segunda-feira, junho 27, 2022

Elvis

O Elvis Presley é um estranho a ninguém. O artista a solo mais bem sucedido de todos os tempos faz parte da cultura popular, mas do homem pouco se sabe. Sabemos muito do ídolo e da figura pública. O filme do Baz Luhrmann vem mostrar um pouco do que está do "outro lado do espelho" e satisfaz. É de certa forma um forma triste, deixa um sabor amargo no fim. É, contudo, fiel à história do mito que também deixou um sabor amargo no final. Vale a pena recordar as músicas e o talento. O filme é...Baz Lurhmann total em estilo. O resto é uma história bem contada. 

15/20

sexta-feira, junho 24, 2022

Como fazer renascer com brutal sucesso uma música dos anos 80


Criar momento em torno da progressão melódica e da letra, com resultados épicos.

quarta-feira, junho 22, 2022

O ovo que não é ovo

A Plantalicious, empresa portuguesa, criou o happieggs, uma alternativa 100% vegetal ao ovo de galinha. Sem conservantes e produzido a partir de extratos vegetais, entra no mercado nacional no próximo semestre. A notícia
aqui
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terça-feira, junho 21, 2022

Mortinho, mas...

Desvitalizei outro dente. Hoje dói-me o maxilar e a bochecha. Dormi mal e estou rabuja. Mesmo morto o nervo volta em forma de fantasma para me atazanar. 

Ou sim ou sopas?

Situação:

A pessoa X acredita completamente na pessoa Y, mas em situações que tradicionalmente a deixam desconfiada, imediatamente desconfio da pessoa Y. 

Análise:

A pessoa X confia mesmo plenamente na pessoa Y ou confia apenas, condicionalmente, contando que não passe por situações que tradicionalmente a deixam desconfiada? No momento, pelo desconforto, a pessoa X desconfia e, mesmo dando o benefício da dúvida, pensa que a probabilidade de estar a ser enganada pela pessoa Y é enorme. 

Resposta:

Dar benefício da dúvida quando tudo está bem, não é confiar. A pessoa X limita-se a não desconfiar da pessoa Y quando está confortável com tudo. Portanto, não confia efetivamente, confia assim "mais ou menos" ou, mais precisamente, não desconfia a maior parte do tempo. 

Epílogo: 

"O cão não ladra por valentia e sim por medo".
- Provérbio Chinês

"Só percebemos o valor da água depois que a fonte seca".
- Provérbio Popular

"Dê sal primeiro às vacas gordas"
- Provérbio Brasileiro

segunda-feira, junho 20, 2022

Mundo Jurássico: Domínio

Que seca descomunal! Encerrar uma trilogia deveria deste género deveria envolver mais cuidado com o argumento, com a ação e por aí fora. Deve ser o equivalente cinematográfico à última temporada do Game of Thrones. Nem olhar para o Chris Pratt durante duas horas e meia salva aquilo. 

11/20 

Top Gun : Maverick

Fui ver um bocadinho pela nostalgia. Tinha 12 anos quando saiu o primeiro e andávamos todos malucos com aquilo (talvez eu andasse mais maluco com o Val Kilmer de 1986, mas pronto) e, claro, é quase como a obrigação de ir visitar a tia-avó que voltou do estrangeiro.

Fiquei muito surpreendido pela positiva. O filme está muito bom do ponto de vista dos efeitos especiais, mas tem um argumento credível, tem um desenrolar escorreito e faz sentir bem. Consegue oferecer o que um filme de ação clássico oferecia, mas apelando ao moderno e tecnológico. 

15/20

quarta-feira, junho 15, 2022

Desenterrar os anos 70 - 24


Born to Run  - Bruce Springsteen

Desenterrar os anos 90 - 22


Live Forever - Oasis

Entusiasmo

Fazer uma surpresa a alguém carrega um misto de entusiasmo, expectativa e receio. Para já a minha expectativa é que o namorado goste muito da surpresa. Andava a "mastigá-la" há algum tempo. E se ele não liga nada a aniversários, eu acho são sempre uma data feliz. Para já estou super entusiasmado.

Cheiros

Comprei um novo perfume. Desde Setembro já foram quatro, mas apenas dois deles é vieram para ficar. Bleu Noir de Narciso Rodriguez e Phantom de Paco Rabanne (os outros dois espera-se que acabem). E pronto é a isto que cheira o Silvestre. 

terça-feira, junho 14, 2022

Monument



Monument - Röyksopp feat. Robyn

Quem vê caras...

