sexta-feira, março 28, 2008
Quando não se sabe do que se fala
Quando A fala sobre B, só A sabe do que fala (para além dos envolvidos no contexto). Mas C pode achar que A fala sobre D ou mesmo sobre A. Assim, C não se proibirá de comentar sobre A (enquanto este elabora sobre B) criando a noção de que se passou E. Como A não sabe sobre o que fala C, na medida em que C não sabe sobre o que fala A, cria-se uma confusão enorme. No final, já poderão estar F, G, H e I envolvidos a falar D ou E (e outras elaborações que poderão chegar a Z) de A. Quanto a este último, vai continuar a falar de B e quem quiser saber o que era/é... que pergunte.
segunda-feira, março 24, 2008
O rapaz de pele azeitonada
Era uma vez um rapaz de pele azeitonada e grandes olhos castanhos escuros que foi a um casamento lá para os lados do Beato. O casamento estava lindo, respirava-se uma boa atmosfera, e não só os noivos estavam felizes como havia muita gente feliz espalhada pela sala. Sentia-se. Há coisas que se respiram no ar. A sala estava magnífica, muito suave, muito confortável, muito elegante. A decoração estava irrepreensível, imensos pormenores subtis. Mas o melhor pormenor da sala? Definitivamente o rapaz de pele azeitonada com os grandes olhos castanhos escuros.
Para sempre, talvez
Um belo filme para ver ao Domingo. É um filme honesto e pouco pretensioso. Cumpre aquilo a que se propõe, entreter. Não obstante, o filme oferece alguns momentos deliciosos de bom humor e ainda nos deixa pensar sobre como a vida é composta de círculos que se completam e se repetem. Muitas vezes voltamos a encontrar uma situação onde já tivemos, se bem que com outro timing e com mais sabedoria (ou não). Gostei particularmente da relação entre pai e filha e dos efeitos que uma aula de educação sexual pode ter em crianças de 10 anos (ou nos pais, que têm sempre imensa vergonha em explicar coisas simples)
14/20
quinta-feira, março 20, 2008
Sabiam que...
2008 é o Ano Internacional da Batata? Ah pois é. E porque é que alguém se lembrou disto? A explicação surge já abaixo (quem não sabe inglês pode sempre traduzir no google ou em outros tradutores online. Se «International Year of the Potatoe» for traduzido para «batata internacional do ano», desconfiem).
«The celebration of the International Year of the Potato (IYP) will raise awareness of the importance of the potato - and of agriculture in general - in addressing issues of global concern, including hunger, poverty and threats to the environment.
Potatoes are grown worldwide, Potatoes feed the hungry, Potatoes are good for you and the Demand for potatoes is growing»
«The celebration of the International Year of the Potato (IYP) will raise awareness of the importance of the potato - and of agriculture in general - in addressing issues of global concern, including hunger, poverty and threats to the environment.
Potatoes are grown worldwide, Potatoes feed the hungry, Potatoes are good for you and the Demand for potatoes is growing»
quarta-feira, março 19, 2008
Diz que...
Quando alguém morre o espírito continua a sua evolução deixando para trás o corpo físico que dentro em pouco esquece, a não ser que tenha completado a sua evolução e, nesse caso, juntado à massa energética superior, a que a maioria das pessoas chamam Deus. Assim, um ente querido que parte, deixa de ser o nosso ente querido para voltar à vida em um qualquer lugar ou ganha um significado muito mais abrangente. A lembrança de nós é uma coisa que já não deve existir como existia até ao momento da sua partida. Conforta-nos o facto da energia dessa pessoa continuar a ser ressonante connosco e mesmo não nos reconhecendo em nome/forma, reconhece-nos em familiaridade. Somos parte.
.
