sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Mal-entendidos...

Uma das coisas que não me agradam é a insistência no uso da característica «ser gay» como uma característica de personalidade e, por conseguinte, produzir a identificação com 'o outro' por via dessa característica. Para mim existem pessoas homossexuais, bissexuais, heterossexuais, assexuadas e, eventualmente, pansexuais, tal como existem os loiros, morenos, ruivos, albinos e por aí fora. Eu tenho cabelo castanho claro e acho que isso não me une a ninguém com o mesmo tom de cabelo em termos de traços de personalidade e de valores. Que isto possa ser difícil de entender para uma maioria heterossexual que se distingue dos homossexuais enquanto grupo genérico, ainda consigo compreender. Mas dentro do "grupo" de homossexuais não me faz sentido nenhum invocar esta característica para sentir pertença ao outro. Pior ainda quando se exige que o outro aja em conformidade com um conjunto de normas de conduta "da causa" (seja lá o que isso for) sendo que esta "causa" é mais importante que os indivíduos por si só. Sou a favor da defesa dos direitos fundamentais, dos meus enquanto gay, mas também de todos os outros que vêem os seus direitos fundamentais suprimidos. E quando a "causa" é mais importante do que as pessoas que pretende defender, alguma coisa está errada. Felizmente não são muitas as pessoas que pensam assim, mas quando as encontro não deixo de me sentir irritado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo contigo!!
Há coisas que também me irritam, passei uma pequena temporada em Londres e uma coisa que não me agradou no que diz respeito à igualdade é o seguinte: Existe o restaurante gay, o cabeleireiro gay, o dentista gay... ou seja para todods o serviços publicos existe na sua maioria o serviço publico gay!! Isto não é descriminação? Eu compreendo o bar gay ou a discoteca gay, é normal estes estabelecimentos caracterizarem-se por uma tendencia ou estilo de vida, mas a o dentista gay fiquei chocado.
Sou heterosexual eacredito que não existem fronteiras para o amor, para mim seria normal ler um livro onde houvesse um amor entre dois homens ou duas mulhers sem que considerasse que estava a ler literatura gay. Porquê estes rotulos?

Blog Liker disse...

Odeio catálogos! Antes de se ser gay, é-se pessoa! E em Portugal, o termo agora parece ter virado moda, sobretudo mediática...

Menino Das Pestanas disse...

às vezes o estalinismo rosa é insuportável. As pessoas são sempre mais importante do que a causa per se...

Fred disse...

Um passo de cada vez meus amigos. As mulheres demoraram décadas até serem consideradas "iguais" aos homens e ainda hoje existe uma grande divisão para algumas mentes. É compreensível o vosso sentimento e sobretudo de louvar que num país como Portugal, ainda consigam afirmar-se como são sem qualquer constrangimento seja ele pessoal ou colectivo. Eu sou a favor da união da humanidade em geral e também gostaria que não houvesse divisão entre nações. Sei que é demasiado idealista da minha parte mas se pelo menos os que amo pensarem assim, posso dizer que o meu mundo é de facto um mundo melhor.