Nos início dos anos 20 o meu bisavô José vendeu a casa e as terras que tinha no Piodão e veio com os 9 filhos para Lisboa. Era um tempo em que uma viagem até Lisboa demorava mais de um dia e saia-se da Serra do Açor a pé ou em burro. Foi a minha segunda ida ao Piodão, mas esta tornou-se mais especial porque encontrei um homem agora com 80 anos que era nada mais nada menos que o filho do homem que comprou tudo ao meu bisavô. Disse-me ele «o meu pai comprou tudo ao seu bisavô por 18 contos, era muito dinheiro naquele tempo. Passou o resto da vida a trabalhar para pagar o dinheiro que pediu emprestado». E continuou «a sua avó Inocência não a conhecia tão bem, ela casou-se na Cova da Piedade e já ficava fora de mão. Eu mantive contacto com os irmão dela, o Adelino, o José e o Abílio que montou o restaurante, eram muito boa gente. Quem ia do Piodão para Lisboa não passava fome. Já sabia que ia ter com o seu tio-avô e ele dava comida a toda a gente e os irmãos tratavam de arranjar trabalho para toda a gente. Só se não podiam é que não o faziam». O melhor de tudo foi que ele me disse qual era a casa que pertencia ao meu bisavô e onde a minha avó foi criada (veio para Lisboa com uns 16 anos). Disse-me que depois da minha família já viveram outras quatro famílias, contando com os que estão agora. Fiquei contente por saber que a aldeia nunca perdeu vida. Tem cerca de 90 casas e, umas vezes mais ou umas vezes menos, tem sempre gente a viver lá. Desta vez, por ter ouvido falar dos meus e ter descoberto a casa teve tudo um sabor muito mais especial.
3 comentários:
Há um sentimento muito quentinho no coração quando nos (re)encontramos com as nossas raízes. Dá-nos uma percepção de onde viemos e de onde estamos.
O Piodão é muito bonito.
Gostei muito de ler este post.
Um abraço
Fizeste-me sentir saudades das raízes das minhas avós :)
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