Neste dia-do-pai há muitos pais que já partiram, inclusive o meu, e o meu entendimento finito sofreria bastante se não acreditasse que nunca mais poderia voltar a falar com ele, a rir-me com ele, a pedir conselhos, mesmo que apenas em pensamento. Assim, ao falar com o meu pai, desconfio que ele já não me reconhece na forma do seu filho, mas identifica-me como parte de si. Há um fio invisível que nos une e que nos reconhece como sendo um do outro, sem que saibamos que somos um e o outro. Mas no final sabemos que nos desejamos bem e trocamos o nosso melhor através desse fio que nunca se poderá quebrar. O nosso bem querer há-de alimentar-nos mutuamente e permanentemente. Neste dia só posso desejar tudo de bom a todos os pais e filhos que têm a sorte de descobrir este vínculo. Sabemos do que falo, não é?
terça-feira, março 18, 2008
Afinal a Universidade não está a mexer
Acabei agora de ter/ser um exemplo que contradiz a propaganda relativa à educação, neste caso o ensino superior. Sou estudante de doutoramento e tenho cartão da biblioteca da minha universidade. Supostamente, aqui há uns anos, o Estado teve a ideia de criar o Campus Virtual. Ou seja, qualquer aluno do ensino superior tem acesso à Internet na biblioteca de outra universidade, assim como no recinto da mesma. Mas como os portáteis têm bateria limitada, uma biblioteca parece ser a opção mais acertada, para quem precisa de trabalhar.
Hoje fui para biblioteca do Instituto Superior Técnico, entrei com dois PCs e mais um saco de livros e cadernos, demorei uns 20 minutos para me instalar. Passado uns 10 minutos surgiu uma funcionária da biblioteca a dizer que eu não podia ter a mala do portátil em cima da mesa. Eu referi que entrei sem que me tivessem dito nada (acontece que esta senhora e a sua colega estavam em alegre cavaqueira quando eu entrei). Ela disse que eu teria de ir com o cartão deixar as coisas à entrada, e eu aproveitei para perguntar se o cartão da minha universidade ou o da biblioteca da minha universidade. Ela olhou para mim e disse «não tem cartão desta biblioteca? Então não pode estar aqui». Eu respondi que era aluno universitário e que estava ali a trabalhar e ela disse «oiça, nem os alunos do Técnico podem frequentar a bbiblioteca se não tiverem. Não pode ficar aqui a não ser que venha ali comigo e faça um cartãozinho da biblioteca que são só 3 euros». Eu arrumei todas as minhas coisas e vim embora.
Acho muito giro o Ministério do Ensino Superior dizer que existem estruturas e que estão a funcionar e que Portugal está tecnologicamente a tornar-se de ponta. E se de repente, em vez de andar a fazer propaganda, alguém se lembrasse de verificar se as coisas estão mesmo a funcionar? Alguém se lembrou de estabelecer regras de acesso ao espaço físico de uma universidade? Não. É mais fácil dizer que é tudo da responsabilidade das universidades, assim é menos uma chatice e quando dá para o torto sacode-se com mais facilidade a água do capote.
Hoje fui para biblioteca do Instituto Superior Técnico, entrei com dois PCs e mais um saco de livros e cadernos, demorei uns 20 minutos para me instalar. Passado uns 10 minutos surgiu uma funcionária da biblioteca a dizer que eu não podia ter a mala do portátil em cima da mesa. Eu referi que entrei sem que me tivessem dito nada (acontece que esta senhora e a sua colega estavam em alegre cavaqueira quando eu entrei). Ela disse que eu teria de ir com o cartão deixar as coisas à entrada, e eu aproveitei para perguntar se o cartão da minha universidade ou o da biblioteca da minha universidade. Ela olhou para mim e disse «não tem cartão desta biblioteca? Então não pode estar aqui». Eu respondi que era aluno universitário e que estava ali a trabalhar e ela disse «oiça, nem os alunos do Técnico podem frequentar a bbiblioteca se não tiverem. Não pode ficar aqui a não ser que venha ali comigo e faça um cartãozinho da biblioteca que são só 3 euros». Eu arrumei todas as minhas coisas e vim embora.
Acho muito giro o Ministério do Ensino Superior dizer que existem estruturas e que estão a funcionar e que Portugal está tecnologicamente a tornar-se de ponta. E se de repente, em vez de andar a fazer propaganda, alguém se lembrasse de verificar se as coisas estão mesmo a funcionar? Alguém se lembrou de estabelecer regras de acesso ao espaço físico de uma universidade? Não. É mais fácil dizer que é tudo da responsabilidade das universidades, assim é menos uma chatice e quando dá para o torto sacode-se com mais facilidade a água do capote.
