Também vi hoje de manhã o filme da agressão à miúda de 14 anos e fiquei mal-disposto, mais do que pela agressão em si, pelo facto de ninguém fazer absolutamente nada. Depois por vivermos nesta sociedade de mega exposição em que tudo é digno de ser vendido como imagem, até actos de vandalismo e/ou agressão. O miúdo que filmou até já tem um blogue de apoio. Pelo visto encoraja-se o comportamento.
Arrepia-me este «não interessa» dos jovens de hoje. Claro que no meu tempo haviam agressões também, mas se aconteciam num sítio público, de certeza que alguém faria alguma coisa para apaziguar a situação. Parece-me que o livro «Menos que zero» do Brett Easton Ellis ganha cada vez mais realidade. Esta anomia social em que viviam os jovens ricos e abandonados pelos pais de Beverly Hills propaga-se aos miúdos de classe média e média baixa. Já nada interessa muito. Ou nada interessa de todo. Culpemos a sociedade, mas a sociedade somos nós. São amigos meus, pessoas das nossas famílias que estão a produzir este género de adolescentes. Temos de nos perguntar o que está a sair errado.
Do meu lado só sei que se uma das agressoras fosse minha filha ficava de castigo 6 meses, isto depois de levar uns valentes tabefes. Acabava-se o telemóvel smartphone, mesada e ia fazer voluntariado social enquanto durasse o castigo.
10 comentários:
E pedir desculpa presencial e sentida quer à rapariga quer à mãe.
Sem dúvida.
É cool ser pai de uma miúda que agride outra!
Se fosse eu o pai ia ser cool dar-lhe uns valentes tabefes.
Mais do que a violência é, de facto, a alienação subjacente ao vídeo que me chocou. É um murro no estômago, provocado pelo vazio da situação. Ainda há uns tempos, passaram uma situação semelhante filmada pelas câmaras de uma estação de comboios, já não me recordo onde...
Fiquei curioso com o autor que citas. Está no campo da Psicologia, Sociologia ou outra?
provavelmente se fossem nossas filhas nunca teriam chegado a este ponto?
@desenhos: olha que é por aí. tens razão.
@blogliker: O Brett easton Ellis é um escritor americano que escreveu sobre a sua própria adolescência e o seu meio social. Tinha 25 anos. O livro é muito bom, mas muito desencantado. Miúdos que aos 12 anos já têm o seu dealer pessoal entre outras coisas. É um romance autobiográfico, mas com forte valor enquanto documento sociológico de uma geração e de um contexto social específico.
Quando os pais não tem valores ou não os transmitem e as pessoas não procuram ser melhores que o que são, acontecem estas coisas... Tenho a certeza que os pais das agressoras não lhes disseram absolutamente nada.
Os pais das agressoras encontrarão motivos para legitimar o comportamento das mesmas. É a chamada "democracia das massas". Aparentemente, há sempre culpados, mas nunca os verdadeiros infractores. Suponho que tal advenha da nossa herança católica. Muitas hierarquias até chegar ao verdadeiro pecador. Umas avé-marias e pais-nossos e está tudo sanado. Venha o próximo vídeo... Tristeza é o sentimento que me invade.
"Sei que as cores que tecem a vida não são tão belas assim...ou pelo menos não são o tempo todo. É triste ler as notícias de manhã e ver agressão, violência e intolerância. A desinformação neste caso é uma dádiva, porém não é com veus que se transforma a realidade. É preciso coragem [coração]..." Fico assustado com tantas notícias ruis que bebo junto com o café logo pela manhã.
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