quarta-feira, abril 23, 2008

Tigerlily - Natalie Merchant

Passaram 13 anos desde que este álbum saiu. Já não me lembrava dele e hoje, a fazer zapping, cruzei-me com uma das músicas do álbum num programa sobre condenados à morte do canal Odisseia. Estava a dar um documentário que foi feito sobre uma das poucas mulheres serial killers da história dos EUA. A assassina pediu que o 'Carnival' fosse tocado na hora da sua morte. É a minha música preferida. A própria cantora autorizou que a música fosse utilizada no documentário quando soube que tinha trazido algum conforto à condenada dizendo «It's very odd to think of the places my music can go once it leaves my hands. If it gave her some solace, I have to be grateful». E desta forma o álbum voltou à minha vida. É belíssimo.

Dúvidas de coisas

Tenho dúvidas. Será que posso?

Joaquim Cardoso Dias

Carta dos Trabalhos do Olhar (excerto)

levanto as mãos no meu sonho
e uma ferida de água nas pontas dos dedos
durará aqui como um beijo imaginado
lembrando correndo dormindo
falo da outra face dos rios
de coisas velozes como a terra onde dói um sorriso
onde a noite se dobra nítida ao fervor das sementes
onde o corpo adivinha essa cor rasgada nos lençóis
depois olho-te em segredo
respiro o que tu respiras
escrevo essas palavras adormecidas no ar.

terça-feira, abril 22, 2008

Tesourinhos deprimentes do Silvestre - 2

Sim, é oficial. A política faz mal à saúde. Nem o «Conan» resistiu...

A conversa é como as cerejas

O youtube conduziu a uma peça cómica sobre nazis, a peça cómica sobre nazis conduziu a uma peça cómica sobre fundamentalistas cristãos, o fundamentalismo cristão levou a um site com um post acerca da extrema direita em portugal e os comentários que fizeram ao post, esses comentários levaram à discussão das igualdades em democracia, as igualdades em democracia levaram à discussão sobre a igualdade de género e a não existência da mesma em sociedades ocidentais (apesar de se caminhar para lá, disse-se) e da igualdade de género partiu-se para o preconceito. Houve um twist sobre os europeus e começou a falar-se da Europa a colonizar o mundo, acabou-se com a indicação de um livro sobre história.

O amor e a vida real

«Dan in Real Life» foi traduzido para «O amor e a vida real» em Portugal. Não gostei nada do título, mas isso não me impediu de ir ver o filme que é um brilhante documento sobre as coisas simples e sobre aquilo que se sabe intimamente. Conhce-se alguém há 3 dias e sabe-se que essa pessoa é 'a tal'? O Dan tem 3 filhas, é viúvo, é escritor de uma coluna de jornal, pensa em todos menos nele próprio. tem uma família enorme que se junta no fim do outono e é numa dessas reuniões que a existência do Dan se altera. O Steve Carrel tem uma interpretação brilhante e o filme é uma comédia de costumes a não perder. Ficaram-me duas frases do filme para pensar, serão ambas verdades Lapalisse? Uma é «o amor é uma capacidade, não um sentimento», a outra é «toda a gente defeca».

16/20

segunda-feira, abril 21, 2008

sexta-feira, abril 18, 2008

Tesourinhos deprimentes do Silvestre - 1

You Go Mr. President!!!! And the First Lady Too!

E que tal um bocadinho de política?

Fiquei deliciado ao ouvir ontem que Luis Filipe Menezes se tinha demitido da liderança do PSD. Parecia no início que não se voltaria a candidatar, mas agora não estou tão certo. Por seu lado, Manuela Ferreira Leite (pensará ela ser a Hillary Clinton portuguesa?) já se manifestou disponível para a liderança. São boas notícias porque acho que se Luis Filipe Menezes for arredado de vez da liderança do partido, já não serão favas contadas para o Eng. Sócrates nas próximas eleições. A política portuguesa já merecia uma troca de ideias a sério e empenho dos partidos em mostrar algo de novo. Hip, hip, hurra!!! As maiorias absolutas são uma treta, porque a menos que a dignidade seja enorme, o poder absoluto corrompe... em absoluto.