Portugal devia sair do armário
Portugal devia "sair do armário". Esta expressão é normalmente utilizada para os gays que não se assumem enquanto tal e que passam uma vida em negação e/ou a tentar enganar quem vive à sua volta. Existe um grave problema com o «estar no armário", as pessoas habituam-se a mentir, a enganar e a enganarem-se. Não estou
a dizer com este post que Portugal é um país de gays "dentro do armário", também é, mas este post é sobre o nosso subdesenvolvimento. Portugal tem muito mais a ver com um país do dito Terceiro Mundo, do que com os países desenvolvidos. Ok, temos condições económicas emergentes, mas tudo o resto é pobre, as mentalidades, o modo de organização, a justiça, a educação, as vivências e podia continuar. Haverá excepções (ainda bem), mas na sua grande maioria a sociedade portuguesa é "terceiro mundista" e não se assume. Não sei bem se quer enganar-se a si ou aos outros. Até África no seu caos económico, moral e ético é assumida. A sociedade portuguesa é uma sociedade com vergonha de si mesma, a confiar na "chico-espertice" para manter o status quo e muito medrosa. Até o Governo é não-assumido, ao procurar iludir-se (iludir-nos) com números, estatísticas e promessas tecnológicas de desenvolvimento. Este estado de hipocrisia permanente é o que acontece a quem se recusa a sair do armário. Uma mentira constante, a negação de um verdadeiro desenvolvimento.
Os dias não são todos iguais
Os dias não são todos iguais. Há dias em que nos sentimos especiais e há dias em que não nos sentimos nada glamorosos. Nos dias em que estamos vibrantes e luminosos é fácil estarmos rodeados de gente, de palavras simpáticas e de interesse. É natural. Todos nós crescemos em direcção à luz e procuramo-la em todos os sítios, somos ressonantes a ela.
No meio dos dias em que não estamos radiantes e radiosos, é comum encontrarmo-nos em lugares mais ou menos vazios, lugares mais ou menos silenciosos. Mas mesmo nesses lugares há uma pessoa ou outra que nunca se vai embora. Às vezes é só uma presença, mas é o suficiente para nos lembrar que existem outros sítios e que não deixam de haver dias em que somos especiais, porque para estas pessoas somos especiais até com a cabeça enfiada na sanita ou com olheiras até ao umbigo. Nestes meus dias que não são todos iguais. Procuro o meu equilíbrio e sinto-me feliz pela atenção que recebo e humilde perante isso. Essa ressonância, por si só, gera luz. Obrigado Batata.
No meio dos dias em que não estamos radiantes e radiosos, é comum encontrarmo-nos em lugares mais ou menos vazios, lugares mais ou menos silenciosos. Mas mesmo nesses lugares há uma pessoa ou outra que nunca se vai embora. Às vezes é só uma presença, mas é o suficiente para nos lembrar que existem outros sítios e que não deixam de haver dias em que somos especiais, porque para estas pessoas somos especiais até com a cabeça enfiada na sanita ou com olheiras até ao umbigo. Nestes meus dias que não são todos iguais. Procuro o meu equilíbrio e sinto-me feliz pela atenção que recebo e humilde perante isso. Essa ressonância, por si só, gera luz. Obrigado Batata.
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domingo, março 16, 2008
Persepolis
Ontem lá voltei ao cinema, ufff... estava com saudades. Não podia ter tido melhor retorno. Fui ver um filme de animação chamado Persépolis. O filme retrata os últimos 40 anos do Irão pelos olhos de uma menina (depois adolescente e depois mulher) desde o regime do Xá, até ao repressivo regime religioso que ainda hoje vigora. A animação é simples, mas a história e o argumento são fortíssimos. Apesar de estar pontuado de humor, somos cilindrados pela brutalidade da repressão de um povo em nome da liberdade e de Deus. Mais, o filme demonstra de forma bastante eloquente os perigos da ignorância e do analfabetismo associados à manipulação religiosa. O filme é uma lição de sobrevivência por parte daqueles que não conseguem esquecer o Irão antes do fanatismo religioso. Confesso que fiquei com um certo carinho pelo povo iraniano esclarecido, não pelo governo ou pelas massas analfabetas que o sustentam.
