Ontem vi um filme chamado «O amor não tira férias». Voltei aos filmes depois de um mês de ausência. Escolhi este filme porque não precisaria mais do que o neurónio de emergência para digeri-lo. Contudo acabei por ser supreendido por um dos personagens, Arthur Abbott (um argumentista aposentado de 90 anos), que é um exemplo de sabedoria e um repositório de experiência e conhecimento.
De repente fui transportado para o tempo em que a única avó que conheci ainda era viva. Ela esteve uns 5 anos num lar e nesse lar convivi com gente impressionante que, apesar dos corpos vencidos, ainda eram donos de uma centelha de vida invulgar.
Senti muita saudade da D. Arménia, uma ex-violinista que recitava poesia com uma candura desarmante; da D. Elvira que foi trapezista e que apesar da bengala e dos 82 anos não perdia a oportunidade de dançar uma valsa comigo quando me apanhava a jeito, pois sabia que eu praticava danças de salão e que conhecia as "danças de outros tempos"; a D. Isaura com aquelas gargalhadas que saiam do fundo do peito no fim de cada anedota que contava (muitas delas picantes). Lá acabava a minha avó por ficar com ciúmes por eu ser neto dela e estar a ouvir as histórias de todos os outros. Mas sabia bem. Eram belas histórias, histórias de vida. Saía de lá contente e com a convicção de que a D. Isaura tinha razão quando dizia que «velhos são os trapos».
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