O amor é difícil

O amor não é nada fácil. É fácil sentir amor, mas exercê-lo não é um processo linear. Como é que podemos exercer o amor para com aqueles que amamos? Às vezes o amor que se sente obriga a fazer coisas complicadas. Nem sempre é o mimo, o carinho, o afago. Muitas vezes é dizer que não, é a crítica e outras coisas que podem ser entendidas como menos positivas. No meio disto tudo, acho que o principal é fazer ver às pessoas que existe um afago por trás das acções que parecem menos positivas. E demonstrar que as acções que temos não são impositivas. Acima de tudo, da nossa parte, acho que deve haver também a percepção que não somos donos da vida do outro e que por essa razão não o podemos obrigar a nada. É não deixar de ser o que somos, não deixar de gostar o que gostamos, não deixar de dizer o que pensamos, mas nunca (mesmo nunca) querer que o outro deixe de ser o que é para ser aquilo que achamos que ele deveria ser. Devemos passar a nossa mensagem, mas ter o cuidado de usar os códigos do outro. Há que compreender acima de tudo. Porque amar é isso mesmo, compreender.

quinta-feira, abril 17, 2008

Ode à ambição

Once upon a time I had plenty of nothing,
Which was fine with me.
Because I had rhythm, music, love,
The sun, the stars and the moon above,
Had the clear blue sky and the deep blue sea.
That was when the best things in life were free.
Then time went by and now I got plenty of plenty,
Which is fine with me.
'Cause I still got love, I still got rhythm,
But look at what I got to go with 'em.
Got my diamonds, got my yacht, got a guy I adore.
I'm so happy with what I got, I want more!
I got rhythm, music too, just as much as before
Got my guy and my sky of blue,
Now, however, I own the view.
More is better than nothing, true
But nothing's better than more, more, more
Nothing's better than more.
Each possession you possess
Helps your spirits to soar.
That's what's soothing about excess
Never settle for something less.
Something's better than nothing, yes!
But nothing's better than more, more, more
Except all, all, all
Except once you have it all
You may find all else above
That though things are bliss,
There's one thing you miss, and that's…
More! More! More! More!

«More» by Stephen Soundheim

quarta-feira, abril 16, 2008

A fé

Quem tem sempre fé, pode ser facilmente enganado. Quem nunca tem fé, nunca conseguirá sair de uma existência agrilhoada.

terça-feira, abril 15, 2008

O meu tesouro

Se eu tenho um tesouro não preciso de dizer ao mundo que o tenho. Ele não fica mais valioso por causa disso.

Até onde deve ir a nossa sinceridade?

Até onde deve ir a nossa sinceridade? É uma coisa que me pergunto muitas vezes porque tenho essa terrível tendência, a de ser sincero. Não creio que a maioria das pessoas esteja preparada para que sejam sinceros com elas. Mas acho que isso se deve à desconfiança, as pessoas já não acreditam que alguém não tenha maldade numa observação, que não tenha segundas dimensões. Até tenho uma segunda intenção, normalmente, a de levar as pessoas a pensar que existem alternativas de ver as coisas e que o auto-conceito que têm de si mesmos deve ser pensado, quanto mais não seja, para perceberem que está correcto. Mas para sabermos que a nossa forma é mesmo a nossa forma, temos de ser confrontados. É do confronto de ideias, gostos, perspectivas que nasce a produtividade. Se alguém me pergunta «achas que devia ter mais interesses na vida?», porque não devo eu responder «acho»? Se alguém me pergunta «a minha namorada acha que a minha higiene deixa algo desejar, achas que sim?», porque não devo eu responder «devias melhorar umas coisas»?

Afinal há quem goste de publicidade

Adivinhem quem é que corre (sim porque ele já anda há quase 1 mês) para ver os anúncios, colocando-se estrategicamente enconstado ao sofá em frente à televisão, yeaps... o Alex!

domingo, abril 13, 2008

Uma Segunda Juventude

Ora cá está um filme sobre o quela não vou poder falar. Porquê? Porque cheguei ao fim do filme com a sensação de que não percebi nada. No princípio, a história do filme parecia-me uma coisa, mas depois, a determinada altura, alguma coisa se passa e pensamos que não percebemos nada de 5/6 do filme. Seria injusto da minha parte dizer que não está filmado com bonitos planos (de vez em quando) e que o ponto de partida não é interessante, mas é demasiado «meta-filme». Sem querer parecer injusto, acho que o brilhante ponto de partida do filme (as questões do tempo e das suas dobragens, a existência do homem, as transmigrações da alma, etc) merecia um argumento senão melhor, pelos menos menos metafísico.



11/20

quinta-feira, abril 10, 2008

Papéis invertidos

Há talvez um mês atrás, a minha mãe, que tem 65 anos, surpreendeu-me com a notícia de que iria tirar um curso de computadores. Assim foi, e lá anda. Não tem sido linear, em parte pela insegurança, mas principalmente porque percebo que os professores não querem dedicar muito tempo a pessoas que nunca contactaram com as TIC. Vi-me forçado a dar-lhe explicações em casa e ela quis comprar um computador para poder praticar. Tem então um sofisticado portátil que está a aprender a usar, pois o novo Windows é bem diferente daquele onde aprende.

