sábado, outubro 27, 2007

O irmão

O meu irmão é mais velho do que eu, um bom bocado mais velho. Não temos nada a ver um com o outro. Não gostamos da mesma música, não gostamos dos mesmos livros, não gostamos dos mesmos filmes, não gostamos dos mesmos sítios para passar férias, não gostamos dos mesmos cafés. Parece que com um irmão assim a distância seria intransponível, mas não. Não fazemos uma vida próxima porque não temos, de facto, muito em comum. Mas existe um profundo amor entre os dois.
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Ontem alguém me disse que eu tinha um bom irmão. Passamos 19 anos da minha vida às turras um com o outro. Mas apesar de tudo, a verdade é que tenho um bom irmão. Se eu precisar o meu irmão está lá. O giro é que falamos através de um canal infalível... a mãe. Quando falamos com a mãe a primeira coisa que dizemos é «olha, como é que está o mano?». A mãe é o nosso meio de comunicação mais actual. É também o elemento mais forte que temos em comum. Gostamos os dois imenso da mãe. Temos os dois um profundo respeito pela memória do nosso pai. Eu amo o meu irmão. Esse homem com quem tenho tão pouco em comum. E depois, quando estamos bem dispostos, falamos pelos cotovelos. É uma das coisas que temos em comum. Fartamo-nos de rir e dizer piadas. E a mãe também alinha (em família, claro).

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