sexta-feira, janeiro 28, 2022

O meu chefe

O meu chefe (no atual instituto) é um homem bom e ético.  Disse-me que gostaria de me ter apanhado há uns bons anos atrás quando eu era somente força, criatividade e crença. Tem pena de me ver tocado por um certo amargo que me faz, muitas vezes, agir "olho por olho, dente por dente". Tem sido um apoiante das minhas ideias desde o meu início no serviço e não tem medo de quem quer trabalhar com autonomia. 

Como críticas aponta-me o facto de eu ser muito cru e rematar algumas das minhas intervenções públicas com a visão que tenho da administração pública e apresentar exemplos práticos que a descredibilizam. É um diplomata, um conciliador, crê que mostrar cruamente a verdade negativa antagoniza as pessoas e eu faço-o muitas vezes.  Lamento quando o desiludo nesse sentido. Acho-o um homem brilhante, mas demasiado cordial e isso pode ser uma fraqueza. Já diria a minha mãe que "quando nos baixamos demasiado mostramos as cuecas". Deviam existir mais pessoas como ele, mas quando a maioria não é como ele, ele deveria saber defender-se.  

Disse-me que admira o facto de eu, mesmo sabendo que sairei dentro de pouco tempo, não baixar a qualidade do meu trabalho e até tentar deixar o máximo de propostas para o futuro. Faço-o por ele. Porque ele é decente, porque merece o meu esforço. 

Hoje disse-me também que me acha muito inteligente e que admira o meu espírito independente, e tem pena de que eu esteja sempre pronto a esfregar verdades amargas na cara de quem se porta menos bem. Queria ter-me conhecido noutros tempos, antes de sofrer as agressões pelos vícios administração pública, para que eu fosse mais como ele, mais pacifico. 

Não sei quem tem razão, não sei se é a melhor política ser assim. Sei, contudo, que o admiro como pessoa. A bondade, a verticalidade, o estímulo. Já "rasguei" a direção para o defender, porque achei que alguém tinha de o fazer. Queimei-me eu, mas valeu a pena. Menos um sapo na minha garganta. 

4 comentários:

Francisco disse...

Parabéns

Magg disse...

"quando nos baixamos demasiado mostramos as cuecas"...verdade mas depois lembro- me que há pessoas que não usam nada por baixo e aí mostrar o ** assume uma acção diametralmente oposta. 😁

silvestre disse...

OMG Magg, agora vou ficar a imaginar o homem com o rego de fora :D

Lobo disse...

As pessoas não gostam de sinceridade, mesmo quando berram que sim. Na AP na maioria das vezes é melhor ficar calado, porque as pessoas não gostam de ser questionadas ou que se questione o procedimento das coisas. Eu sei do que falo (LOL).