Acho engraçado como os papéis se invertem. Há muitos anos atrás, quase 34, foi ela que me ensinou os primeiros passos em muita coisa. Agora sou eu que lhe ensino os primeiros passos na informática. Às vezes repito as coisas várias vezes para ela interiorizar e quando estou a ficar frustrado, lembro-me da paciência que ela teve para me ensinar as contas de dividir. Ninguém conseguia ensinar-me e ela comprou um caderno novo para me motivar (com desenhos muito giros) e ficou das 22h até à uma e tal, quando já todos tinham ido dormir. Eu lá aprendi.

Ela tem o seu PC novo, com um wallpaper que gosta muito e fica maravilhada sempre que percebe que não se vai esquecer de uma coisa que aprendeu. Coisas que eu dou por adquiridas há tanto tempo ainda a fascinam, como as teclas de atalho e as teclas cursoras. Tudo caminha muito devagarinho com ela, mas com passos seguros. Estou orgulhoso. Deve ser isto que se sente com um filho.

Mais um sobrinho honorário

O Henrique nasceu às 2.20h da manhã. Assim mesmo é que é, um madrugador! E tem bom ar o puto.

quarta-feira, abril 09, 2008

I am a bird now

O tempo está ideal para ouvir «I am a bird now» dos Anthony and the Johnsons. Curiosamente quando o CD saiu passou-me ao lado. Existe uma altura certa para tudo. Hoje apeteceu-me ouvi-lo. Muito bonito, muito bonito...

terça-feira, abril 08, 2008

Alguém me disse que...


...que se eu fosse uma personagem de ficção seria a Alice no País das Maravilhas.

Andy Bird - The Mysterious Production of Eggs

Quem está à espera de obter informação sobre a misteriosa produção dos ovos vai ficar desapontado, mas quem está à espera de ouvir um bom álbum vai ficar contente.

Tempo de tempestade

Quando o tempo está seco, o ar abafado e há uma energia densa no ar como se nada acontecesse, diz-se que vem aí tempestade. As tempestades não são necessariamente más. São apenas deslocações climatéricas muito fortes e rápidas. Se aplicar este princípio como uma metáfora para a existência, eu diria que estou a viver um tempo de tempestade em algumas dimensões da minha vida. Não se sente quase nada, tudo parece estagnado, mas no entanto sente-se que este vazio vai, de repente, ser preenchido. O processo vai ser violentíssimo, por certo, mas já ando a colocar tábuas nas janelas. O terreno está tão estéril que só mesmo a tempestade pode trazer a renovação. Cá a espero com serenidade, será precisa calma para minimizar prejuízos e viver a nova realidade.


La Vie en Rose

Não sei muito bem o que dizer sobre este filme. Está em reposição no cinema Nimas e quis vê-lo depois da Marion Cotillard ter ganho o óscar de melhor actriz pelo mesmo. Embora considere que o realizador fez algumas más escolhas que poderiam fazer o filme ser melhor como um todo, fiquei sem palavras pela actriz principal. Há muito que não se via uma entrega de tal forma brutal a um papel. Não se vê nada da actriz na tela. Toda ela é Edith Piaf, por dentro e por fora. Toda ela é força, tumulto, fragilidade, decadência. Vale a pena ver o filme por esta interpretação magistral. Avisa-se que o filme não é próprio para quem gosta de filmes 'água com açucar'. A vida de Piaf foi dura e não foi bonita. Edith Piaf veio das ruas sujas, sórdidas e sofridas de Paris e há coisas que se agarram à pele.

15/20

segunda-feira, abril 07, 2008

Baús

Todos nós temos o nosso baú de memórias/acontecimentos/pessoas, uns mais simples, outros mais complexos. Às vezes a função de uma coisa passada é essa mesma, ficar arrumada num baú, como uma etapa de vida que já cumpriu a sua função e que nos trouxe onde nos encontramos hoje. Mas serão esses elementos do passado como uma peça de roupa vintage que insiste em reclamar um lugar nas nossas vidas, quando o contexto recente lhes dá de novo um significado? Às vezes, somos nós que olhamos para o baú e pensamos em trazer algo de novo à 'vida'. Mas se uma dessas 'peças de roupa' nos deixou parecer muito mal em tempos, valerá a pena reabilitá-la? Quando uma peça de dada cor nos deixa ficar mal, não será sempre assim?

Era uma vez...

