quinta-feira, agosto 05, 2021

E porque falei do Zeg

Tenho de falar da Alexa (a outra mosqueteira). Uma rapariga bonita que sempre teve uma autoestima pequena por força de um físico que não lhe caía bem. É um dos grandes contrassensos da vida, ter uma mente brilhante e centrar-se fundamentalmente no aspeto do corpo. Quando a mãe morreu, pela tristeza que sentia, tinha dificuldade em comer e o corpo mudou, ficou com um corpo como nunca tinha tido. Começou então a cozinhar coisas saudáveis e manteve um ar jovem com vitalidade, até que há 4 anos atrás foi atacada por um cancro grave que felizmente entrou em remissão. Como todas as mães com filhos pequenos, fez todos os possíveis para sair daquela situação e sobreviver, inclusive forçar-se a comer quando a comida era como papel amargo na boca, que para ser engolido tinha de ser empurrado para dentro à custa de copos de água. Não perdeu peso aguentou as duras sessões de quimioterapia (que deixaram algumas sequelas) e a vida seguiu.

Entrou a pandemia e o trabalho tornou-se demasiado exigente por força dos surtos constantes de COVID entre funcionários e utentes. Felizmente não foi atacada pela doença, e a última vez que a vi estava demasiado magra, tinha um aspeto cansado, um rosto pouco saudável. E desde então tenho andado com o coração nas mãos por causa disso. Tudo o que lhe acontecer vai doer-me a mim, como foi no passado, porque há pessoas que não são apenas elas, são também nós. São 33 anos em que a alma já habita ambos os corpos. Nunca desejei tanto que uma pessoa engordasse.  Só a quero ver saudável de novo.

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