nós não víamos  de onde estávamos. Ele ficou roxo de vergonha e não queria sair do nosso recanto e eu saí e fiz uma vénia de agradecimento e ele lá veio atrás. Fartamo-nos de rir. 

Quando deixei este amigo na Estação do Oriente ainda fui jantar com outro casal de amigos. É bom saber que mesmo nas piores alturas temos pessoas ao nosso lado que não duvidam de nós por um segundo porque nos conhecem bem. Cheguei a  casa de alma limpa, de coração satisfeito e de corpo cansado, mas feliz. Venham mais fins de semana assim. 

sexta-feira, janeiro 13, 2023

Há coisas que libertam

Dizia a Michelle Obama "when they go low, we go high". É muito libertador não descer ao mesmo nível. 

quinta-feira, janeiro 12, 2023

Cinnamon Girl - Lana Del Rey



Cinnamon Girl - Lana Del Rey 

(adoro)

O PT fofinho - III

Hoje o PT surpreendeu-me com um presente. Esta semana foi à terra e trouxe-me um belo queijinho alentejano. Para me alegrar - disse ele. 

Saúde

Tenho-a mantido. O coração não deu mais problemas, a ansiedade não se expressou mais. Yeeiii.

A incerteza das coisas

A incerteza das coisas é uma constante. Em Novembro do ano passado parecia que estava a resolver a minha vida. Alguns aspectos iam ser revertidos, outros iam ter finalmente ter concretização. Mas afinal, o que ia ser concretizado caiu, o que ir ser revertido não foi, e a aprendizagem continua a ser como suster a respiração e não definhar. Simplesmente aguentar e não sentir os pulmões quando queimam. Uma ou outra vez inspiramos, como me aconteceu na saída à noite do sábado passado; depois é fazer render esse oxigénio até poder inspirar de novo. 

24 anos depois

O meu pai teria feito 89 anos no dia 10 de Janeiro. Sem dar por ela, já passei metade da minha vida sem ele. O tempo corre sem perdão. Pergunto-me pai, o que teria eu agora para te mostrar?

segunda-feira, janeiro 09, 2023

90 Dias

Há quem diga que 90 dias é o tempo necessário para limpar o nosso sistema de um hábito ou uma pessoa. Não sei se esta regra é assim tão linear. Pelo caminho da coisa vão ser mais 180 dias, mas um homem tem que fazer aquilo que tem de fazer.

A noite de sábado

A noite de sábado foi simplesmente perfeita. Ri, diverti-me imenso e dancei ainda mais. Estive com um grupo de pessoas para quem eu era apenas mais um da leva. Há muito tempo que não me sentia tão integrado e em sintonia com um grupo. 

A sensação de liberdade (o estar ali apenas para me divertir e passar um tempo bem passado, sem ter de preocupar com etiquetas ou com o que X ou Y pode estar a pensar) foi tão boa. Acho que vou voltar a sair com a priminha e os amigos dela. 

Creio que purguei bastantes das minhas tristezas dos últimos meses. 

sexta-feira, janeiro 06, 2023

A Psicóloga

Ontem tive uma excelente consulta. Às vezes sou demasiado duro comigo, mas ela consegue desconstruir-me e reconstruir-me, sem deixar as pontas soltas para eu poder ir lá desfiar a coisa de novo. Gosto quando as pessoas me mostram verdades imutáveis. 

Dançar

E o que se faz quando os nossos amigos já não querem sair para dançar e não estamos para andar por aí a conhecer gente nova? Vamos para a night com a prima de 25 anos. Pronto, assunto resolvido. 

Dia de Reis/Ode à família

De novo, hoje vou estar com a família e vem a minha sobrinha também. E vai ser novamente, excelente como nas últimas vezes. 

When I get lonely and I need to be
Loved for who I am
Not what some want to see
Mother and brother
They've always been there for me
We have a connection
Home is where the heart should be

I wouldn't change it for another chance
This blood is thicker
Than any other circumstance.

quarta-feira, janeiro 04, 2023

To let a good thing die - Bruno Major



Delay of gratification

Delay of gratification, the act of resisting an impulse to take an immediately available reward in the hope of obtaining a more-valued reward in the future. The ability to delay gratification is essential to self-regulation, or self-control.

O Limão

O Limão voltou a viver comigo no dia de Natal. Há presente mais bonito? Este gato traz-me tanta felicidade. É uma delícia tê-lo sobre o meu peito, no meu colo. Sinto-me grato. 

O trabalho

Recomecei hoje o trabalho. Não me deixaram sair para onde eu queria voltar. Tenho de tragar este emprego até ao final de Setembro. Estou tranquilo, é como se fosse uma pena de prisão. Tem data marcada de soltura. Um dia serei livre. 

A casa

Fiz obras na minha casa e correram mal. Gastei uma pipa de massa e tenho acabamentos de segunda, as janelas mal colocadas deixam entrar água e tenho a parede a empolar, a base de duche estragada, mas teria de partir a casa de banho de novo para substituir, as janelas dos quartos (mal calafetadas) deixam entrar mais ruído do que quando não tinha vidro duplos, as portas cheias de gotas de tinta. Ainda não consegui limpar a porcaria toda que foi deixada e estou a viver aqui desde 22 de Dezembro de 2022. 

Reclamei. Supostamente não vai dar em nada. 

Qual a lição? Primeiro, não deixar que outros pensem pela minha cabeça para lhes agradar. Segundo, não posso mudar o que está feito, integro e sigo. Terceiro, contratar a empresa do amigo de adolescência para refazer o que está mal. 

A passagem de ano

Tal como no Natal procurei a minha "raiz", aquilo que nutre e passei com a família. Foi um jantar excelente, um serão excelente. Vesti-me com inspiração escocesa, estreei um kilt feito com muita amizade pela mãe de uma amiga. Senti-me muito confortável e muito bonito. Era importante sentir-me bonito e valorizado. Entrar o ano com essa sensação, que não sentia há muito tempo. Insuficiente, foi o que mais me senti em 2022, nunca no ponto certo, sempre errado ou inadequado em alguma coisa. 

A minha mãe voltou a provar-me que sabe ser uma mãe sem igual, mesmo quando a passar por momentos pessoais atribulados, os filhos são sempre os filhos. E se existiu uma coisa naquela casa, naquela noite foi muito amor de e entre todos.

terça-feira, janeiro 03, 2023

A despedida do Amor

Existem duas dores de amor. A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro (...) Mas quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por ninguém. Dói também.

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir de uma época bonita que foi vivida, passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação com a qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente e que só com muito esforço é possível alforriar.

Martha Medeiros

O Luto

Fugi de tudo o que era mau e que tinha a certeza de não querer/merecer na minha vida. Não obstante, o bom agarrou-se de tal maneira à pele que este luto arranca pedaços. As incoerências da autodeterminação. 

O natal

Tenho de agradecer a mãe, o irmão e a sobrinha que tenho. Fizeram-me sentir que a casa estava normal, fizeram-me sentir que o Natal era igual a todos, apesar de todo o pesar. 

Tenho de agradecer a amiga que se recusa a atravessar a ponte, a menos que pense que é mesmo necessária aqui em Lisboa.