Era uma vez o Marco. Nascido numa família de classe média, era o filho do meio de 5 irmãos. Ele não era nem alto nem baixo, nem bonito nem feio, nem gordo nem magro, nem muito calado nem muito falador. Em tudo o Marco era mais ou menos. Na sua vida, nas suas acções, nada saía da média. Ninguém reparava no Marco porque ele era sempre assim-assim. E para ele era indiferente porque nunca foi nem muito interessado nem muito desinteressado por nada. Certo dia o Marco olhou para si e viu que já era um homem feito. Nunca nada tinha sido fácil ou difícil na sua vida, nem bom nem mau. Percebeu então que era único, nunca se tinha ouvido falar de alguém tão médio e tão constante nessa medianidade. Este pensamento transformou para sempre a sua vida nem interessante nem desinteressante. Era tão único. Quando percebeu que ninguém era como ele, nunca mais ninguém olhou para ele da mesma maneira. A sua perspectiva do mundo exterior mudou e o mundo exterior mudou com ele.

sexta-feira, abril 04, 2008

Nomes de estabelecimentos comerciais

De frente para uma pastelaria que se chama «Carícia» vieram-me à memória nomes de outros estabelecimentos do sítio onde fui criado. Antes de mais, o nome da pastelaria faz-me lembrar mais uma casa de venda de lingerie do que outra coisa, mas aquilo de que me recordei foi o facto de na margem sul, os orgulhosos proprietários usarem o nome de ambos os filhos para dar o nome ao seu negócio. Assim, havia uma «Papelaria Daniana», uma «Sapataria Vitolígia» e um «Cabeleireiro Paulana». Um convite ao consumo, não acham?

quinta-feira, abril 03, 2008

Duas irmãs e um rei

Quem está à espera de um filme de grande rigor histórico, desengane-se. O filme não pretende retratar com precisão os factos históricos (por exemplo, o aspecto do rei que era ruivo), mas apresentar uma versão romanceada de uma época histórica precisa.
.
De que fala o filme então? Intriga política, valores, sacríficios, luta pelo poder e ambição. Nada tem valor perante o poder e o privilégio, tudo é sacrificável. Mas a que custo? Obtemos um retrato do lado miserável da política e percebemos que ainda hoje as coisas são um pouco assim, todavia, os clãs familiares são hoje substituídos pelos partidos políticos e as filhas e as alianças de casamento já não são uma das principais armas no jogo de influências.

14/20

quarta-feira, abril 02, 2008

De volta

De volta ao emprego descobri que tinha um novo posto de trabalho. Não podia estar mais contente. tenho uma enorme janela à minha direita de onde se muito verde, o mar e a linha do horizonte. Tudo corre bem no melhor dos mundos possíveis. (esse grande Voltaire...).

terça-feira, abril 01, 2008

Horton e o mundo dos Quem

Horton, a mais nova animação da Fox, é um filme sobre heroís improváveis e sobre a capacidade de ver o invísivel (tantas vezes confundido com o inexistente). É também um filme sobre sensibilidade e sobre a importância da diferença e do respeito que por ela se deve ter.

Para além do que foi dito, da competência técnica/tecnológica e do quão engraçado o filme consegue ser por vezes, houve momentos em que eu me senti com falat de ar. Porquê? Porque na selva onde vive o Horton, vivem outros animais com incapacidade de ver e/ou ouvir invisível. Animais que são capazes de tudo para que não se altere o estado das coisas que conhecem, sendo por isso capazes de crueldades inimagináveis justificadas em nome dos bons costumes, dos valores, etc, etc. Isto não vos faz lembrar nada?

15/20

sexta-feira, março 28, 2008

Quando não se sabe do que se fala

Quando A fala sobre B, A sabe do que fala (para além dos envolvidos no contexto). Mas C pode achar que A fala sobre D ou mesmo sobre A. Assim, C não se proibirá de comentar sobre A (enquanto este elabora sobre B) criando a noção de que se passou E. Como A não sabe sobre o que fala C, na medida em que C não sabe sobre o que fala A, cria-se uma confusão enorme. No final, já poderão estar F, G, H e I envolvidos a falar D ou E (e outras elaborações que poderão chegar a Z) de A. Quanto a este último, vai continuar a falar de B e quem quiser saber o que era/é... que pergunte.

segunda-feira, março 24, 2008

O rapaz de pele azeitonada

Era uma vez um rapaz de pele azeitonada e grandes olhos castanhos escuros que foi a um casamento lá para os lados do Beato. O casamento estava lindo, respirava-se uma boa atmosfera, e não só os noivos estavam felizes como havia muita gente feliz espalhada pela sala. Sentia-se. Há coisas que se respiram no ar. A sala estava magnífica, muito suave, muito confortável, muito elegante. A decoração estava irrepreensível, imensos pormenores subtis. Mas o melhor pormenor da sala? Definitivamente o rapaz de pele azeitonada com os grandes olhos castanhos escuros.

Também é preciso coragem para isto...

