Tenho de falar da Alexa (a outra mosqueteira). Uma rapariga bonita que sempre teve uma autoestima pequena por força de um físico que não lhe caía bem. É um dos grandes contrassensos da vida, ter uma mente brilhante e centrar-se fundamentalmente no aspeto do corpo. Quando a mãe morreu, pela tristeza que sentia, tinha dificuldade em comer e o corpo mudou, ficou com um corpo como nunca tinha tido. Começou então a cozinhar coisas saudáveis e manteve um ar jovem com vitalidade, até que há 4 anos atrás foi atacada por um cancro grave que felizmente entrou em remissão. Como todas as mães com filhos pequenos, fez todos os possíveis para sair daquela situação e sobreviver, inclusive forçar-se a comer quando a comida era como papel amargo na boca, que para ser engolido tinha de ser empurrado para dentro à custa de copos de água. Não perdeu peso aguentou as duras sessões de quimioterapia (que deixaram algumas sequelas) e a vida seguiu.
Entrou a pandemia e o trabalho tornou-se demasiado exigente por força dos surtos constantes de COVID entre funcionários e utentes. Felizmente não foi atacada pela doença, e a última vez que a vi estava demasiado magra, tinha um aspeto cansado, um rosto pouco saudável. E desde então tenho andado com o coração nas mãos por causa disso. Tudo o que lhe acontecer vai doer-me a mim, como foi no passado, porque há pessoas que não são apenas elas, são também nós. São 33 anos em que a alma já habita ambos os corpos. Nunca desejei tanto que uma pessoa engordasse. Só a quero ver saudável de novo.
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