O Phill é um amigo escocês, conheci-o através do meu extinto perfil do Instagram (o tal onde eu me expunha bastante fisicamente). Ele começou a comentar as minhas stories não pelo corpo, mas pelo humor e passou a seguir-me. Ele comentava as stories que envolviam graças, trocadilhos, escárnios e, de facto, temos sentidos de humor muito parecidos. Isto aconteceu há cerca de 8 anos.
O Phill é uma pessoa diferente, o tipo de diferente que eu gosto. Mora nas montanhas escocesas, um pouco isolado e a família tem um negócio de criação de ovelhas. Quando o pai morreu, o Phill teve de colocar vários sonhos de lado - esquecer a sua existência enquanto homem gay - e assumir um negócio duro, que nem a mãe ou a irmã poderiam sustentar. Às vezes pergunto-me se é isso que torna o Phill tão especial, essa simplicidade campestre, a ausência de pessoas que contaminam.
Tem uma vida dura, mas está sempre bem disposto e tem sempre uma palavra carinhosa. Eu digo ao Phill que ele é "my pill of joy". Não há uma única conversa ou situação menos boa em que ele não esteja lá a reforçar-me positivamente e a mostrar o que de bom há para alcançar nesta vida e que ele tem fé em mim. A amizade (e até o amor) trata-se disto de fé, de nós acreditarmos no outro com o corpo inteiro. Eu nunca conheci o Phill ao vivo, mas partilhamos um carinho mútuo muito grande, partilhamos coisas importantes ou fazemos piadas politicamente incorretas (como as que fizemos hoje com o funeral da tia do pai dele que morreu aos 103 anos e bebia muito whisky).
Nas dificuldades de há bem pouco tempo lá esteve o Phill com a sua fé em mim "You got this Sports, remember you are amazing. I am always here for you to remind you. Message me anytime ok?". E claro que não lhe mando mensagens a qualquer hora, porque acho que quem se deita às 22h para começar a trabalhar às 4h da manhã e (seguir até às 19/20h) tem mais que fazer. Mas fico a admirar todas as maravilhosas fotos que ele posta das paisagens onde vive (em especial agora, no rigoroso inverno escocês) e as maravilhosas fotos das ovelhas. Se lhe pergunto como ele está, já sei que a resposta vai ser que está tudo bem (mesmo quando ele e o cão foram atacados por um exame de vespas, disse que a dor passava em 3 ou 4 dias).
O Phill é um homem das montanhas, um bom homem, rústico, doce e divertido. Eu gosto muito dele, ele inspira-me e faz-me querer ser melhor. É disto que precisamos, boas referências.
PS. Rosseau dizia que o ser humano é invariavelmente puro, assim nasce e depois é corrompido pela sociedade (em graus diferentes) mediante as suas interações. Acho que grande parte da boa índole do Phill vem daí, do relativo isolamento em que vive. Ou se calhar não, mas seja como for nada muda o que escrevi antes.
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