Para sempre, talvez

Um belo filme para ver ao Domingo. É um filme honesto e pouco pretensioso. Cumpre aquilo a que se propõe, entreter. Não obstante, o filme oferece alguns momentos deliciosos de bom humor e ainda nos deixa pensar sobre como a vida é composta de círculos que se completam e se repetem. Muitas vezes voltamos a encontrar uma situação onde já tivemos, se bem que com outro timing e com mais sabedoria (ou não). Gostei particularmente da relação entre pai e filha e dos efeitos que uma aula de educação sexual pode ter em crianças de 10 anos (ou nos pais, que têm sempre imensa vergonha em explicar coisas simples)
14/20

quinta-feira, março 20, 2008

Sabiam que...

2008 é o Ano Internacional da Batata? Ah pois é. E porque é que alguém se lembrou disto? A explicação surge já abaixo (quem não sabe inglês pode sempre traduzir no google ou em outros tradutores online. Se «International Year of the Potatoe» for traduzido para «batata internacional do ano», desconfiem).

«The celebration of the International Year of the Potato (IYP) will raise awareness of the importance of the potato - and of agriculture in general - in addressing issues of global concern, including hunger, poverty and threats to the environment.

Potatoes are grown worldwide, Potatoes feed the hungry, Potatoes are good for you and the Demand for potatoes is growing»

quarta-feira, março 19, 2008

Diz que...

Quando alguém morre o espírito continua a sua evolução deixando para trás o corpo físico que dentro em pouco esquece, a não ser que tenha completado a sua evolução e, nesse caso, juntado à massa energética superior, a que a maioria das pessoas chamam Deus. Assim, um ente querido que parte, deixa de ser o nosso ente querido para voltar à vida em um qualquer lugar ou ganha um significado muito mais abrangente. A lembrança de nós é uma coisa que já não deve existir como existia até ao momento da sua partida. Conforta-nos o facto da energia dessa pessoa continuar a ser ressonante connosco e mesmo não nos reconhecendo em nome/forma, reconhece-nos em familiaridade. Somos parte.
.
Neste dia-do-pai há muitos pais que já partiram, inclusive o meu, e o meu entendimento finito sofreria bastante se não acreditasse que nunca mais poderia voltar a falar com ele, a rir-me com ele, a pedir conselhos, mesmo que apenas em pensamento. Assim, ao falar com o meu pai, desconfio que ele já não me reconhece na forma do seu filho, mas identifica-me como parte de si. Há um fio invisível que nos une e que nos reconhece como sendo um do outro, sem que saibamos que somos um e o outro. Mas no final sabemos que nos desejamos bem e trocamos o nosso melhor através desse fio que nunca se poderá quebrar. O nosso bem querer há-de alimentar-nos mutuamente e permanentemente. Neste dia só posso desejar tudo de bom a todos os pais e filhos que têm a sorte de descobrir este vínculo. Sabemos do que falo, não é?

Certo dia...


...Ela deixou de olhar para começar a ver.

terça-feira, março 18, 2008

Afinal a Universidade não está a mexer

Acabei agora de ter/ser um exemplo que contradiz a propaganda relativa à educação, neste caso o ensino superior. Sou estudante de doutoramento e tenho cartão da biblioteca da minha universidade. Supostamente, aqui há uns anos, o Estado teve a ideia de criar o Campus Virtual. Ou seja, qualquer aluno do ensino superior tem acesso à Internet na biblioteca de outra universidade, assim como no recinto da mesma. Mas como os portáteis têm bateria limitada, uma biblioteca parece ser a opção mais acertada, para quem precisa de trabalhar.

Hoje fui para biblioteca do Instituto Superior Técnico, entrei com dois PCs e mais um saco de livros e cadernos, demorei uns 20 minutos para me instalar. Passado uns 10 minutos surgiu uma funcionária da biblioteca a dizer que eu não podia ter a mala do portátil em cima da mesa. Eu referi que entrei sem que me tivessem dito nada (acontece que esta senhora e a sua colega estavam em alegre cavaqueira quando eu entrei). Ela disse que eu teria de ir com o cartão deixar as coisas à entrada, e eu aproveitei para perguntar se o cartão da minha universidade ou o da biblioteca da minha universidade. Ela olhou para mim e disse «não tem cartão desta biblioteca? Então não pode estar aqui». Eu respondi que era aluno universitário e que estava ali a trabalhar e ela disse «oiça, nem os alunos do Técnico podem frequentar a bbiblioteca se não tiverem. Não pode ficar aqui a não ser que venha ali comigo e faça um cartãozinho da biblioteca que são só 3 euros». Eu arrumei todas as minhas coisas e vim embora.

Acho muito giro o Ministério do Ensino Superior dizer que existem estruturas e que estão a funcionar e que Portugal está tecnologicamente a tornar-se de ponta. E se de repente, em vez de andar a fazer propaganda, alguém se lembrasse de verificar se as coisas estão mesmo a funcionar? Alguém se lembrou de estabelecer regras de acesso ao espaço físico de uma universidade? Não. É mais fácil dizer que é tudo da responsabilidade das universidades, assim é menos uma chatice e quando dá para o torto sacode-se com mais facilidade a água do capote.

