segunda-feira, janeiro 30, 2023

Finalmente a paz.

A relação mais longa que tive na minha vida (7 anos e 3 meses) foi com o Luís. Era um rapaz muito bonito quando o conheci. Mas foi aquela voz extremamente grave e profunda, que nos aquecia quando falava, que me atraiu mais. A relação com o Luís foi tudo menos fácil - parece que eu tenho tendência para escolher pessoas com coisas emocionais para resolver. Um dia, por mera casualidade, descobri o porquê daqueles demónios interiores e acho, sinceramente, que ninguém devia ser obrigado a viver com tanto sofrimento encerrado dentro de si - mostrando não obstante um exterior amável e divertido.

Hoje numa igreja dos arredores de Lisboa, o Luís está a ser velado. A doença que o perseguiu em vida levou finalmente a melhor aos  50 anos. Quando me enviaram uma mensagem a dizer que ele tinha morrido, só consegui pensar que o sofrimento acabou. Ele nunca mais será obrigado a lidar com a sua história, com a pouca sorte, com a malvadez. O Luís era teimoso como um burro, inflexível, mas era um homem bom, não sei se muitos com a história dele teriam conseguido ser bons também. O Luís era um homem bom.

2 comentários:

Francisco disse...

Paz à sua alma

Custa-me ler estas notícias onde pessoas mais novas do que eu, já partiram deste mundo

Abraço

silvestre disse...

Poie é Francisco, é mesmo estranho quando "os nossos" começam a morrer.