quinta-feira, maio 06, 2021

Novas Cartas Portuguesas faz 50 anos - IV

Excertos das Novas Cartas Portuguesas

Primeira carta última e provavelmente muito comprida e sem nexo

Digo-vos, pois, “boas festas”, que quando me acometo assim para nada, 
e apenas me deixo em herança o indispensável, 
então é cada dia, sem data que dos outros seja, o meu natal, 
onde me consinto existir sem esse esforço do claro que aos outros não parece matar.
E de onde me ponho, tudo reconheço e muito pouco escolho; 
um só pacto sempre adiado (…)
A postura da espera definitiva 
que desconversa dia-a-dia sem resolução com a esperança que insiste.
A diferença de sexos e outra,  diferença na condição humana (ah, les gros mots)
Faz lugares de vácuo onde não se passa nada.
Quanta força centrífuga  tem a roda, manas. 
Meu lugar não escolhido – mind you – é o centro, a asfixia provisória.
Na saga das famílias pedimos, pois, nós os ausentes,
desculpa por estas e por outras interrupções.
O programa é para ser alterado.

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