Portugal devia sair do armário

Portugal devia "sair do armário". Esta expressão é normalmente utilizada para os gays que não se assumem enquanto tal e que passam uma vida em negação e/ou a tentar enganar quem vive à sua volta. Existe um grave problema com o «estar no armário", as pessoas habituam-se a mentir, a enganar e a enganarem-se. Não estou
a dizer com este post que Portugal é um país de gays "dentro do armário", também é, mas este post é sobre o nosso subdesenvolvimento. Portugal tem muito mais a ver com um país do dito Terceiro Mundo, do que com os países desenvolvidos. Ok, temos condições económicas emergentes, mas tudo o resto é pobre, as mentalidades, o modo de organização, a justiça, a educação, as vivências e podia continuar. Haverá excepções (ainda bem), mas na sua grande maioria a sociedade portuguesa é "terceiro mundista" e não se assume. Não sei bem se quer enganar-se a si ou aos outros. Até África no seu caos económico, moral e ético é assumida. A sociedade portuguesa é uma sociedade com vergonha de si mesma, a confiar na "chico-espertice" para manter o status quo e muito medrosa. Até o Governo é não-assumido, ao procurar iludir-se (iludir-nos) com números, estatísticas e promessas tecnológicas de desenvolvimento. Este estado de hipocrisia permanente é o que acontece a quem se recusa a sair do armário. Uma mentira constante, a negação de um verdadeiro desenvolvimento.

Os dias não são todos iguais

Os dias não são todos iguais. Há dias em que nos sentimos especiais e há dias em que não nos sentimos nada glamorosos. Nos dias em que estamos vibrantes e luminosos é fácil estarmos rodeados de gente, de palavras simpáticas e de interesse. É natural. Todos nós crescemos em direcção à luz e procuramo-la em todos os sítios, somos ressonantes a ela.

No meio dos dias em que não estamos radiantes e radiosos, é comum encontrarmo-nos em lugares mais ou menos vazios, lugares mais ou menos silenciosos. Mas mesmo nesses lugares há uma pessoa ou outra que nunca se vai embora. Às vezes é só uma presença, mas é o suficiente para nos lembrar que existem outros sítios e que não deixam de haver dias em que somos especiais, porque para estas pessoas somos especiais até com a cabeça enfiada na sanita ou com olheiras até ao umbigo. Nestes meus dias que não são todos iguais. Procuro o meu equilíbrio e sinto-me feliz pela atenção que recebo e humilde perante isso. Essa ressonância, por si só, gera luz. Obrigado Batata.

domingo, março 16, 2008

Persepolis

Ontem lá voltei ao cinema, ufff... estava com saudades. Não podia ter tido melhor retorno. Fui ver um filme de animação chamado Persépolis. O filme retrata os últimos 40 anos do Irão pelos olhos de uma menina (depois adolescente e depois mulher) desde o regime do Xá, até ao repressivo regime religioso que ainda hoje vigora. A animação é simples, mas a história e o argumento são fortíssimos. Apesar de estar pontuado de humor, somos cilindrados pela brutalidade da repressão de um povo em nome da liberdade e de Deus. Mais, o filme demonstra de forma bastante eloquente os perigos da ignorância e do analfabetismo associados à manipulação religiosa. O filme é uma lição de sobrevivência por parte daqueles que não conseguem esquecer o Irão antes do fanatismo religioso. Confesso que fiquei com um certo carinho pelo povo iraniano esclarecido, não pelo governo ou pelas massas analfabetas que o sustentam.

17/20

London Files 8 - As famosas cabines telefónicas

As famosas cabines telefónicas britânicas já não são todas iguais. A velha cabine vermelha, em algumas zonas, entrou em extinção. Agora há umas novas que são metálicas e azuis, sem o charme vintage das outras. Contudo existe um aspecto comum a todas, não se encontra uma sem uma bela dose de anúncios de sexo. Bem, as oportunidades de negócio têm de ser aproveitadas.

London Files 7 - Vamos tentar ser bem educados...

