quinta-feira, novembro 27, 2025

Mood até ao final de 2025

O meu gato é lindo



Pronto. Era mesmo só isto.

Feminino

Desde que acabei o meu relacionamento que tenho procurado fazer coisas bem diferentes do meu costume nesta situação; uma delas é procurar a companhia de mulheres. Tenho muitas amigas de diferentes idades e tem sido belíssimo esse convívio com o universo feminino. Há tanto a aprender destas vozes. Hoje passei mais uma noite no feminino, com boa comida, boa bebida, muitos risos, algumas lágrimas e partilhas profundas de parte a parte. Tenho-me sentido muito humilde perante esta força tranquila que as caracteriza. Gosto muito quando alguém me faz sentir humilde perante si, sinto que é uma terra fértil e que tenho muito a ser acrescentado por esta pessoa. Que bom que as mulheres na minha vida continuam a crescer.

Opostos

Há pessoas que são como um buraco negro, sugam toda a energia à sua volta. Há pessoas que são como luminárias, levam luz ao mais interior de nós. Que bom é quando partilhamos momentos com o segundo tipo.

terça-feira, novembro 25, 2025

Outono

Ás vezes não estamos preparados para o Outono. Não sabemos o que fazer.

Esquecimento

Hoje passei de mota na baixa pelas 20h. Vi a árvore de natal e o palácio com luzes. Lembrei-me de que é natal. Este ano a quadra têm-me caído no esquecimento.

segunda-feira, novembro 24, 2025

Feet in the Water



Feet in the Water - Eva & Manu

I see the waves embrace the shoreI've got my feet in the water, feet in the waterI'm speaking in a brand new tongueConfidence flying... high and free.

sábado, novembro 22, 2025

O choro da minha mãe

Sendo a minha mãe uma mulher estóica que desde a morte do meu pai (há 27 anos) tinha chorado 3x, e que foi ensinada a tudo aguentar, foi muito impactante para mim vê-la chorar de dores. A dor física nunca foi um problema para ela, mas finalmente era insuportável. Após a operação, essa dor cessou.  Mas hoje descobri-lhe outra dor que me fez doer mais ainda e amá-la mais ainda. Ela está dependente de mim e do meu irmão e tem sido complexo ajustar esse cuidado diário com as nossas vidas. Hoje ao almoço ela começou a chorar de novo. Uma dor emocional desta vez. Eu perguntei-lhe "mãe o que isso? Estás a chorar porquê? ". A resposta dela foi "porque eu pedi tanto a Deus que nunca me fizesse dar trabalho aos meus filhos e eu vejo que vocês andam esgotados. E eu estou aqui desta maneira e nunca mais volto a ser eu". É verdade que andamos esgotados, mas a reação dela só me mostra que esta mulher define-se, para si, como mãe e esposa e mesmo doente - na sua cabeça- ela é a mãe e o papel das mães é cuidar dos filhos, os que agora andam esgotados e que ela queria cuidar. É por isso que a amo tanto, por ser mãe sempre, mesmo na sua fragilidade continua a querer colocar os filhos debaixo da sua asa. O choro da minha mãe é para mim uma coisa triste, vindo da mulher que tudo aguenta. Mas, ao mesmo tempo, a razão dele faz-nos sentir que cuidar da nossa mãe é mais que uma obrigação moral. É o amor a fazer o que tem de fazer: cuidar. 

sexta-feira, novembro 21, 2025

Paciência

Está a ser uma conjugação difícil, trabalho, doutoramento, tratar da mãe e não deixar de fazer as coisas que me dão estabilidade emocional e permitem relaxar (ginásio, aulas de dança, ler, tempo de qualidade com o gato). Penso que será assim mais umas duas semanas. Tenho saudades de ler um livro de ficção. Tenho saudades da minha casa cheia de risos e conversas. Mas tudo a seu tempo. A tristeza acontece e a felicidade também, só é preciso ter paciência. 

terça-feira, novembro 18, 2025

Tatuagem

O meu plano de fazer 4 pequenas tatuagens continua. Uma delas é uma frase com três palavras dita pela Irantzu quando nos conhecemos em 2006. Lembrei-me que seria mais especial se eu conseguisse que fosse na caligrafia da própria e hoje a mãe dela disse-me que vai procurar essas 3 palavras nas coisas escritas que ela deixou. Se tal for possível vai ser não só uma homenagem, mas um talismã. Há pessoas que são um acontecimento, um privilégio, e eu tive o privilégio de poder ser inspirado por ela para o resto da vida.

