João Caupers foi nomeado Presidente do Tribunal Constitucional e isso deixa-me bastante preocupado pelo tipo de pessoas que a Justiça portuguesa coloca na sua cúpula. Não o conhecia, mas fiquei a conhecer graças a uma notícia feita pelo Diário de Notícias sobre as suas posições contra o que denomina de "lobby gay".
Porque vivemos num país livre, os cidadãos podem pensar o que melhor lhes aprouver, mas certas profissões requerem uma isenção e integridade que não lhe reconheço, a julgar por uma certa linha de afirmações do mesmo proferidas em 2010.
Passo a citar:
"Uma coisa é a tolerância
para com as minorias e
outra, bem diferente, a
promoção das respetivas
ideias: os homossexuais não são nenhuma vanguarda iluminada, nenhuma elite"
"Nas sociedades democráticas são as minorias que são
toleradas pela maioria – não o contrário"
(achei esta afirmação bastante chocante)
"Os homossexuais
merecem-me o
mesmo respeito que
os vegetarianos ou os
adeptos do Dalai
Lama. (...) Estou convencido de que existem
mais vegetarianos do que homossexuais em Portugal – e, porventura, até mais adeptos do Dalai Lama.
Não beneficiam, porém, do mesmo nível de acesso aos jornais, aos
microfones das rádios e às objetivas das televisões."
(sim, o código penal nunca condenou adeptos do Dalai Lama e vegetarianos. E, nas sociedades ocidentais, ninguém é espancado, perseguido ou discriminado por pertencer a estes grupos).
“A minha tolerância para com os homossexuais não me faria aceitar, por
exemplo, que a um filho meu adolescente fosse ‘ensinado’ na escola
que desejar raparigas ou rapazes
era mera questão de gosto, assim como preferir jeans Wrangler aos
Lewis [sic] ou Sagres a Superbock"
(mas este senhor ainda está na fase em que se pensa que se é homossexual porque apetece?)
Como nota final adianto que o Sr. João Caupers pensa ainda que as campanhas contra a discriminação com base na orientação sexual são nefastas porque promovem os ideais homossexuais (seja lá o que isso for).
Só posso dizer que sinto muita vergonha por este estado de coisas. Já em outras alturas escrevi sobre polémicas originadas por juízes, que os revelam como misóginos e desrespeitadores de liberdades fundamentais.
Não deveriam ser os juízes os guardiães dos princípios mais básicos de integridade e honestidade de carácter e intelectual? É mais uma desilusão, mais um baixar de olhos a que me obrigo, pela fraca qualidade que reconheço às nossas elites políticas e às nossas chefias.