A canção 'Velha Infância' dos Tribalistas tem um trecho que eu sempre achei maravilhoso:
"Eu gosto de vocêE gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo é o meu amor..."
A canção 'Velha Infância' dos Tribalistas tem um trecho que eu sempre achei maravilhoso:
"Eu gosto de vocêO Limão nunca gostou do meu ex-namorado, chegando duas vezes a dar-lhe uma unhada e deixando-o a sangrar da mão. Já o Bruno (que tem um medo enorme de gatos) parece ser um amigo de eleição e o Limão anda sempre atrás dele, a roçar nas pernas, a deitar-se no colo dele (se ele está no sofá).
Ele ficava meio com aquele ar de pânico, como quem pede para afastar o gato. Mas aos poucos e com a minha ajuda, lá fui mostrando onde o Limão gosta de festas, que ele pode morder a barriga das pernas ou o tornozelo para nos chamar a atenção, que o Limão não gosta de ver mãos à frente dos olhos que fica assustado e assanha-se, etc.
Hoje, o Bruno atrasou-se a sair de casa porque o Limão lhe foi pedir festinhas e ele ficou ali um bocado a dar-lhe mimo, porque o gato anda carente de não me ver tanto como estava habituado. Pronto, acho que a partir de hoje ele poderão ser amigos. Parece que o Bruno perdeu o medo dele.
Levei uma rabecada dos meus chefes e muito bem merecida. Tenho andado brutalmente desmotivado e literalmente a fazer os serviços mínimos. Mas os serviços mínimos não se compadecem com o que é necessário fazer e como tal estou a desequilibrar o serviço. Até tenho tido a vontade de me ir embora daqui deste departamento, mas senti que antes disso terei de voltar a ser o funcionário exemplar que eu costumava ser e que deixei de ser por perceber que o valor que me davam era exatamente o mesmo, fosse bom ou mau. Pelo menos o meu brio tem de voltar e nisso estou.
Esta data é-me brutalmente familiar e não faço a menor ideia porquê. O meu cérebro trancou aqui qualquer coisa.
E chegou o momento em que decido se quero mesmo avançar com isto ou não. Creio que estou no lugar certo. Mas será que é suficiente o pós-laboral para fazer este trabalho sem deixar de ter uma vida? Ando aqui a pensar nisto com carinho, mas com algum receio também.
11/20
Pensar demasiado nas coisas faz mal. Quando deixamos o nosso cérebro em roda viva conduzido pelas nossas emoções é uma caca (para não dizer merda). Acho que às vezes é melhor mesmo sentir o que vai no corpo. Escutar a intuição mais primordial. Acho que algumas das minhas melhores escolhas foram intuitivas e não racionais. Ando a ser racional há demasiado tempo ou a "patinar na maionese" porque o cérebro tenta arranjar justificações para o que intuitivamente parece errado. Acho mesmo que as primeiras impressões são fidedignas. O que diz o corpo? O que diz o espaço dentro do peito? Acho que é melhor escutar estas impressões. Simplificar.
Pode dormir-se de conchinha, mas também de mochilinha. Quando um é mais pequeno que o outro e fica a ser a "big spoon" é uma mochilinha.
A minha última relação obrigou-me a perceber que eu tenho um padrão de homem com quem me relaciono e que esse padrão não é indicado para mim. Eu sou (felizmente e infelizmente) um romântico, tento sempre ver tudo pela melhor luz, mas a melhor luz pode ser apenas algo momentâneo que se agarra à minha memória como uma representação do real, quando não o é.
Tenho por hábito ter relações que são projetos: o projeto de salvar o outro de uma vida agreste em que não é compreendido ou amado ou valorizado e sou eu que vou compensar tudo isso para ele ser a pessoa maravilhosa que apenas eu sei que ele é. Mas se calhar, tenho de ser forçado a encarar que apenas eu sei disso porque me iludo com o potencial de alguém, alguém que toda a gente percebe ser outra coisa do que eu estou a ver.
Ninguém se deve apaixonar pelo que pode ser, mas sim pelo que é. E eu a querer sempre reabilitar o que é menos bom concentro-me no potencial e fico com isso como realidade, que mais tarde rebenta na minha cara.
Vai daí que agora e também devido ao trabalho feito com a psicóloga, tenho as coisas trabalhadas de modo a ser diferente e isso é bom. Pelo menos fui capaz de abandonar uma má situação ao primeiro sinal incontornável de desrespeito. E não abdico agora e no futuro de ser tratado com reciprocidade. Por isso, a atenção ao que realmente é está aqui e reforçada. Tenho mesmo vontade de uma coisa real/verdadeira e isso está nas minhas mãos. Deixar que, pelo menos, a minha perceção seja eficiente, que é a única coisa que eu controlo.