17/20
London Files 8 - As famosas cabines telefónicas
As famosas cabines telefónicas britânicas já não são todas iguais. A velha cabine vermelha, em algumas zonas, entrou em extinção. Agora há umas novas que são metálicas e azuis, sem o charme vintage das outras. Contudo existe um aspecto comum a todas, não se encontra uma sem uma bela dose de anúncios de sexo. Bem, as oportunidades de negócio têm de ser aproveitadas.
London Files 7 - Vamos tentar ser bem educados...
A minha idéia dos ingleses é que, como povo, são muito agressivos. As razões até podem ser pertinentes e facilmente encontradas na sua história (o clima é muito duro, passaram por muitas guerras, etc.), por isso não deixo de achar engraçado a actual campanha de civismo/boas maneiras que podemos encontrar nos autocarros e no metro. Não sei muito bem se está a resultar, isto porque apanhei o autocarro noturno onde toda os jovens (16-35) se insultam e vem bêbados e à beira do vómito, e a cheirar a cavalo (cavalo inglês, mas mesmo assim cavalo). Onde a população é mais diversificada em termos de etnia e de religião, parece-me que tudo é bastante mais cívico, mas quando se juntam apenas os ingleses... errrr...pois.
sábado, março 15, 2008
London Files 6 - Os táxis londrinos
Um cadillac cor-de-rosa é normal (até já foi imortalizado em canções da Natalie Cole), mas um táxi cor-de-rosa? Não podia de deixar de tirar uma fotografia. O curioso foi que a dona do carro, também ela com cabelo cor-de-rosa, apareceu esbaforida a pensar que eu era um funcionário da câmara a tirar uma fotografia ao carro como prova de ele estar mal estacionado. Não sei que raio de roupa é que vestem os funcionários da câmara de Londres, mas eu que pensava que até estava fashion q.b. Estaria ela numa trip de LSD? Ouvi dizer que os ácidos ainda são famosos naquelas bandas.
sexta-feira, março 14, 2008
Buscas
A busca da nossa identidade é uma tarefa que nunca está concluída. A maior parte das vezes confundimos a identidade com a personalidade, por outras palavras, o consciente com o inconsciente. Nem sempre a nossa identidade (inconsciente) se consegue sobrepor à nossa personalidade (consciente). Por esta razão, podemos passar muito tempo enganados a nosso respeito. Há pessoas que não se importam ou que nunca pensaram nisso, outras já pensaram mas têm medo de abrir a porta para um conhecimento mais vasto. Quem conhece mais pode mais, mas também tem mais responsabilidade e mais trabalho. A mim assusta-me todo esse trabalho que se tem de ter, o problema é que quando abrimos uma pequena fresta e vemos o que está para lá, já não se consegue parar. Cada pessoa é um mundo, mas mesmo assim, quantas pessoas querem saber em que mundo vivem?
A Biblia : Toda a palavra de Deus sintetizada
Mais um comédia da Companhia Teatral do Chiado, no mesmo estilo a que nos tem habituado desde as Obras Completas de Shakespear em 97 minutos, passando pelas Vampiras Lésbicas de Sodoma. A peça está cheia de gags divertidos e de piadas inteligentes, mas não consigo deixar de pensar que lhe falta alguma coisa.
