E ao quarto livro voltou de novo a fazer-se luz. O melhor escritor português da actualidade (ou o melhor artesão de palavras que é, no fundo, o que ele é) baixou o tom (Para Onde Vão os Guarda-chuvas continha demasiadas ideias e tornava-se cansativo) e voltou a produzir uma história tão pungente como A Boneca de Kokoschka.
Desta vez o livro não acaba mal como Jesus Cristo Bebia Cerveja e fez-me feliz. A história é simples e a escrita é telúrica, gótica, clássica e tudo o mais que se possa imaginar. A escrita de Afonso Cruz é quase como uma instalação de palavras. Não era nada mau se existissem mais como ele. Gostava de ver outros universos de referência explorados com a mesma argúcia conceptual, filosófica e existencialista que ele coloca em tudo. E no final frases com a capacidade de serem ditas também por uma criança. Foi um prazer.
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