A minha idéia dos ingleses é que, como povo, são muito agressivos. As razões até podem ser pertinentes e facilmente encontradas na sua história (o clima é muito duro, passaram por muitas guerras, etc.), por isso não deixo de achar engraçado a actual campanha de civismo/boas maneiras que podemos encontrar nos autocarros e no metro. Não sei muito bem se está a resultar, isto porque apanhei o autocarro noturno onde toda os jovens (16-35) se insultam e vem bêbados e à beira do vómito, e a cheirar a cavalo (cavalo inglês, mas mesmo assim cavalo). Onde a população é mais diversificada em termos de etnia e de religião, parece-me que tudo é bastante mais cívico, mas quando se juntam apenas os ingleses... errrr...pois.

sábado, março 15, 2008

London Files 6 - Os táxis londrinos

Um cadillac cor-de-rosa é normal (até já foi imortalizado em canções da Natalie Cole), mas um táxi cor-de-rosa? Não podia de deixar de tirar uma fotografia. O curioso foi que a dona do carro, também ela com cabelo cor-de-rosa, apareceu esbaforida a pensar que eu era um funcionário da câmara a tirar uma fotografia ao carro como prova de ele estar mal estacionado. Não sei que raio de roupa é que vestem os funcionários da câmara de Londres, mas eu que pensava que até estava fashion q.b. Estaria ela numa trip de LSD? Ouvi dizer que os ácidos ainda são famosos naquelas bandas.

sexta-feira, março 14, 2008

Buscas

A busca da nossa identidade é uma tarefa que nunca está concluída. A maior parte das vezes confundimos a identidade com a personalidade, por outras palavras, o consciente com o inconsciente. Nem sempre a nossa identidade (inconsciente) se consegue sobrepor à nossa personalidade (consciente). Por esta razão, podemos passar muito tempo enganados a nosso respeito. Há pessoas que não se importam ou que nunca pensaram nisso, outras já pensaram mas têm medo de abrir a porta para um conhecimento mais vasto. Quem conhece mais pode mais, mas também tem mais responsabilidade e mais trabalho. A mim assusta-me todo esse trabalho que se tem de ter, o problema é que quando abrimos uma pequena fresta e vemos o que está para lá, já não se consegue parar. Cada pessoa é um mundo, mas mesmo assim, quantas pessoas querem saber em que mundo vivem?

A Biblia : Toda a palavra de Deus sintetizada

Mais um comédia da Companhia Teatral do Chiado, no mesmo estilo a que nos tem habituado desde as Obras Completas de Shakespear em 97 minutos, passando pelas Vampiras Lésbicas de Sodoma. A peça está cheia de gags divertidos e de piadas inteligentes, mas não consigo deixar de pensar que lhe falta alguma coisa.

As "Obras de Shakespear" são desenvolvidas com base num humor burlesco com laivos de 'humor de esquerda' (esquerda caviar, mas mesmo assim esquerda); as Vampiras Lésbicas são um devaneio assumidamente 'camp', onde se distingue com facilidade o personagem do actor. De alguma forma não consegui encontrar essas características n'A Biblia. A peça parece-me teatro de revista para envergonhados ou não assumidos, ou seja, pessoas que não são capazes de assumir o seu gosto pela brejeirice e piadas sobre sexo (às vezes bastante básicas). Não sei se isto se deveu aos actores ou se foi um problema do texto, ou um problema de encenação (a bem dizer acho que a responsabilidade é do encenador). Sem querer desrespeitar o esforço dos actores, pareceu-me que as actuações foram demasiado coladas aos tiques pessoais de cada um. Acrescente-se que havia uma certa "gayness" na peça, que era dispensável e que entrava em contradição com algumas piadas bastante cabotinas sobre homossexuais. Assim, acho que em alguns momentos a encenação era pouco honesta e demasiado forçada. Para terminar queria dizer que achei deliciosa a representação do João Craveiro e que o texto tem passagens excelentes. Estes dois aspectos são dignos de serem vistos.

14/20

quarta-feira, março 12, 2008

London Files 5 - Dentro da Tate...


London Files 4 - A Tate Modern

A Tate Modern merece um post só para ser anunciada. Esta sim é a rainha de Inglaterra, qual Isabel, qual quê...

Nunca tinha conseguido ir à Tate Modern. Quando cheguei à porta senti-me com a ansiedade de quem experimenta o sexo pela primeira vez. Enquanto estive lá dentro, variei entre o puto de cinco anos a abrir presentes de Natal, o velho companheiro no chá das 5, o amante embevecido, e outros estados emocionais. Quando me vim embora disse-lhe em surdina... «até um dia destes».

London Files 3 - Eles andam aí...




Estes são os verdadeiros reis do Hyde Park, os esquilos. Nunca tinha visto um esquilo ao vivo na vida e eles são bem engraçados. O que mais me admirou foi a falta de medo dos humanos, e basta dar comida a um para aparecerem 5 ou 6. Abençoadas sandes de queijo, sem elas não tinha havido esquilos para ninguém. Será que eles já reconhecem, de longe, o cheiro do queijo mais barato do supermercado Tesco?

