sábado, abril 24, 2021

A Ausência de Carlos

Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência. 

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres, 

porque a ausência, essa ausência assimilada, 

ninguém a rouba mais de mim.

by Carlos Drummond de Andrade

4 comentários:

Francisco disse...

Penso que a ausência prende-se com a maturidade de cada um, mas isto sou eu a dizer coisas

Abraço

silvestre disse...

Tens toda a razão. Achei tão bonito o poema.

Ricardo Pereira disse...

Tão bonito :)

O Mutante disse...

Sr. Silvestre,

Poema bonito.
Deveras bonito.