Mostrar mensagens com a etiqueta lgbt. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta lgbt. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, novembro 23, 2018

Direito à Opinião?

Li um no Facebook de um amigo uma partilha de um post de um jornalista gay que falava sobre a tirania do corpo no mundo gay, e que isso era ainda mais terrível nas apps de encontros. O argumento era de que era terrível para um gay que já é discriminado na sociedade ainda ser discriminado por causa do corpo. E invocava exemplos como o de lhe dizerem que até era bonito, mas era muito gordo e por isso não era atraente o suficiente. 

Na realidade, por muito duro que seja, acho que toda a gente tem direito à sua opinião. E se pessoas musculosas só querem pessoas idênticas a si, estão no seu direito. Se pessoas magras só querem pessoas magras e pessoas gordas só querem pessoas gordas, estão no seu direito.

Por outro lado, acho que quem se submete a este tipo de exposição (em apps) tem de estar preparado para o facto de ser avaliado e da avaliação (sempre subjetiva) não ser positiva e ir de encontro às suas expectativas. 

Todas as pessoas têm a sua zona de gosto. Acho que é um facto que deve de ser aceite sem drama. Eu gosto de carros com cor, agora mesmo comprei um no mínimo "vistoso", com uma cor que a maioria das pessoas detesta. Isso não me demove minimamente. Não é porque falamos de pessoas que temos de fingir que os gostos existem. Quando se fala de sexo a avaliação é puramente imagética. Logo, é natural que a pessoa seja julgada com base nisso. Não há que fazer drama sobre o assunto. 

Lembro-me de um caso de há anos trás (cerca de 2003) em que uma miúda muito gira se apaixonou por um rapaz que achava muito feio. A questão é que ela o conheceu, e adorou tudo no que ele era como pessoa. Muitos anos de casados e dois filhos depois. Ela continua a ter a mesma opinião. Fisicamente acha-o feio. Mas tudo o resto é o melhor que já conheceu. E ele aceita perfeitamente que a mulher o ache feio. Ele não se esgota na aparência física. 

Fechando o círculo, tudo me leva a crer que quem arranja um drama enorme porque alguém o acha feio ou pouco desejável fisicamente, ainda não percebeu que não se esgota no físico e provavelmente tem pouca autoestima. No final, ninguém é responsável pela autoestima dos outros, é uma dimensão pessoal que tem de ser alicerçada no próprio. Se ela é construída pela validação externa é falsa e frágil. A autoconfiança também não pode ser construída na validação externa.

Não existem vítimas. Se decidirmos que não somos vítimas. E se aceitarmos quem somos com um sorriso rasgado e a “cagar” para a opinião dos demais, somos eminentemente felizes. Eu determino-me a mim próprio. Não deixo que uma opinião externa me determine, para mim é apenas uma opinião. Para mim resulta. 

sexta-feira, abril 13, 2012

PIXEL 2012

O Blog Good Friends Are Hard to Find promove a segunda edição do PIXEL dedicada ao tema «Aquele abraço». São pequenas histórias LGBT com cerca de 250 palavras. Está aberto a todos os que queiram participar até 30 de Abril. Eu já queria ter participado na primeira edição, mas não tive tempo. Agora consegui com o texto que deixo em baixo. Quem sabe ainda tenho tempo para submeter outro.

Foi há 20h. Apareceu de surpresa à porta do meu trabalho. Ficou parado a olhar para mim com aquele sorriso pateta que lhe chega às orelhas, como se tivesse tido um ataque de paralisia facial enquanto se ria. Perguntou-me «somos melhores amigos não somos»? «Os melhores» respondi. Ele continuou. «Estou tão feliz, arrisquei como me ensinaste. Conheci uma pessoa. Aliás venho agora de casa dele. Não conseguimos deixar de estar juntos. É maravilhoso». Eu sei que me disse que estava feliz, que era maravilhoso, que somos melhores amigos, mas… “de casa dele”, teria ouvido bem? «Ele?» perguntei com ar jocoso para não ficar mal. «Sim, é um “ele”. Mas, sempre me disseste que não importa quem amamos, desde que seja puro e honesto». Gelei. Perdi o sorriso. «É uma brincadeira?» perguntei. Ele gaguejou «não… é a sério… não compreendo». Perdi a calma «Não compreendes?! Que parte é que não compreendes? A de que és um depravado ou a de que és um porco? Tu estás a dizer-me que és um maricas de merda e esperas que fique calmo?». Assumiu um ar confuso e culpado que ainda me enfureceu mais «nunca pensei… eu… pai, por favor…». Estendeu os braços para me abraçar. «Queres abraçar-me? Despedaças os sonhos que tenho para ti, estilhaças a nossa confiança e queres um abraço? És um traidor, metes-me nojo!» Fui-me embora e deixei-o com aquele abraço por entregar. O coma pode ser irreversível disseram-me. Se calhar o acidente foi por minha culpa, porque lhe menti a ele e a mim. Não tenho nojo dele, amo-o desesperadamente e ele é o meu melhor amigo. Quero tanto aquele abraço que deixei por entregar…

sábado, setembro 29, 2007

Wild Tigers I Have Known

Este filme produzido pelo Gus Van Sant e parte da selecção oficial do festival de Sundance não me cativou. O princípio é interessante, a descoberta sexual de um rapaz de 13 anos, filmado sobre o prisma do plano de sensações inerentes à adolescência. Contudo, acho que o filme se tornou demasiado conceptual. A busca pela intelectualização e estilização do sujeito do filme acabou por tornar tudo demasiado etéreo. Acho que acabamos por perder o contacto com o filme a dada altura. Apenas o relaizador deve saber do que está a falar.

13/20