O meu namorado tem 25 anos, mas é produto de uma realidade muito específica e por isso cai numa excepção, contudo a filha da companheira do meu irmão tem 21 anos e para mim é um exemplo cabal do que a malta da minha geração fez dos filhos. Não há dúvida de que, regra geral, são bons miúdos mas é inquestionável a falta de preparação emocional para a vida e a falta de capacidade de sacrifício. É complicado explicar-lhes o que é isto, pois não me parece que consigam compreender (eu já tentei de diversas formas) e vistas as coisas, nós os "mais velhos" não sabemos grande coisa. Por vezes penso que a maioria do pessoal que tem agora entre 40 e 50 anos fez um trabalho excelente em produzir miúdos mimados e/ou infelizes e/ou inadaptados e /ou com uma percepção alternativa da realidade, das relações humanas e sociais. Existem excepções? Muitas. Mas é uma tendência generalizada a de que falo. A classe média (seja ela, alta ou baixa) não fez grande coisa pelas suas crianças. No entanto talvez isso tenha a ver com a própria alteração (e sacralização) do conceito de criança. O problema é que o que fazemos às nossas crianças determinam em grande parte o que essa geração vai ser. A culpa é delas? Não necessariamente, indirectamente é de que os educou/educa. E chega a ser injusto para eles. Nós acabamos por nos queixar de um "produto" do nosso trabalho, forma de estar e valores. Acho que a minha geração estava numa grande trip e educou os miúdos para uma realidade que não é real. E agora são eles que arcam com as consequências quando têm de lidar com "a coisa a sério". O pior é que aos 20 anos, achamos que somos muito adultos e sapientes (eu pelo menos achava que era) e dar a volta não é fácil sem bater umas quantas vezes coma cabeça na parede. A aprendizagem pela dor devolve (a alguns) o bom senso e a perspectiva real das coisas. Mas podia ser tudo diferente.Diz-se que se chama a isto crescer ou amadurecer. Mas graças à minha geração o caminho da geração dos 20 é cada vez mais longo.