segunda-feira, março 06, 2023

Viagem higiénica

Tal como fiz em 2014 - ao ir a Istambul - resolvi viajar sozinho a um lugar que pudesse ser bom para mim e deixar que o mesmo me ajudasse a processar sentimentos e ideias. Escolhi o Porto porque é uma cidade que gosto muito e não ia lá há muito tempo, demasiado tempo.

Fui de autocarro e aluguei um Airbnb no Bolhão. Foi uma viagem muito feliz. Tive tempo para estar comigo fora das minhas coisas, das minhas pessoas, dos meus lugares. Tudo foi uma novidade. 

Estava um sol radioso quando cheguei na sexta e no sábado manteve-se. Fartei-me de andar, de tirar fotografias à cidade e de simplesmente apreciar o ato de poder existir e de não precisar de mais nada.

Na sexta fui para o Lusitano, adoro a música e não me defraudou mais uma vez. Pedi um gin, encostei-me à cabine do DJ e comecei a dançar. Fechei os olhos e dancei muito. A dada altura estava a sorrir. Apetecia-me sorrir e percebi porquê. Estava feliz, a fazer exatamente o que queria, algo que me fazia bem e sozinho. 

É um poder enorme podermos ser felizes sozinhos. Lembro-me que a última (e talvez única vez) em que senti isto foi em 2008 e permitiu-me os tempos mais extraordinários da minha vida. Fui tranquilo durante muito tempo. 

No domingo, fui almoçar com um querido amigo que nem sabia se teria a oportunidade de o ver. De volta ao centro, nem me importei com a chuva que tinha lavrado todo o dia. Entrei no autocarro de volta para Lisboa e acabei o livro que tinha começado na viagem de ida. 

O coração veio tão cheio. Tenho uma tranquilidade hoje que não tinha há dias. Sou completo.

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