É engraçado

É engraçado de ver como este blogue é de facto uma espécie de terapia para mim. O meu ano tornou-se muito complicado a partir de maio e as postagens foram aumentando ou diminuindo concomitantemente. Outubro (ou o olho do furacão) foi o mês em que mais recorri ao Silvestre porque de facto a expressão ajuda, passar para palavras pensamentos, ou simplesmente marcar para a posteridade o que será sempre bom de reler. Retomei hoje o diário em papel depois de algum tempo de interrupção. Começou em Julho e foi um diário triste e sofrido (apesar de esperançado e cheio de amor). Hoje foi dia de escrever aprendizagens, balanços, uma prestação de contas a mim mesmo. Perceber que somas e subtrações feitas, o resultado é positivo. Podemos perder o norte do que realmente é, porque a vida não é linear; hoje estamos bem, outros dias mal e outros dias bem e novamente mal, e tudo isto com intensidades diferentes. então faz bem, de vez em quando, prestarmos contas a nós próprios e vermos que existe um motivo para se estar grato no fim dessas contas. O Silvestre é uma prova continua de resiliência e uma prova de vida. A minha vida está viva e regenera-se. 

Bilbao

Vou, finalmente, visitar o lugar de descanso da minha amiga Irantzu. Tenho a certeza de que vai ser muito especial e que algo de transformador irá sair desta viagem.

segunda-feira, novembro 17, 2025

Abstinência

Desde que terminei a minha última relação que não voltei a envolver-me sexualmente com ninguém. Quando terminei a minha penúltima relação enjoei doces, estive 10 dias sem vontade e depois pensei "se estive 10 dias sem comer e não me custou, porque não continuar?". E eu que era um consumidor ávido de açúcar passei a  comer doces apenas socialmente. Nesta última relação aconteceu algo de idêntico mas relativo ao contacto íntimo, "se não for para ser significativo, para quê envolver-me com alguém nessa dimensão?". Por conseguinte, sigo fora do "mercado", mas muito bem assim. Dizem os sábios que o crescimento só acontece quando deixamos de repetir a mesma versão de nós próprios. 

sexta-feira, novembro 14, 2025

Raíz

A minha mãe saiu do hospital e está ainda bastante debilitada. Pensamos em várias soluções para lhe dar apoio, uma vez que está dependente. Mas estava aqui qualquer coisa a não bater certo dentro da minha cabeça. Tanto eu como o meu irmão podemos trabalhar em teletrabalho e ninguém vai cuidar melhor da nossa mãe do que nós. Por isso foi o que exigi ao meu irmão, que viéssemos nós cuidar da nossa mãe - que sempre cuidou (e muito bem)  de nós. Desde ontem que percebi que há qualquer coisa de muito calmante nisto. A minha mãe é a minha raiz (tal como era o meu pai), ao alimentar a minha raiz estou a fazer muito por mim, estou a nutrir-me também. E se os últimos tempos têm sido uma loucura, hoje de manhã comecei a sentir uma nova camada de paz, e foi bom ver como ela está mais calma também. 

quarta-feira, novembro 12, 2025

Aquela senhora ontem...

Ontem encontrei uma senhora que nunca tinha visto. Nos 50 minutos de conversa ela disse-me algumas coisas cheias de sentido que, de certa forma, me aliviaram do desgaste do último mês e me criaram alento. Não esquecer sobre o foco, saber que quem interessa está atento, e não deixar de desejar ativamente muita luz e clareza a quem deseja mal, para que quem não está em paz consiga a sua paz. É só isso que desejo, para mim e para os antagonistas: paz.

