quarta-feira, outubro 02, 2013

Silvestre não sei o que fazer contigo.

Ontem li um post feito num blogue e fiquei comovido com a pureza do mesmo. Algo de que eu já não sou capaz neste blogue. Fiquei a pensar se não seria ideal fechar portas e começar um novo blogue. Fui apanhado pelo «tu no teu blogue disseste que», «fui ver ao teu blogue e dizia tal», «o Batata ficou deprimido porque viu no teu blogue um post». O Batata pensou que um post falava sobre ele e não falava. Depois vêm explicações, dizer sobre quem é que falava o post. Amigos disseram a amigos que disseram a amigos que tinham curiosidade de saber coisas a meu respeito. E o blogue foi tornando-se progressivamente mais superficial.  Lembro-me de ter feito alguns amigos em tempos através da blogosfera, mas talvez prque o blogue nesses tempos era pessoal. Era o que é hoje, mas com a vertente humana e existencial que acabou por esmorecer. Este assunto já não é novo, já o abordei várias vezes. O Silvestre é um amigo que me salvou em tempos idos. Foi um companheiro de infortúnio num dado momento e seguiu viagem comigo. Mas não sei se o estou a tratar bem. Ontem senti-me tão humilde perante a vulnerabilidade do post lido, que achei que o Silvestre merecia mais. Vejo-me, por vezes, a escrever coisas importantes debaixo de código para que não se perceba do que estou a falar e que eu ao voltar ao blogue saiba sempre o que foi a situação. Mas parece-me tudo um bocadinho "retorcido", onde está a espontaneidade de abrir um coração? Camuflada, quando as coisas são realmente pessoais e importantes. O espaço de liberdade faz sentido quando já não se exerce a liberdade. É cansativo escrever metáforas e mais fácil meter música e coisas engraçadas que ocupam 10 minutos de um dia de trabalho, que é cada vez mais exigente. A vida muda, as coisas mudam. Não sei se o que move no sentido de continuar é pena, lealdade, apego ou  habituação. Se calhar é um pouco de tudo. Não sei. Não seu muita coisa neste momento. Ando com a cabeça muito cheia das exigências da vida pessoal e profissional. Em tempos libertei aqui essa pressão. Agora sinto que já não. 
 
Silvestre, não sei o que fazer contigo. Às vezes convertes-te num veículo de mensagens erradas. A culpa é minha.  Porque me tornei propositadamente ambíguo. Parece que, de momento, funcionas a ventilação artificial. Não te posso dar muito mais por agora, embora ache que merecias muito mais que isto. Não sei se consigo salvar-te, se desligue a máquina ou se te deixo ligado por um fio ininterrompido.

11 comentários:

Aaron disse...

o teu blog já tem muitos anos de existência. em 2006 eu ainda era um rapaz virgem da vida e tu já andavas a espalhar palavras por aqui.
é normal que com o tempo as coisas mudem, agora tudo depende de ti.

talvez por esse motivo é que eu não quero que ninguém tenha conhecimento do meu blog, gosto de sentir que posso escrever tudo o que me vai na alma.
abraço

Ricardo - Uma Outra Face disse...

Compreendo perfeitamente. Também sinto esses entraves pelo meu blog,mas a verdade é que somos nós que o fazemos e temos que conseguir desprender-nos das amarras dos outros, afinal de contas crescemos com o blog e não apenas ele connosco. É assim que penso e que espero conseguir manter o meu blog. Mas o tempo avança e as coisas já não como no início... Temos que fazer por isso.

silvestre disse...

É sensato :)

AM disse...

Água, limpa e transparente, faz bem.

Mark disse...

Para a minha idade, o meu blogue até é relativamente antigo (tem menos dois anos do que o teu).

Perdi muita da espontaneidade e confesso que se tornou algo rotineiro. Gosto de o manter e gosto, sobretudo, dos laços que se vão criando. (Ainda) Não se tornou uma obrigação.

É difícil conciliar os estudos com a blogosfera, admitindo que isto possa parecer ridículo. Agora, por exemplo, deveria estar a estudar e estou a comentar aqui, e irei, de seguida, como fiz antes de aqui estar, ler o que vocês escrevem. E não me queixo enquanto conseguir conciliar, como referi acima.

silvestre disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
silvestre disse...

@Mark: Só tenho pena da espontaneidade perdida ou da "profundidade" se é que posso chamar-lhe assim. Nós também somos os nossos blogues. Se calhar também já estou numa idade em que não me exponho demasiado, não sei. To be sorted out :)

Francisco disse...

Creio que quando somos "anónimos", podemos escrever tudo o que nos vai na alma.

Há medida que vais dando a conhecer quem és(real) e o teu canto. Passas a estar associado a uma imagem.

Pode não ser bom, porque sempre que escreveres algo, alguém irá pensar que estás a escrever para ele/a.

Foi bom conhecer pessoas na bloguesfera, mas ao mesmo tempo é limitador. Se falas no assunto A, tocas no manel. Se fala em B, lá se sente a maria. Se dás um espirro, ouves uns quantos palermas e assim sucessivamente :)

Deixa passar, a minha avó sempre dizia:

"Os cães ladram e a caravana passa"

ESpero continuar a ler-te por muitos anos :)

Abraço

Anónimo disse...

Sou seguidor do teu blogue, pelo menos, desde 2008. Gostava muito de o continuar a ser :) Por pouco que possas dar ao blogue neste momento, acho que vale sempre a pena mantê-lo.

João Roque disse...

Não te sigo há muito tempo e por vezes deixo acumulat muitos posts, devido a seguir demasiados blogs.
Mas já me habituei ao Silvestre e a já pobre blogo, ainda mais pobre ficaria sem este blog...
Continua, por favor!

zehtoh disse...

Por essa mesma razão fui abandonando o meu.