London Files 2 - O cérebro parou-me em Hyde Park

Estavamos nós muito bem em Hyde Park a dar um belo passeio ao sol quando me deparei com o poste de indicações para vários monumentos e vias, entre os quais o memorial à princesa Diana. Embora não quisesse ir ao memorial, achei que tirar uma foto ficava sempre bem. Mas como se vê pela fotografia, a placa não aparecia com total visibilidade - mesmo no melhor ângulo. Não fui de cerimónias e toca de atirar sapatada na placa de baixo para ela não se sobrepor à que queria. Ainda fiz isto duas vezes até carinhosamente me lembrarem com um «epá, tás maluco?!», que iria estar a mudar a direcção do palácio de Kensington e que se um polícia me tivesse visto eu estaria em muito maus lençois. A vontade de tirar a foto era tanta que eclipsou tudo o resto. Definitivamente parou-me o cérebro por uns momentos. Já dizia o António Variações «a culpa é da vontade».

London Files 1 - Andar de metro em Londres poupa horas

terça-feira, março 11, 2008

Frases célebres de filmes 1


«O medo é o assassino da mente».
Duna (1983)

Foi bom, foi sim senhor...

Londres foi uma boa experiência, mas não há como o voltar a casa. Quando se avista o oceano, parece que de repente não há nada que não faça sentido na nossa vida (no caso, na minha vida). Por muito longe que tenha ido, no momento em que a cidade de Lisboa se ergue debaixo do avião, é como se estivesse a andar numa diversão da antiga feira popular, ou seja, dentro de momentos vou estar com os pés no chão e com um sentimento de satisfação muito grande. Nos próximos dias e na medida em que o tempo o permitir, lá começarei a debitar os «London files». E curiosamente (ou não) estarei a escrevê-los para mim. Para construir uma fotografia que vai perdurar. Há que disparar enquanto as memórias estão fresquinhas.

quarta-feira, março 05, 2008

O Soul está de volta!


O bom soul está de volta. Quem diria que esse revivalismo iria acontecer no Reino Unido e através de 3 raparigas que apenas têm em comum o facto de terem andado todas na mesma escola (se bem que em anos diferentes). Amy Winehouse, Adele e Duffy, aconselha-se o consumo em doses pouco moderadas.

Conectado

Às vezes é preciso tirar a ficha. Foi o que fiz no último ano, tirei a ficha. Algo não estava bem com a minha tomada e isso causava-me um grande desconforto e uma quantidade de constrangimentos. Foram essencialmente esses constrangimentos que me fizeram desligar a ficha. Achei, nessa altura, que o problema era da electricidade, que era do formato da tomada em questão, enfim... desculpas. O problema estava no tamanho do meu fio e da tensão a que ele era submetido. Precisava, de facto, de desligar e olhar em volta, aprender e perceber que o problema era interior e não exterior. Hoje, meu fio está maior, mais maleável, extensível, e também ganhei a consciência de que existem mais tomadas na "casa". Estou prestes a conectar-me de novo... gonna get myself connected.

Amanhã!

Mind the Gap... Mind the Gap...

segunda-feira, março 03, 2008

Sentimentos contraditórios

Hoje estava a descer a rua para ir tomar o café quando vi um senhor a pedir no semáforo. Esse senhor tem uma perna que está atrofiada e pede esmola entre os carros arrastando-se de joelhos entre eles. No sábado estava a tomar café de manhã, e no espaço de 30 minutos entraram 3 pessoas na pastelaria a pedir esmola nas mesas. Sou tomado por uma quantidade de sentimentos contraditórios. Por um lado, desagrada-me ver as pessoas a pedir esmola com base na sua desgraça (a perna do senhor exposta com recurso a uma calça cortada, os bébés das senhoras romenas numa moldura), por outro lado, chateia-me mais ainda saber que as estruturas que deveriam tomar conta das camadas excluídas da população não fazem o seu trabalho (ou têm muitos poucos recursos para o conseguir cumprir). Finalmente, senti-me quase prisioneiro na pastelaria onde procurava ler o jornal com algum sossêgo. Dei uma moeda à primeira senhora, mas depois já não dei à outra senhora e à menina que também pediu. Contudo tive de ficar a ouvir uma ladainha imperceptível depois de ter dito "não" no primeiro caso. E tive de ficar a ouvir a mesma ladainha quando outras pessoas não contribuíam. Quase que me senti um mau ser humano, por não ter dado dinheiro a todos. Sei, contudo, que isso não resolve nada. Sei que é fácil culpar o Estado, sei que o nosso país é uma espécie de 3º mundo europeu com pretensões a desenvolvido. As coisas não se fazem, os dinheiros gastam-se estupidamente. E depois assume-se que está feito e segue-se em frente. Gostava de ser mais jovem, acho que me sentia mais seguro nessa altura, porque não queria saber da política, não queria saber da pobreza, não queria saber de muito mais a não ser música e aprender na escola. Hoje penso nas coisas e sinto-me, por vezes, esmagado. Se não penso, sinto-me irresponsável ou fútil. O país inflinge-me sentimentos contraditórios, afinal não sou uma ilha.