O Campeonato de Poesia onde estou a participar tem como vencedoras anunciadas (na minha opinião desde o início) duas senhoras cuja poesia é muito para "senhoras". Tenho tido sérias dificuldades em continuar inspirado e na sétima jornada resolvi escrever um anti-poema. O desafio era escrever um poema que sobre o que diria um filho a um pai no primeiro dia em que o via.
Pensei se todos somos filhos de Deus porque não escrever sobre alguém que conhece a casa de Deus de perto, mas que nunca o viu, apenas ouviu falar do seu pai e contar a história até ao dia em que o vê. O resultado foi este:
Pensei se todos somos filhos de Deus porque não escrever sobre alguém que conhece a casa de Deus de perto, mas que nunca o viu, apenas ouviu falar do seu pai e contar a história até ao dia em que o vê. O resultado foi este:
Voltei
à tua casa porque sou teu filho.
Disseram-no
as freiras que vergastavam a tua generosidade
Nas
minhas costas que pensava inculpáveis.
Não compreendi que cada vergão plantado pelas tuas esposas conventuais
Era
um expurgatório contra a herança ímpia da minha mãe.
O
pecado das putas vivia debaixo da minha pele imaculada.
Fugi
da tua casa e do teu amor de pai ausente.
A
tua benção tinha o mapa de todos os becos onde me escondi,
Porque
a minha pele precisava ser rasgada e
o meu corpo castigado pela tua graça divina.
O
fruto do vício tem de ser purgado até às entranhas.
Voltei
à tua casa porque sou teu filho.
Fui
mastigado pela tua torrente de cal viva e dissolvido até ao osso.
Todos
os dias queimo por dentro, todos os dias cerro os punhos.
Tenho
em mim as chagas de Job. Estás contente?
Não
há num fio de vida matéria suficiente para sustentar desejos obscuros.
Voltei
à tua casa e as tuas esposas dizem-me que estás aqui.
Estou
a ver-te e tu sorris. Não dizes nada apenas sorris.
És
um cabrão. Eu sou filho de uma puta e de um cabrão.
Odeio-te!
Odeio-te Senhor... Deus... Pai, seja lá o que fores.
Faz-te
sorrir a vida que deste? Podias ter usado preservativo.
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