As "Obras de Shakespear" são desenvolvidas com base num humor burlesco com laivos de 'humor de esquerda' (esquerda caviar, mas mesmo assim esquerda); as Vampiras Lésbicas são um devaneio assumidamente 'camp', onde se distingue com facilidade o personagem do actor. De alguma forma não consegui encontrar essas características n'A Biblia. A peça parece-me teatro de revista para envergonhados ou não assumidos, ou seja, pessoas que não são capazes de assumir o seu gosto pela brejeirice e piadas sobre sexo (às vezes bastante básicas). Não sei se isto se deveu aos actores ou se foi um problema do texto, ou um problema de encenação (a bem dizer acho que a responsabilidade é do encenador). Sem querer desrespeitar o esforço dos actores, pareceu-me que as actuações foram demasiado coladas aos tiques pessoais de cada um. Acrescente-se que havia uma certa "gayness" na peça, que era dispensável e que entrava em contradição com algumas piadas bastante cabotinas sobre homossexuais. Assim, acho que em alguns momentos a encenação era pouco honesta e demasiado forçada. Para terminar queria dizer que achei deliciosa a representação do João Craveiro e que o texto tem passagens excelentes. Estes dois aspectos são dignos de serem vistos.
14/20
As "Obras de Shakespear" são desenvolvidas com base num humor burlesco com laivos de 'humor de esquerda' (esquerda caviar, mas mesmo assim esquerda); as Vampiras Lésbicas são um devaneio assumidamente 'camp', onde se distingue com facilidade o personagem do actor. De alguma forma não consegui encontrar essas características n'A Biblia. A peça parece-me teatro de revista para envergonhados ou não assumidos, ou seja, pessoas que não são capazes de assumir o seu gosto pela brejeirice e piadas sobre sexo (às vezes bastante básicas). Não sei se isto se deveu aos actores ou se foi um problema do texto, ou um problema de encenação (a bem dizer acho que a responsabilidade é do encenador). Sem querer desrespeitar o esforço dos actores, pareceu-me que as actuações foram demasiado coladas aos tiques pessoais de cada um. Acrescente-se que havia uma certa "gayness" na peça, que era dispensável e que entrava em contradição com algumas piadas bastante cabotinas sobre homossexuais. Assim, acho que em alguns momentos a encenação era pouco honesta e demasiado forçada. Para terminar queria dizer que achei deliciosa a representação do João Craveiro e que o texto tem passagens excelentes. Estes dois aspectos são dignos de serem vistos.
14/20
quarta-feira, março 12, 2008
London Files 4 - A Tate Modern
A Tate Modern merece um post só para ser anunciada. Esta sim é a rainha de Inglaterra, qual Isabel, qual quê...
Nunca tinha conseguido ir à Tate Modern. Quando cheguei à porta senti-me com a ansiedade de quem experimenta o sexo pela primeira vez. Enquanto estive lá dentro, variei entre o puto de cinco anos a abrir presentes de Natal, o velho companheiro no chá das 5, o amante embevecido, e outros estados emocionais. Quando me vim embora disse-lhe em surdina... «até um dia destes».
Nunca tinha conseguido ir à Tate Modern. Quando cheguei à porta senti-me com a ansiedade de quem experimenta o sexo pela primeira vez. Enquanto estive lá dentro, variei entre o puto de cinco anos a abrir presentes de Natal, o velho companheiro no chá das 5, o amante embevecido, e outros estados emocionais. Quando me vim embora disse-lhe em surdina... «até um dia destes».
London Files 3 - Eles andam aí...
Estes são os verdadeiros reis do Hyde Park, os esquilos. Nunca tinha visto um esquilo ao vivo na vida e eles são bem engraçados. O que mais me admirou foi a falta de medo dos humanos, e basta dar comida a um para aparecerem 5 ou 6. Abençoadas sandes de queijo, sem elas não tinha havido esquilos para ninguém. Será que eles já reconhecem, de longe, o cheiro do queijo mais barato do supermercado Tesco?
London Files 2 - O cérebro parou-me em Hyde Park
Estavamos nós muito bem em Hyde Park a dar um belo passeio ao sol quando me deparei com o poste de indicações para vários monumentos e vias, entre os quais o memorial à princesa Diana. Embora não quisesse ir ao memorial, achei que tirar uma foto ficava sempre bem. Mas como se vê pela fotografia, a placa não aparecia com total visibilidade - mesmo no melhor ângulo. Não fui de cerimónias e toca de atirar sapatada na placa de baixo para ela não se sobrepor à que queria. Ainda fiz isto duas vezes até carinhosamente me lembrarem com um «epá, tás maluco?!», que iria estar a mudar a direcção do palácio de Kensington e que se um polícia me tivesse visto eu estaria em muito maus lençois. A vontade de tirar a foto era tanta que eclipsou tudo o resto. Definitivamente parou-me o cérebro por uns momentos. Já dizia o António Variações «a culpa é da vontade».
terça-feira, março 11, 2008
Foi bom, foi sim senhor...
