quinta-feira, dezembro 23, 2010

Cela 211


É um excelente cartão de visita os 8 Goya ganhos na edição de 2010 dos prémios do cinema espanhol. Podia não querer dizer nada, mas quer. O último filme de Daniel Monzón é bom. Diz-se por aí que é um thriller. Eu acho que é uma tragédia clássica, disfarçada de thriller de acção. Não é um filme fácil, nem bonito. Houve pessoas que deixaram o cinema antes do final. Penso que se percebe desde logo que o realizador quis um filme autêntico e um objecto de reflexão socio-política. Acho que ainda se conseguiu mais do que isso, explorar os meandros do ser humano, na sua busca pelo que lhe é necessário, borrando as barreiras entre o bom e o mau, o certo e o errado. A vida na cadeia, é a vida na cadeia. Não a vida numa cadeia imaginada por Hollywood cheia de homens com aspecto de galã. Muitos dos figurantes são reclusos. Ganhou-se com isso. às vezes o filme peca por ser condescente com as perspectivas que se querem provar, nomeadamente a sobreposição dos interesses políticos aos humanos. Por isso o filme é bom, não espetacular. É feio. Vejam.


16/20

2 comentários:

J. Maldonado disse...

Vi o trailer e seduziu-me.
Não sei porquê, mas acho que os espanhóis sabem criar controvérsia em todos os temas sócio-políticos que abordam nos seus filmes.
Hei-de vê-lo quando puder...

Cassandra disse...

O tema dos presos da Eta metido ao barulho é pretty interesting. Bem como o facto de não ser muito bonito. Nem todo o cinema se fez para apaziaguar as ideias. Lola, de um realizador filipino, agitou as minhas (apesar dos planos morosos). A ver com paciência, em noite chuvosa.