Este filme é uma dramatização da relação acidental entre o músico Don Shirley e Tony "Lip" Vallelonga, um guarda-costas de ascendência italiana que trabalhava no Copacabana Club. Estamos na época alta do segregação nos EUA e o primeiro contrata o segundo para ser seu motorista e guarda-costas na digressão que vai fazer pelos estados do sul. É uma biopic feito com cuidado e legítimo - de acordo com biógrafos oficiais.
A história é isso mesmo, passada e documentada, mas para nós expectadores creio que é uma lição de vida sobre humanização, sobre estabelecer pontes, sobre fazer do impossível possível quando ousamos pisar em território desconhecido. É uma bonita história de amizade, um triste (mas necessário) testemunho do racismo e uma visão positiva e bem disposta do que um homem pode ser quando se ultrapassa. Gostei muito.
Tenho uma colega que é, no mínimo, inconveniente. É daquelas pessoas que aparece sempre para se meter na conversa alheia porque está a ouvir tudo ou então a fazer reparos tontos sobre um aspectro físico. Hoje a sair da casa de banho ainda a apertar as braguilha, fui brindado com a pergunta «Então? O que é que se passa aí?» Desnecessário, no mínimo.
Estive a ouvir de manhã as músicas que estão a concurso e achei tudo um bocadinho mais do mesmo. Há uma falta de espetacularidade por parte dos portugueses que me deixa incomodado. Uma enorme falta e esforço para atingir um objectivo. O festival é o cliente, então a pergunta devia ser "que ritmos fariam uma música de qualidade que tem oportunidade de ganhar o festival com as suas condicionantes?".
No ano do Salvador tivemos muita sorte. A Luísa a fazer o que faz sempre produziu uma coisa bonita, um acto de pop intemporal (português suave adaptado ao século XXI). Este ano há umas quantas música que se destacam na minha opinião e o resto podiam ser encaixotado na categoria "música portuguesa do costume", as vozes do costume e as melodias do costume da música ligeira contemporânea em Portugal.
Aquelas que me encheram o ouvido foram: A dois (dos Calema), Telemóveis (Conan Osíris), Igual a Ti (NBC) e Pugna (Surma).
A música dos Calema e do NBC são orelhudas, comerciais, pop regular contemporâneo, do que se vê nas tabelas de vendas. é pelo menos actual e cosmopolita (estrangeiros conseguem relacionar-se com as melodias porque estão habituados a elas). Já o Conan Osíris e a Surma oferecem dois objectos diferentes e intrigantes. São sem dúvida os meus favoritos porque são originais. Contudo, o primeiro faz-me sentir a Portugalidade tal como ela é (não aquela coisa fadista ou de alma que fica bem para nos vender lá fora como tranquilos e/ou deprimidos), mas sim a diversidade, o "melting pot" de culturas que desenbocarm neste canto ocidental da Europa desde os descobrimentos. O Conan Osíris, faz-me sentir Portugal na sua canção e uma nova geração muito metafórica nas palavras, que usa o curriqueiro (telemóveis) para expressar um sentimento não corriqueiro. O Andy Warhol fez também isto no passado, mas com a arte visual.
Conan Osíris é estranho, mas pelo menos é fresco e original. Ah, e é português. Português contemporâneo e real. Ele é tão 2020.
Este filme é amargo, é claustrofóbico e não há nada a fazer quanto a um final infeliz. É o problema dos dramas históricos (também já sabíamos que o Titanic ia ao fundo no final). Creio que hoje tendemos a esquecer que em séculos passados a vida das mulheres era ainda mais complicada do que hoje. E em países com monarquias instáveis (por via das legitimidades de parentesco) como era o caso da Inglaterra e da Escócia, o poder era mantido com base na força, na intriga e na conspiração. Maria, foi uma vítima de circusntâncias infelizes e de uma corte dominada por homens, sem nenhuma que fosse seu protetor. Se a isto juntarmos movimentos religiosos da época entre prostestantes e católicos, temos a permanência de uma espada sobre a cabeça desta infeliz Rainha que finalmente acabou por cair. Enquanto Elizabeth foi tida como a Rainha Virgem, Maria foi tida como a Rainha Meretriz, um título que foi injusto. Entre a manipulação e as más decisões, Maria perdeu-se para sempre.
À parte da história e aqui com recurso a alguns artifícios narrativos, o filme procura trazer à tona o que significava ser mulher, e os eventuais sentimentos de fraternidade que poderiam existir entre mulheres na época. Apenas uma rainha solitário pderia compreender outra rainha na mesma situação. Se fosse protestante. Talvez o destino da Rainha dos escoceses pudesse ter sido diferente.
O último filme da trilogia de M. Night Shyamalan começada com o protegido não é um mau final e deixa em aberto a possibilidade de poder haver uma sequela. De certa forma sinto que o realizador se tornou numa espécie de "Paulo Coelho do cinema", com histórias sobre superação pessoa, sobre o potencial humano e da vontade humana: A crítica não tem sido estupenda, mas não acho que esteja mal. Vê-se bem e levanta algumas questões engraçadas do ponto de vista existencial.
«Ou nadas ou afundas» é uma comédia dramática que tem um título bastante feliz em português. É quase como uma metáfora para a vida. Um grupo de homens de meia idade com problemas diversos encontram o seu momento "divã de psicanálise" num grupo de natação sincronizada masculina. O filme é bastante previsível, mas não deixa por isso de ser um "feelgood movie" e há momentos que surpreendem na apresentação das diferentes camadas dos personagens. Às vezes uma pessoa só precisa de se sentir importante para alguém que importa.
Prefiro ter um Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, do que 100 Presidentes Aníbal Cavaco Silva. O mal dos portugueses é serem (em geral) pessoas pequeninas e cinzentas. Um "certo colorido" não é sinónimo de falta de competência. Politicamente e juridicamnete temos o Presidente mais bem preparado da nossa história.
O primeiro filme do ano foi um enorme BLHAC. Detesto filmes em que não fazem absolutamente sentido nenhum (no mau sentido). Alguém quis escrever um filme "neo noir" e falhou redondamente. Dizme que é uma comédia de suspense. O supense ok, aceito que esteja lá. A comédia, nem por sombras. Lembrar-me que vi este filme é daquelas alturas em que o arrependimento atinge.
Apesar de ser benfiquista nunca simpatizei com o Luís Filipe Vieira. Graças à curiosidade de ver o primeiro programa da Cristina Ferreira (culpem o hype à volta do assunto), acabei por ver uma grande entrevista (por parte dela) e ainda ter uma imagem bem diferente do Presidente do Benfica. Não há dúvida de que as pessoas são como cebolas e apenas temos a percepção social de algumas. Gostei de o conhecer e se isto continua a assim, todos os dias quando chegar a casa volto para trás com a Box para ver quem foi o grande entrevistado.
Gosto da Cristina Ferreira (tenho vindo a gostar porque aprecio gente trabalhadora e que fala sem tabus) e gosto bem mais do Luís Filipe Vieira. E é isto. Que me façam gostar de muita gente. :)