Londres foi uma boa experiência, mas não há como o voltar a casa. Quando se avista o oceano, parece que de repente não há nada que não faça sentido na nossa vida (no caso, na minha vida). Por muito longe que tenha ido, no momento em que a cidade de Lisboa se ergue debaixo do avião, é como se estivesse a andar numa diversão da antiga feira popular, ou seja, dentro de momentos vou estar com os pés no chão e com um sentimento de satisfação muito grande. Nos próximos dias e na medida em que o tempo o permitir, lá começarei a debitar os «London files». E curiosamente (ou não) estarei a escrevê-los para mim. Para construir uma fotografia que vai perdurar. Há que disparar enquanto as memórias estão fresquinhas.
quarta-feira, março 05, 2008
O Soul está de volta!
Conectado
Às vezes é preciso tirar a ficha. Foi o que fiz no último ano, tirei a ficha. Algo não estava bem com a minha tomada e isso causava-me um grande desconforto e uma quantidade de constrangimentos. Foram essencialmente esses constrangimentos que me fizeram desligar a ficha. Achei, nessa altura, que o problema era da electricidade, que era do formato da tomada em questão, enfim... desculpas. O problema estava no tamanho do meu fio e da tensão a que ele era submetido. Precisava, de facto, de desligar e olhar em volta, aprender e perceber que o problema era interior e não exterior. Hoje, meu fio está maior, mais maleável, extensível, e também ganhei a consciência de que existem mais tomadas na "casa". Estou prestes a conectar-me de novo... gonna get myself connected.
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segunda-feira, março 03, 2008
Sentimentos contraditórios
Hoje estava a descer a rua para ir tomar o café quando vi um senhor a pedir no semáforo. Esse senhor tem uma perna que está atrofiada e pede esmola entre os carros arrastando-se de joelhos entre eles. No sábado estava a tomar café de manhã, e no espaço de 30 minutos entraram 3 pessoas na pastelaria a pedir esmola nas mesas. Sou tomado por uma quantidade de sentimentos contraditórios. Por um lado, desagrada-me ver as pessoas a pedir esmola com base na sua desgraça (a perna do senhor exposta com recurso a uma calça cortada, os bébés das senhoras romenas numa moldura), por outro lado, chateia-me mais ainda saber que as estruturas que deveriam tomar conta das camadas excluídas da população não fazem o seu trabalho (ou têm muitos poucos recursos para o conseguir cumprir). Finalmente, senti-me quase prisioneiro na pastelaria onde procurava ler o jornal com algum sossêgo. Dei uma moeda à primeira senhora, mas depois já não dei à outra senhora e à menina que também pediu. Contudo tive de ficar a ouvir uma ladainha imperceptível depois de ter dito "não" no primeiro caso. E tive de ficar a ouvir a mesma ladainha quando outras pessoas não contribuíam. Quase que me senti um mau ser humano, por não ter dado dinheiro a todos. Sei, contudo, que isso não resolve nada. Sei que é fácil culpar o Estado, sei que o nosso país é uma espécie de 3º mundo europeu com pretensões a desenvolvido. As coisas não se fazem, os dinheiros gastam-se estupidamente. E depois assume-se que está feito e segue-se em frente. Gostava de ser mais jovem, acho que me sentia mais seguro nessa altura, porque não queria saber da política, não queria saber da pobreza, não queria saber de muito mais a não ser música e aprender na escola. Hoje penso nas coisas e sinto-me, por vezes, esmagado. Se não penso, sinto-me irresponsável ou fútil. O país inflinge-me sentimentos contraditórios, afinal não sou uma ilha.
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