Wonderful life



Wonderful Life - Black 

No need to run and hideIt's a wonderful, wonderful lifeNo need to laugh and cryIt's a wonderful, wonderful life.
Wonderful life.

terça-feira, novembro 11, 2025

São Martinho

Hoje é dia de São Martinho, uma das datas que a minha mãe adora celebrar com um jantar na casa dela e este ano ela está no hospital a recuperar da operação. É um sabor estranho a que se junta a nostalgia do ano passado em que a pessoa com quem estava foi apresentada à família e sentia eu que a família estava completa. 

No doutoramento temos falado muito sobre filosofia e os filósofos da natureza. Vale a pena guardar que na natureza nada se perde e tudo se transforma e os organismos adaptam-se. É ir adaptando.

segunda-feira, novembro 10, 2025

Espartano

Estou a viver o meu luto do modo mais espartano possível. Nem sabia que era capaz disto, mas é apenas o culminar das decisões que tomei em Julho. Tudo começou ali e tudo finaliza aqui. O homem completa-se.  

Lembranças

Neste dia, há um ano atrás, estava eu a montar a árvore de Natal gigante que tinha comprado no dia anterior. Lembro-me tão bem do sentimento que tinha e de como pensava que essa árvore de Natal seria partilhada para sempre com a pessoa com quem a estava a fazer, afinal foi por ela que montei uma árvore de Natal tão cedo. 

Um ano depois a vida é completamente diferente. Sou invadido pela nostalgia, pela transparência da lembrança. E são estes momentos de vazio que continuo a viver sozinho, sem distrações para lá dos amigos - presentes quando as suas vidas permitem estarmos juntos. 

O consolo vem de acreditar que na natureza nada é vitória ou derrota (como dizia o autor), tudo é e tudo está em movimento. Fluxo perpétuo. 

A Madonna diria assim...

"I'm not your bitch don't hang your shit on me".

Segunda -feira

Hoje é segunda feira e acordei feliz. Voltei a gostar de segundas-feiras, parece. Acordei cedo, lavei e estendi roupa e já estou a trabalhar. Hoje a minha mãe é operada e vai tudo correr bem, porque não pode correr de outra maneira. As segundas feiras costumavam-me dar-me sensação de futuro,  porque, para mim, era realmente o primeiro dia da semana e isso deixa em aberto o potencial de imensas realizações durante os restantes dias.

Ontem apercebi-me - por muitos factos - de como me "desviei da bala" e me salvei. Depois de ter dormido, acho que acordei com essa sensação de alívio e de esperança no futuro. Tenho muito a integrar e estou a fazê-lo, e em paz. Quem bom que é segunda feira, vou fazer esta semana valer a pena.

domingo, novembro 09, 2025

Amigos

Hoje passei uma tarde muito bem passada a qual quererei recordar sempre porque - em conteúdo - foi pivotal para a compreensão da vida que vivi no último ano, e porque - em sentimento - foi muito genuína e saudável. A corda de amizades não acabou, continua a ser tecida.  

Descobri uma "Loja do Chinês" na margem sul que é qualquer coisa. Tenho de voltar lá para investigar melhor. Hoje passei com um objetivo preciso e por isso não me pude demorar, mas assim que puder vai ser estupendo.

sexta-feira, novembro 07, 2025

Luto

Acho que no passado, depois do término de uma relação (não todas), avancei rapidamente para contactos sexuais só para dizer a mim mesmo que tinha superado tudo e poder encerrar o assunto. Penso que isto seja, talvez, relativamente comum entre homens gay. Mas fazer isso nunca foi nem força nem superação nenhuma, foi apenas medo de encarar a dor e a verdade de que estava incomodado e desconfortável; então acho que escolhi calar esses sentimentos, o que simplesmente aumentou um vazio que me fazia mais necessitado de contacto e, por conseguinte, fraco. 

