Acordei sem febre de maior. O nariz continuava terrível, a garaganta doia, mas sentia que podia ir fazer o tão antecipado workshop de Escrita Criativa. Às 11.00 (e mais um bocadito) lá estava eu. Como fui o último a chegar fiquei logo com a incumbência de ser o primeiro a ler assim acabassemos a primeira tarefa. O workshop foi delicioso. Consiste basicamente em exercícios muito curtos com base nas sensações transmitidas pelos sentidos (visão, audição, tacto, etc.). Depois de escritas algumas frases. Escolhemos um grupo de palavras ou expressões e temos 10 minutos para desenvolver um texto em que todas elas sejam incorporadas. Deixo aqui um exemplo.
Tinha de fazer um texto com as expressões/palavras: caixa de cartão, guarda-chuva de chocolate, tomar duche, festa no cabelo, comprimidos, comichão no nariz e meias de vidro.
- Ó mãe, mãããe... olha para mim.
- Ai Mariana, o que é que foi?
- Não vês?! Sopu a Linda de Suza.
- A Linda de Suza? Porquê?
- Ora, porque tenho uma caixa de cartão.
A mãe da Mariana libertou uma gargalhada sonora antes de lhe dizer:
- Ó querida, a Linda de Suza tinha uma mala de cartão e não uma caixa de cartão.
Volta a rir por dentro. Não sabe onde a filha vai buscar estas coisas. É uma criança, está a crescer e tudo serve para experimentar. O mundo é uma novidade. Não sabe onde vai arranjar coragem para contradizer os olhitos brilhantes da filha, tão abertos para a vida que a rodeia. Mas e se um dia ela pensa que é o super-homem e se atira da janela, ou usa um guarda-chuva de chocolate para voar, pensando que é a Bia a pequena feiticeira. É tão bom ter ilusões. Ela já não é capaz, é tanta coisa... o trabalho, a casa, tomar conta da filha, os pais no lar. Às vezes apetece-lhe desaparecer, ficar a tomar um duche quente infinito. Faz uma festa no cabelo da Mariana que agora se encontra amuada e sentada ao lado da caixa de cartão. Ao olhar para a filha lembra-se «o que eu preciso é disso mesmo, de ilusões! Não é dos comprimidos para a depressão que tomo todos os dias». Decide que vai mudar as coisas. Hoje é um dia diferente. Vai brincar no mundo da Mariana e diz-lhe:
- Mariana, fica aí um bocadinho que a mãe vem já.
A menina concorda com um aceno de cabeça. Num ápice, a mãe da Mariana corre para o quarto, o entusiasmo até lhe dá comichão no nariz. Veste o sutiã preto e as suas meias de vidro pretas com cinto de ligas a condizer. Sai a porta do quarto e diz:
- Mariana olha, olha, sou a Madonna.
- Não és nada, a Madonna não é gorda.
Tinha de fazer um texto com as expressões/palavras: caixa de cartão, guarda-chuva de chocolate, tomar duche, festa no cabelo, comprimidos, comichão no nariz e meias de vidro.
- Ó mãe, mãããe... olha para mim.
- Ai Mariana, o que é que foi?
- Não vês?! Sopu a Linda de Suza.
- A Linda de Suza? Porquê?
- Ora, porque tenho uma caixa de cartão.
A mãe da Mariana libertou uma gargalhada sonora antes de lhe dizer:
- Ó querida, a Linda de Suza tinha uma mala de cartão e não uma caixa de cartão.
Volta a rir por dentro. Não sabe onde a filha vai buscar estas coisas. É uma criança, está a crescer e tudo serve para experimentar. O mundo é uma novidade. Não sabe onde vai arranjar coragem para contradizer os olhitos brilhantes da filha, tão abertos para a vida que a rodeia. Mas e se um dia ela pensa que é o super-homem e se atira da janela, ou usa um guarda-chuva de chocolate para voar, pensando que é a Bia a pequena feiticeira. É tão bom ter ilusões. Ela já não é capaz, é tanta coisa... o trabalho, a casa, tomar conta da filha, os pais no lar. Às vezes apetece-lhe desaparecer, ficar a tomar um duche quente infinito. Faz uma festa no cabelo da Mariana que agora se encontra amuada e sentada ao lado da caixa de cartão. Ao olhar para a filha lembra-se «o que eu preciso é disso mesmo, de ilusões! Não é dos comprimidos para a depressão que tomo todos os dias». Decide que vai mudar as coisas. Hoje é um dia diferente. Vai brincar no mundo da Mariana e diz-lhe:
- Mariana, fica aí um bocadinho que a mãe vem já.
A menina concorda com um aceno de cabeça. Num ápice, a mãe da Mariana corre para o quarto, o entusiasmo até lhe dá comichão no nariz. Veste o sutiã preto e as suas meias de vidro pretas com cinto de ligas a condizer. Sai a porta do quarto e diz:
- Mariana olha, olha, sou a Madonna.
- Não és nada, a Madonna não é gorda.
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