Um filme sobre o feio, sobre os lugares para onde não ousamos olhas porque são sujos e desagradáveis. Mas nesses lugares vivem e nascem pessoas que com o tempo acabam por ser coberta por toda essa feiura e sujidade. Precious é uma história passada no lado onde tudo é difícil. Onde tudo (ou quase tudo) é sujo. É preciso muita força para quebrar o laço, para perceber que há mais que isso. É um filme sobre abuso, físico, sexual, verbal, psicológico e sobre desistências (ou não). Há sítios de onde as pessoas não saem porque pensam que é tudo o que merecem que não são nada e o nada pertence ao pó, ao escuro, à escravidão.
.O sistema não os protege. A segurança social é cega e mecânica. O sistema escolar actua pelos mesmos padrões. Mas Precious libertou-se. Corta o laço. Porque alguém olhou para ela e não desistiu de lhe mostrar que existe um mundo outro, onde ela também poderia ter lugar. Gosto do facto do filme não ceder ao «choradinho fácil». É brutal porque a realidade é brutal e é resignado porque a realidade destas pessoas é resignada. O final é feliz, mas também não é. O passado deixa marcas. Não importa o brilho do futuro. O sistema fecha os olhos. As pessoas estão sozinhas. Precious estava sozinha e venceu.
.O filme em si é honesto. A realização é interessante, sem grandes rasgos mas certeira.
.16/20
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