O ano de 2021 não tem sido fácil para mim. Demasiadas revoluções para uma pessoa que (apesar de ativa) aprecia a estabilidade e as coisas seguras. Tudo mudou na minha vida este ano e o segundo semestre tem sido avassalador, mudança de trabalho (que provavelmente não será a última este ano), terminar uma relação, ter o gato diagnosticado com uma doença crónica, eu próprio ter passado por um processo de depressão que se arrastava há algum tempo sem que eu desse conta.
Não posso deixar, contudo, de sentir que toda esta destruição era necessária. Onde deixa de haver uma casa, temos de construir uma casa nova e utilizar todas as aprendizagens do passado no processo. Algumas pessoas retornaram à minha vida, fiz amigos improváveis, conheci gente muito boa de quem espero ficar amigo e o ciclo da vida é assim mesmo, renova-se.
Sinto-me de certa forma esgotado, mas por outro lado sinto-me cheio de esperança no futuro. Uma esperança que não sentia há muito tempo. É o bom de não termos nada. Em alguns aspetos da minha vida estou de mãos vazias e as mãos vazias são sempre boas porque têm espaço para conteúdo e espaço para agarrar. É assim que me sinto, a querer agarrar o futuro, a querer cuidar de mim (da minha saúde mental, da minha saúde física).
O trabalho de depuração é por vezes um exercício difícil, porque nos pode deixar demasiado vazios, pode ter de ser também um trabalho de coragem porque temos de afastar do nosso quotidiano coisas/pessoas de quem gostamos, mas cujos moldes em que nos relacionávamos com elas não eram os mais adequados para o nosso equilíbrio.
Estou a começar de novo, a tentar construir uma base de verdade em tudo o que existe à minha volta. Um verdadeiro sentido de realidade. Este sentido de realidade é muito importante para sabermos quem somos, nos dias que correm é fácil perdermos o contacto com a nossa essência, e a páginas tantas vivemos representações de nós próprios (umas que nos vendem e outras criadas por nós mesmos em dados momentos para lidar com o mundo em que interagimos).
Sou um homem de 47 anos à descoberta. O mundo muda todos os dias. E estou a tentar conectar-me ao estado de "tábua rasa". Tenho muitos anos de vida às costas, muitas impressões energéticas desses anos, mas procuro o centro nevrálgico, o estado de disponibilidade, um caderno em branco para ser escrito. Sei muito pouco, tudo à volta é demasiado extenso para ter alguma pretensão nesse tipo, sei menos do que sabia aos 30, aos 20, porque tenho uma noção muito mais concreta das minhas limitações.
Hoje é dia 13 de Outubro de 2021 e trago comigo apenas um coração aberto e uma esperança de que o futuro possa ser melhor e eu consiga estar mais próximo do homem que sonhei ser.
8 comentários:
Força!
Lamento tudo isso, tudo a correr pelo melhor :)
Faziam um belo casal
Abraço com amizade
Desejo-lhe as maiores felicidades na sua busca pela felicidade. Mas será que a felicidade é um objetivo em si mesma?
Procurei desenvolver o tema em https://mosaicosemportugues.blogspot.com/2021/04/quero-ser-feliz.html, que o convido a visitar e comentar.
No Mosaicos em Português poderá encontrar alguns outros artigos que talvez sejam úteis à sua reflexão.
Todos os Sábados lá encontrará um novo artigo.
Bom fim-de-semana!
@green: tudo sobre rodas :)
@francisco: coisas da vida, mas o grave mesmo é o gato. tudo o resto tem solução no tempo.
@antonio: é um processo, mais que tudo ;)
Há alturas, momentos, anos, assim... Em que parece que tudo é abalado, até as (às) fundações do nosso ser. É continuar, sem desistir - como tão bem pareces saber. Força! 💪
@ricardo: obrigado. acontece a quem está vivo :)
Enviar um comentário