segunda-feira, abril 09, 2012

Angelina Jolie... e o que realmente importa.

Angelina Jolie realizou um filme. Ela é Angelina Jolie a "estrela  mundial", metade do casal mais mediático e bonito do mundo. Mas antes disso é a Angelina Jolie "civil", uma mulher que antes da aquisição do referido estatuto já realizava trabalho benemérito e humanitário e que assim que teve bastante dinheiro começou a financiar projectos de educação e apoio alimentar.

Angelina Jolie, civil, realizou um filme sobre o atentado à dignidade humana que foi a guerra na Bósnia, facto sobre o qual o mundo colocou uma ligadura colorida como que a dizer que está tudo bem, mas por baixo a carne continua em ferida, em especial a das mulheres que serviram como escravas sexuais aos soldados sérvios e a das famílias que viveram a tortura e o extermínio dos seus entes queridos.

Angelina Jolie, estrela mundial, devia ter nome suficiente para suscitar a curiosidade sobre o seu filme e colocar na agenda a regeneração de um país que não se está a fazer e continuação do segregacionismo étnico.

Os média em geral estão interessados na possibilidade de Angelina Jolie ser anorética, na possibilidade de adotar mais um filho, do seu casamento estar em risco, de ter colocado enchimento nos lábios, de deixar que a sua filha mais velha possa vir a ser lésbica e toda uma miríade de coisas que não interessam a ninguém... bom, antes fosse. Interessa às dezenas de milhares de pessoas que compram essas notícias. E essas pessoas não se interessam muito pela Bósnia, nem por direitos humanos.

Os críticos, criticaram. E voltaram a criticar. Grande parte das críticas sobre a pessoa e não sobre o filme. Talvez se ela fosse uma mulher feia, casada com um homem feio, o filme até andasse por todos os festivais de cinema independente a receber louvores. Também os críticos, as pessoas segregam. As pessoas bonitas que fazem filmes comerciais não podem fazer filmes inteligentes e/ou humanitários.

Fico a pensar que se não se consegue olhar para a Angelina Jolie sem segregar a "estrela" da "civil" e sem sobrevalorizar a o sistema sobre a pessoa. Talvez não consigamos nunca resolver o segregacionismo onde ele existir.

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