Disse-me a mãe de uma amiga em tempos:

- Nem posso acreditar que aquele querido fez uma coisa daquelas, tu é que tens ar de cabrão. Se tivesse de imaginar que um dos dois era assim dizia logo que eras tu. 

Mas já cantava o Caetano "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Parece que a minha imagem passa muitas ideias erradas. 

Limites

Não sei impor limites às pessoas a quem estou ligado afetivamente. Depois acabo por me sentir contrafeito, coagido e restringido, mas sou eu que abro a porta a porta ao "abuso" e o legitimo. Ao procurar agir de igual forma não encontro reciprocidade, porque os outros têm os seus limites bem definidos e a frustração acontece. Não é exatamente simples  de reverter, acho que passei uma vida a tentar ser agradável para todos. Mas a meia idade faz-nos pensar. A caminho dos 50 há muita coisa que quero ver mudar. 

Breathe in /Breathe out

Ontem aprendi a estar presente através da respiração e de programação neurolinguística. tenho de treinar e fazer a técnica ser eficaz nos momentos em que não quero saber e abandono tudo para não me chatear ou ficar ansioso. 

O quarto de Giovanni

Nunca tinha lido James Baldwin até agora e estava bastante expectante. Comecei por este livro porque o tinha à mão e percebi um pouco daquilo que dizem ser o tema recorrente da sua obra inicial, a luta enclausurada de cada um para encontrar o seu lugar numa sociedade cheia de preconceitos e de regras marginalizantes. Há uma certa claustrofobia e uma negação do "eu" para conseguir gerir a realidade e as restrições. Mas 'O quarto de Giovanni' fala sobretudo das consequências dessa negação. 

É peculiar o romance ser totalmente "branco" e "europeu", às vezes até em demasia. Não sei se foi intencional, como que eximindo a raça negra da linha de ação que caracteriza os personagens. Mas o que fica é claustrofobia e a noção da causa/efeito num sentido negativo. É uma leitura escorreita, que às vezes até parece demasiado rápida para os padrões de hoje. Mas mais uma vez não sei se foi intencional, de forma a mostrar uma certa "superficialidade" das personagens no âmbito da trama.

  

O enforcamento

 

O Nagisa Oshima foi um cineasta que trabalhou muito bem a questão da violência e a forma como ele está presente na nossa sociedade ou como ela afeta públicos em específico.

Tendo a possibilidade de ver esta reposição aproveitei e gostei bastante do tema, a pena de morte, e todas as questões que se colocam acerca da mesma e do Estado como garante do cumprimento das regras, aqui o Estado como o agressor. 

O filme está feito de forma satírica e às vezes quase surrealista com planos paralelos, mas é muito interessante. O único problema que lhe encontrei foi a forma clássica de atuar dos orientais (o filme é de 1968) quando fazem comédia, parece tudo a fingir, quase pantomina. Mas admito que seja um problema de relativismo cultural. 

No geral é um bom ensaio filosófico.


14/20

segunda-feira, junho 06, 2022

Se calhar...

Chamaram-me a atenção para o facto de eu querer sempre tudo perfeitinho (ou o mais perfeito possível). Que eu desisto das coisas "maculadas".  Se calhar, é uma hipótese. Lembro-me de ser pequeno e de não querer escrever no reverso da folha do caderno porque ela já estava usada. Mas também me lembro de reciclar peças de mobília, feias, deixadas ao abandono e torná-las coisas bonitas. Talvez o meu problema não seja com as coisas maculadas, mas com as coisas que não sinto terem potencial para voltarem a ser "novas", o que já não é flexível para ganhar uma nova vida. 

quarta-feira, junho 01, 2022

Metade de uma vida

Atingi a idade em que metade da minha vida foi passada sem o meu pai. Porquê escrever hoje sobre ele? Porque é o dia da criança e enquanto fui criança ele não foi bom para mim; fez-me até sofrer bastante. Aos 14 anos ganhei o respeito dele por mim enquanto homem - e tudo mudou. Começou a construir-se uma relação para lá da raiva e da dor e comecei a ver quem era o homem que tinha por pai. Percebi muita coisa que não passa pela cabeça de uma criança e percebi que, afinal, ele era um homem extraordinário. Quando me tornei homem tive ainda mais essa a certeza, mas nessa altura ele morreu e acabei por não lhe dizer muito do que gostaria de ter dito. 

