quarta-feira, maio 12, 2010

As pessoas são incoerentes (haja humor)

Hoje sinto-me um bocado aborrecido/entristecido. Acho que tem a ver com esta euforia do Papa e com a falta de raciocínio crítico das pessoas em geral. Vale o facto de ter sentido de humor e talvez seja por isso que passo a maior parte do tempo na palhaçada. Quando é para falar a sério é sempre complicado porque as pessoas não se permitem "voar" ir um pouco mais longe.
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Hoje anda para aí uma corrente a falar sobre a solidariedade com o genocídio aos judeus. No Facebook existe um grupo que quer chegar aos 6 milhões de simpatizantes para igualar o número de pessoas mortas. Acho bem a solidariedade, mas a lembrança do genocídio serve para evitar novos erros e o que eu reparo é que a maior parte das pessoas nem quer saber do genocídio que se vive no Darfur. Isto deixa-me aflito, já existem cerca de 450000 vítimas entre mortos e estropiados (sim corta-se as mãos aos homens para que não possam pegar em armas), já para não falar das mulheres violadas (que começa a ser difícil encontrar alguma que tenha sido violada apenas uma vez). O genocídio dos judeus serviu para quê? Para hoje termos peninha? Ou para se aprender e não deixar que o facto se repita de novo?
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Acontece que está a repetir-se. Em áfrica, sobre populações desvaforecidas. Limpeza étnica total. A ONU sabe e não faz nada e as pessoas continuam a falar dos judeus e a derramar a sua piedade e solidariedade para com eles. Os outros são só "os pretos em áfrica". Tenho mesmo pena que assim seja. E falar seriamente disto nem sempre é fácil. A "piedadezinha" é um conceito fácil de entender, «sociedade civil», «movimentos civis», «humanismo» são mais complicados. Quando não se consegue falar disto e de conceitos semelhantes, a palhaçada resulta sempre.

5 comentários:

Provocação 'aka' Menina Ção disse...

A maior barreira que o ser humano tem a ultrapassar é a da diferença e a maneira como a respeita e interage com ela. Hitler conseguiu levar a sua avante durante tanto tempo devido a ter conseguido mentalizar o mundo à sua volta de que os judeus eram uma raça à parte, neste caso inferior. Resultado, se eram diferentes e inferiores não fazia mal serem mortos. O problema do Darfur é que quem os podia ajudar, o mundo dito desenvolvido, não precisa de ser convencida de que são diferentes, já o assume devido à cor da pele e à pobreza que os envia para um nível abaixo. Daí os olhos fechados. Mas Silvestre, não vai mudar. É assim. Há quem note, mas não tem poder para mudar. É frustrante? Eu sei...

desenhos disse...

Há aqui talvez um sentimento de "culpa" cristão que gera a tal "pena", é interessante que o budismo (tibetano, aquele com que contactei) não ensina a pena, mas sim a compaixão, a compaixão faz-nos compreender o outro, os seus medos, as suas dúvidas, a sua inconsciência, mas não perdoa, incentiva antes a um diálogo aberto sobre responsabilização da pessoa. A pena é condescendente, o coitadinho que nós compreendemos mas que achamos que não percebe nada, a compaixão faz-nos dialogar com a outra pessoa, ouvi-la e compreender as suas razões, e a partir daí mostrar as nossas.
Relaciono isto com o "culpado" e o "responsável", a diferença é extremamente subtil, a culpa pode implicar um acto premeditado, mal-intencionado, a responsabilidade não assume essa possibilidade, mas ambas responsabilizam, nós podemos não ser culpados do genocídio no darfur, burkina faso ou mesmo no tibete, mas somos responsáveis ao sermos coniventes, somos cúmplices quando não denunciamos.
A pena/culpa fica por aí, sentir-se bem porque há um sentimento de cumplicidade perante quem sofre, mas isso não ajuda. Compreender quem sofre, e as suas limitações, castrações..., é mais do que sentir pena, é sentir compaixão e daí responsabilizarmo-nos, assumirmos que aquilo que não fazemos também pode contribuir, neste caso, para o genocídio.
Penso que para os cristãos (não todos, claro) será fácil mais fácil de compreender ser dissermos que "de boas intenções está o inferno cheio".

Rafaele disse...

MUITAS VEZES SINTO-ME COMO OS NEGROS DA ÁFRICA, OS BRANQUELOS DO HITLER E OS BONZINHOS DOS JUDEUS. TODOS FALHOS E HUMANOS. SINTO-ME HUMILHADA E HORRORIZADA COM ESTE MUNDO INJUSTO. SÓ MESMO O HUMOR; E NÃO ACREDITO QUE SEJA INOCÊNCIA, MAS INDECÊNCIA. TODOS QUE ESTÃO LIGADOS NA MÍDIA SÓ VERÃO SEXO OU TRAGÉDIA, OU TERÃO TESÃO OU PENA. AÍ ESTÁ O PROBLEMA. VIAJAR SÓ É POSSÍVEL NOS DOIS TEMAS, ISSO SIM É PENA!!! VC NÃO ACHA?? MAS QDO DIGO QUE SINTO-ME COMO TODOS, É QUE NÃO É PRECISO IR ATÉ OUTRO PAÍS, PRA VER QUE MUITOS SOFREM E SÃO INJUSTIÇADOS. MAS NÃO É ISSO O QUE MOVE O MEU HUMOR E REVOLTA, MINNHA IRONIA FICA PRESA NO HOJE, NA INCERTEZA DO NOSSO PAÍS; NA NOSSA INCOMPETÊNCIA DE GRITAR: CHEGA!!!MAS O BLOG, LIBERDADE DE EXPRESSÃO, VAI ALIVIANDO UM POUCO MINHA REVOLTA, MAS É TANTA, QUE NÃO ADIANTA. FALO TUDO O QUE PENSO, MAS NA MAIORIA DAS VEZES (NÃO SEI SE É ASSIM COM VC TB) EU SOU A LOUCA.
RSRRSRSRS...

silvestre disse...

@rafaele: regra geral também digo tudo o que penso :-) Felizmente o meu sentido de humor permite-me manter um senso de equilíbrio que só por vezes rebenta quando a estupidez contaxtual é demasiada. O mundo é isto. E a única coisa que posso fazer é ir até onde posso e ter uma consciência sã. Depois usar muito humor para combater a impotência de alterar o que não se pode.

Rafaele disse...

THAT'S ALL!!
POIS É, ESTE É O MUNDO. SEI NÃO, SERÁ QUE AINDA TEM JEITO??