Desta vez estou a seguir um caminho diferente. Simplesmente não estou a negar o meu luto, estou a assumi-lo com toda a sua dor nas ausências, com toda a dor das lembranças, porque não nego o amor que existiu (o amor que existe) e sem sentir este abalo não há cura. O racional diz que a vida seguiu, mas o afeto diz que não. A vida não seguiu nada, a vida está parada e a ferida está aberta, apesar de não estar ignorada. Superar não é apagar o outro, fingir que a ferida não existe. Nesse caso seria a ferida (prolongada) que iria acabar por me controlar - como sempre. 

Assim sendo, quem está no controlo sou eu. Quero sentir isto até ao fim, sem vergonhas, sem afetações. Estou quebrado e pesado, mas a dor vai deixar de ser um peso e vai transformar-se em compreensão e, no seu tempo, em aprendizagem. Não tenho de provar a ninguém que estou bem. Estou mal e não há problema nenhum com isso. Estou em abstinência sexual e emocional e é porque não estou resolvido e não há problema nenhum com isso. Coragem não é avançar e fingir que nada aconteceu, coragem é a honestidade connosco próprios, dizermos que não há pressa. Sabermos e aceitarmos que estamos colapsados é o maior sinal de força no momento. Reconhecer a verdade não assusta e a seu tempo cura - por inteiro - até voltarmos a caber no que normalmente/realmente somos. Pela primeira vez sei que estou num bom caminho, porque não me importo de sentir o luto e isso faz-me estar comigo, apenas comigo. 

O caos reduz

A minha mãe já  tem operação marcada para esta segunda feira. É uma fatia importante do caos que se resolve.

Dança

Dançar sempre foi muito importante para mim. Era pequeno e já gostava de ver a música sair pelo meu corpo em forma de movimento - é uma lembrança feliz. Talvez por isso tenha decido ter lições de dança/movimento contemporâneo, nesta altura em que estava/estou a precisar de algo que me conecte a um estado de espírito positivo. Hoje tive a primeira aula. Quando saí de lá, a voltar para casa de mota, estava feliz.  O ar frio na cara, o corpo dorido e um sorriso. 

quarta-feira, novembro 05, 2025

Tempos confusos

Talvez nunca esqueça este Outubro de 2025. 

Uma vez vi um filme chamado "A tempestade perfeita" protagonizado pelo George Clooney, uma dramatização de um acontecimento real que levou ao desaparecimento de uma embarcação de pesca. Três tempestades juntaram-se dando origem à tempestade perfeita. 

Nesse agosto de 2000, poucos dias depois de ver o filme, chegava à minha vida - também - a tempestade perfeita . Nunca senti um nível de dor e de impotência tão grande. Aqueles acontecimentos traumatizaram-me profundamente ao ponto de nunca mais conseguir cantar uma canção que estava sempre a cantar naquela altura, como se isso me fosse trazer um enorme azar. É estupido. Mas o cérebro não quer saber da racionalidade das coisas a maioria das vezes. Lembro-me que esse evento de 2000 levou uma grande parte da minha ingenuidade, da minha alegria; tornei-me obcecado pelo controlo de tudo o que interagia comigo. 

Foram precisos alguns anos, para que eu voltasse ao normal, desgastando amizades e a vida familiar com a minha obsessão e desconfiança permanentes. Em 2006, outro evento difícil de integrar, leva-me ao ponto mais baixo da minha saúde mental. No processo de reabilitação fiz acordos comigo, coisas que nunca poderia esquecer e das quais tinha de tratar em nome próprio. Comecei - por fim - a ser verdadeiramente feliz. Fiz boas escolhas e essa felicidade durou 8 anos. Foram tempos em que estive presente e centrado.

Algures em 2014 mudei radicalmente de hábitos. Eram os tempos de novidade que se viviam e embarquei nessa onda, por curiosidade. Porque não? Pensei. Se os outros conseguem eu também consigo. A curiosidade não matou o gato, mas desorganizou o gato, que se viu em extremos onde 6 meses antes não se imaginava. 