Ninguém é perfeito. Ele não era polido, dizia palavrões, falava alto, não sabia expressar sentimentos (correndo o risco de dar a entender que era era bastante sensível, preferia guardar para ele as suas próprias inquietações, desilusões e medos) e enfiava o guardanapo no colarinho. Mas este homem teve  um dia um sonho, criar um família que tivesse tudo o que ele nunca teve - incluindo um pai que providenciasse para os filhos. 

Amava-nos muito, mas nessa luta cega de ter dinheiro para nos dar-nos uma casa, um curso, um carro e ainda deixar todos bem de vida após a sua morte, esqueceu-se de estar presente e de mostrar que nos amava muito. Quando estava, estava rabugento, cansado, sem paciência. Nas férias era uma pessoa diferente, mas era-lhe mais fácil estar próximo do filho o que os rapazes fazem e que por isso exigia menos esforço. Isto até aos meus 11 anos. Depois reformou-se e tornou-se bem mais calmo.

Os 10 anos que tive com o meu pai depois de termos feito as pazes como pai e filho foram bons. Havia respeito. Eu passei a exigir-lhe muito mais, porque também percebi que ele gostava de me ver lutador. Por isso quando ele morreu, só tinha uma questão: será que ele sabia o quanto eu gostava dele? Por sermos os dois teimosos e por ele não conseguir verbalizar o amor dele eu também achei que teria de fazer igual, apesar de ser capaz de o fazer. Não obstante, uns dias depois perguntei à minha mãe (a pessoa com quem ele era efetivamente capaz de falar sobre tudo) e ela disse que  sim, que ele sabia.

Costumo dizer que não tenho heróis com a excepção do meu pai. É que na realidade ele teve uma vida heroica, de superação, foi primeiro um sobrevivente e depois um conquistador. Embora não dissesse que gostava de mim, ou me desse alguma atenção quando eu era pequeno, cuidou impecavelmente da nossa família e espalhou atos de generosidade por todo o lado. Era um homem bom. 

Há uns dias um amigo disse-me que eu branqueei o meu pai, que não tenho a minha relação com ele resolvida, porque ninguém fala assim tão bem de um pai. Não sei como poderei explicar ao meu amigo, que eu não o branqueei, eu fui (re)descobrindo o meu pai e depois compreendendo o que (re)descobri.

O meu amigo também disse que coloco o meu pai acima da minha mãe. Novamente um erro. A minha mãe não teve a vida heroica do meu pai em grandiosidade de feitos, mas talvez tenha feito a coisa mais grandiosa: a abnegação. A minha mãe tem uma qualidade muito bonita - saber amar. Ama totalmente, incondicionalmente e com dedicação. Amou assim o marido, o pai, os filhos e agora a neta. As pessoas que ama têm muita sorte por ter esse amor que não exige nada e que nutre como poucas coisas.

O meu pai dizia "posso ter feito muita coisa na vida, mas não teria conseguido nada sem a minha mulher que foi o melhor copiloto que eu poderia ter desejado".  A minha mãe foi a "força motriz" do herói, aparentemente em segundo plano, mas o pilar de todas as coisas. 

Não sei como explicar ao tal amigo que apesar da minha mãe nunca me ter magoado e sempre me ter protegido, o meu pai continua a ser a pessoa em que eu gostaria de me tornar. Eu percebi o meu pai e as dores passadas ficaram no passado. Se não o tivesse percebido não o usaria como compasso moral para a vida. Não obstante, deixo sempre uma nota de rodapé, quero ser capaz de amar e ser amado como a minha mãe ama. 

Nem toda a gente que nos ouve (ou que nos lê) compreende exatamente o que queremos dizer. Cada leitura é uma história de acordo com a cabeça de cada um e com as suas experiências de vida. Às vezes penso se por ser tão aberto não acabo, eu, por dar material passível de gerar mal entendidos. Se calhar presto um mau serviço aos meus pais, quando falo nas dificuldades que existiram num certo período da minha vida. 

Talvez deva falar menos (é uma das coisas que tenho pensado ultimamente), talvez as minhas palavras sejam uma espécie de Gremlin - podem gerar a confusão junto de quem não compreenda a sua natureza. Não obstante, uma coisa é certa - seja eu mal compreendido ou não - sou filho de um bom homem e de uma boa mulher que fizeram o melhor que sabiam e podiam para nos fazer florescer. À luz do que sei tive muita sorte.