Ela ama o marido, mas não gosta do marido. Aquilo fez-me espécie. Mas depois lembrei-me do que a Bell Hooks disse sobre o amor ser uma ação e percebo que ela escolheu e tem o compromisso de amar o marido, mas não sente afinidade ou apreço por ele. Será que é por causa dos filhos? E se não houvesse filhos? Eu custa-me integrar que alguém me ama sem ter apreço por mim, não gostando de mim como pessoa; mas percebo que é possível, o exemplo está ali. Acho triste estar nesse papel (do marido). Na realidade não sei bem o que pensar, o certo é que sinto desconforto perante a ideia. Acho que não quereria estar nesse papel. Mas também não sei qual a implicação de estar nesse papel. É apenas algo em que nunca tinha pensado.
1 comentário:
Ora aí está algo que deve ser muito comum, e as causas devem ser múltiplas. Os filhos; o “parecer bem” para a família e resto da sociedade - para evitar ostracismos em caso de separação; a falta de coragem para tomar outras ações, como recomeçar; a desistência de comunicação no casal (se houvesse, o problema era discutido e talvez ambos pudessem agir - dar ao marido a oportunidade de saber a opinião dela; ou então ele sabe mas tb finge, tb desistiu). Se cuidar (ação) faz parte de amar, amar não é só isso. É importante apontar exatamente qd e onde e reconstruir o como a relação se tornou assim. Se o amor tem um sentido de missão, há que haver outras valências. Que vão sendo erodidas com o tempo, mas que têm de ser discutidas à medida que o tempo passa. E não ignoradas (por exemplo, não dar o outro como dado garantido na nossa vida).
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