Quis voltar à minha tribo e aos meus códigos, mas algo correu mal. É quase como se as trilhas de cheiro se tivessem misturado e o caminho estava dúbio. Não encontrei a minha tribo. Apesar de achar que estava viver nela e dentro das minhas convicções. Mas estava agora num meio novo, outra geração, outro tipo de gente e a viver de acordo com eles, mas sem dominar o que estava a acontecer. Estava a construir a vida privada com uma pessoa, sem saber exatamente e que estava a fazer, acreditando que ainda era o que sempre tinha sido, a criar justificações para este "erro de casting" e os que se seguiram. É quase como se existisse a realidade e uma realidade fantasma a perpassa-la, onde eu me movia realmente.

Por força do destino, esta realidade nublada encontrou-se com a realidade real. Há pessoas que nos tocam de uma maneira em que tudo é espelho. Nesse espelho vi muitas coisas, umas mais rápido, umas mais lento e começou a partir-se essa camada de "ser" agarrada à alma antiga, o ser que final não era. A névoa dissipou-se, mas não sem dores, não sem custos irrecuperáveis. O amor tem destas coisas, o amor da nossa vida pode não ter vindo para ficar. Não deixa de ser o amor da nossa vida, deixa de ser o amor para nossa vida.

Há uns meses atrás citei aqui "A vida não começa aos 30 ou depois dos 40. Ela realmente começa quando você deixa de ser besta" e ainda "Imagina ler um livro em que nunca podes voltar à página de trás. Com que atenção lerias esse livro? Assim é a vida". E de repente aos 51, tive a certeza de que posso redefinir o momento em que passo a estar presente e consciente de novo. 

A consciência é um estado tramado porque não só o desejável fica claro como cristal, como o não desejável também se evidencia, na luz nada se esconde, todas as imperfeições (das maiores às mais pequenas) estão ali visíveis. Renascer de uma morte pode ser das ironias mais cruéis que existem, mas acontece e não se está treinado para isso, para as ironias da existência, para a crueldade das assincronias. Eu pelo menos não estou preparado.

Os últimos três meses e meio foram dos meses mais tristes, mais incríveis, mais desafiantes, mais belos, mais desgastantes, mais produtivos, mais melancólicos, mais esperançados que já tive emocionalmente. Tudo ficou - de repente - tão claro que me sinto confuso, o meu cérebro não se habitua. Tenho tentado treinar o cérebro e não consigo. 

Poderia ter o consolo de saber que a paz vem quando tiramos da nossa mente o que não conseguimos controlar, mas a mente é ardilosa. As opiniões das outras pessoas, as noticias, o passado, é fácil. Mas a realidade é que não estou em paz. Estou muito triste. E neste processo de luto, o presente recusa-se a ficar passado, ou melhor dito, o passado é ainda presente e não sei quanto deste passado será ainda futuro. 

Os passados são tramados. Adoecem o presente. Quando a mente não consegue distinguir o que é o quê. O passado envenena o presente, e o ego reage com todos os seus medos, pânicos, inseguranças e sistemas de preservação e ataque. Dois egos em luta e lá, bem no fundo, já esquecidas pelo outro e pelo próprio, a verdadeira essência de cada um em ausência de relação, em amor solitário, em sofrimento, quando nada tinha de ser assim. E não há volta porque o ego precisa de um enredo onde é vítima injustiçada e incompreendida. Este sofrimento do ego dá um sentimento de identidade. E já nenhum se lembra que o amor não é sofrido. Que isto é tudo uma outra coisa. Nenhum fica a ser o que realmente é, e que não voltará a ser com o outro, não aqui neste tempo presente. É deste relento, que morre a conexão. Não o sentimento.

Então são tempos muito confusos. A única coisa que se procura são lugares seguros, e a única coisa segura são os amigos, os amigos que sabem tudo de nós, que ouvem tudo de nós, que nos falam qualquer coisa sem medo, mas sempre com amor. De um lugar de amor que não está sofrido, que não faz a crítica ser ataque, que não faz a análise ser julgamento. Amor simplesmente. 

Mas estes tempos são confusos. No final de outubro deste ano de 2025 tive a minha nova "tempestade perfeita". A morte de uma relação (pela qual estou profundamente grato), a doença/sofrimento da mãe, a minha própria doença de novo a atacar. Não obstante, esta última relação tirou o véu que me cobria a realidade fazia tanto tempo. Estou aqui sem fantasia, sem justificações. O que é, é. O caos existe neste momento, mas o caos é apenas uma soma de coisas amalgamadas numa bola grande e assustadora. Se o cortarmos às fatias e se resolver uma coisa de cada vez, ele deixa de ser caos. 

