O ser humano tem
dificuldade em tomar grandes decisões (pelo menos este ser humano) e procura
sempre uma data/efeméride para marcar o "tour de force". No
meio de um certo caos em que se tornou a minha vida nos últimos meses resolvi
começar por uma ponta e não esperei pela segunda-feira ou pelo dia primeiro do
mês. Os estados de caos resolvem-se pelo solucionar das pequenas crises que o
compõem.
A
primeira decisão foi deixar de comer pão, bolos e farináceos em geral. Sinto-me
mais saudável, o que é bom. A segunda decisão foi acabar a renovação do
escritório que durava desde Agosto. A terceira, e acho que a mais importante, é
reencontrar o meu "dancing shoes state of mind" (lá estou eu
com as metáforas). É tão fácil uma pessoa perder-se nas idiossincrasias da vida
quotidiana. Há quem lhe chame remoinho, mas para mim parece mais um pântano na
medida em que a consequência é a inércia e a acomodação.
As
pequenas coisas não devem deixar de acontecer. É o saudável funcionamento das
pequenas coisas que faz com que o todo seja uma experiência de vida plena. É
tão fácil descurar as pequenas coisas e deixarmo-nos estagnar nesse mar de
pequenas invisibilidades.
Olhar não é sinónimo
de ver e todos os dias olhamos para esse caudal de estagnação e não vemos. Há
momentos de consciência e, nesses momentos, devemos agarrar-nos à imagem como
uma corda de salvação. Mantê-la viva. Começar a dar aos braços, agitar a água,
resolver o que tem de ser resolvido e drenar o que está a mais e nos impede o
movimento.
Às
vezes tudo começa por uma coisa tão simples como deixar de comer
farináceos.