Em tempos confusos há que praticar a arte da paciência (na qual não sou particularmente dotado) e acreditar que na desordem global, sempre se criarão polos de ordem local. As leis da relatividade também se aplicam aos indivíduos, a nossa visão deve estar ciente disso. E é tudo.  

Amigos

As minhas amizades variam entre 3 e 37 anos. Tem havido um movimento bastante bonito de apoio pela passagem da "tempestade" não prevista. Isso é bom de sentir.

terça-feira, novembro 04, 2025

Meter as pilhas

A minha mãe telefona-me a chorar porque já não aguenta tanta dor e a operação foi marcada para o fim do mês. Quando a campeã do sofrimento em silêncio se encontra neste estado, eu entro em desespero. Queria metê-la no meu colo e dizer que vai tudo correr bem, porque vai, mas metê-la no meu colo ir fazer-lhe dor também. Queria protegê-la disto, como ela me protegeu a vida toda, ser o "pai" agora.  Não sou pai, sou o filho, e sou adulto. É o que basta. Estou a meter as pilhas e tentar resolver os problemas, este e os outros que foram caindo este mês (os grandes e os pequenos), estou no olho do furacão. Mas que digo a mim mesmo, para me manter firme? Problemas reais têm as pessoas em Gaza. Aqui, na vida que tenho, o caos deixa de ser caos quando se resolve um problema de cada vez. Há que ter paciência. Há que continuar, foi por isso que há 10 anos tatuei a minha perna "má" com o Wawa Aba. Mas o que está ali sempre, com o tempo acabamos por tomar por certo e adquirido. Esbate-se. 

Olhei para esse símbolo de novo. Vou resolver uma coisa de cada vez, com perseverança, uma por uma. Ninguém me prometeu o paraíso quando cheguei à idade adulta. O mundo é um lugar imprevisível onde tudo pode acontecer e há que estar à altura. Temos sempre os nossos lugares seguros, onde podemos ser vulneráveis e expirar e (porque não) até chorar. E depois começar tudo de novo no dia a seguir. Porque estamos vivos. Tudo só acontece a quem vive, o mau, mas também o bom.

segunda-feira, novembro 03, 2025

Bugonia

Yorgos Lanthimos tem tanto de genial como de louco e neste último filme não consigo bem decidir de que lado ele estava quando o realizou. Emma Stone começa a entrar na categoria das minhas atrizes fetiche porque ela é efetivamente de uma versatilidade enorme. Ainda bem que se tornou a musa deste realizador que a leva ao limite da arte da representação. 

De novo o filme: ele brinca com o "envenenamento" que a Internet nos provoca. Apesar de ser uma comédia é profundamente perturbador e negro. O filme é desagradável de ver, pela loucura do argumento e dos personagens, mesmo pelo modo como é filmado, mas é intrigante de uma maneira quase suja.  E somos tomados pelos juízos de valor, para no final sermos nós julgados e ridicularizados pelo realizador com o término da história.

Ontem pensei que não tinha gostado muito. Hoje, depois de ter literalmente dormido sobre o assunto, achei muito bom. Pela irreverência e pelo ridículo a que fui submetido (muito inteligente).

17/20

As Horas

Laura Brown.

Estrelícia

Tenho uma planta nova - gigante. Sempre quis ter na sala uma estrelícia gigante, era isso ou uma bananeira. Realizou-se o sonho por acaso.

Metáforas

Quando se vai para reabilitação por motivos de adição, há uma dor física e psicológica por via da abstinência da substância viciante. O que dizer ao meu cérebro ou será ao meu corpo ou será aos dois?

sábado, novembro 01, 2025

Casa

O mais ensurdecedor de todos os silêncios.

Onde há amor...

Cuidar da minha mãe é terapêutico. 
Onde há amor ninguém se lembra de desamor.