segunda-feira, janeiro 31, 2022

Desenterrar os anos 80 - 22


Don't call me baby - Voice of the Beehive

Eleições legislativas 2022

Foi tudo extraordinariamente previsível. Só não estava à espera de que o PS alcançasse a maioria absoluta - pensei que ai ficar ali pertinho. 

Quantos aos votos no Chega, estão dentro da percentagem de pessoas que misturam racismo, misoginia, homofobia, xenofobia, religiosidade extremista, etc., que existem numa população.

Quanto ao resto não há muito a dizer (por muito que se gostasse). O PAN deixou de ser voto de protesto, o Livre mantém o nicho (talvez agora cresça livre de uma Joacine), a CDU e o BE perderam o voto radical para o Chega e voto moderado para o PS, a IL ganhou o voto de direita pura que o PSD perdeu ao disparar em todas as direções, o CDS acorda da ilusão e o Chega tem um programa com 9 páginas (para não dizer que não tem) e com papas e bolos se enganam os tolos.


sábado, janeiro 29, 2022

Lhasa de Sela

Já passaram 12 anos desde a morte de Lhasa de Sela. Era tão maravilhosa. Estava a ouvir há pouco o primeiro CD e veio-me à memória o concerto na Aula Magna e como ela enchia tudo de paz e tranquilidade. Era um ser humano belíssimo. Sinto-me tão privilegiado por ter tido a oportunidade de partilhar o mesmo espaço com ela, de ouvi-la cantar, mas sobretudo de ouvir as coisas que ela tinha para dizer. Tanta luz.  

Pergunto-me

Pergunto-me se terá sido boa política ter apanhado COVID de propósito. Como quem me pegou estava com sintomas muito leves, achei que ia ser idêntico. É uma espécie de roleta russa, na verdade. Também não me posso queixar muito, estou é farto da tosse persistente. Pronto, em vez de ter tido doença ligeira tive doença moderada. Tenho de ficar mais um tempinho de molho em casa, mas como estou em teletrabalho, também não noto muito a diferença. 

Saudades mesmo? Da mãe e de ir ao ginásio ou corridas ao ar livre.

sexta-feira, janeiro 28, 2022

Aceitação

O meu chefe

O meu chefe (no atual instituto) é um homem bom e ético.  Disse-me que gostaria de me ter apanhado há uns bons anos atrás quando eu era somente força, criatividade e crença. Tem pena de me ver tocado por um certo amargo que me faz, muitas vezes, agir "olho por olho, dente por dente". Tem sido um apoiante das minhas ideias desde o meu início no serviço e não tem medo de quem quer trabalhar com autonomia. 

Como críticas aponta-me o facto de eu ser muito cru e rematar algumas das minhas intervenções públicas com a visão que tenho da administração pública e apresentar exemplos práticos que a descredibilizam. É um diplomata, um conciliador, crê que mostrar cruamente a verdade negativa antagoniza as pessoas e eu faço-o muitas vezes.  Lamento quando o desiludo nesse sentido. Acho-o um homem brilhante, mas demasiado cordial e isso pode ser uma fraqueza. Já diria a minha mãe que "quando nos baixamos demasiado mostramos as cuecas". Deviam existir mais pessoas como ele, mas quando a maioria não é como ele, ele deveria saber defender-se.  

Disse-me que admira o facto de eu, mesmo sabendo que sairei dentro de pouco tempo, não baixar a qualidade do meu trabalho e até tentar deixar o máximo de propostas para o futuro. Faço-o por ele. Porque ele é decente, porque merece o meu esforço. 

Hoje disse-me também que me acha muito inteligente e que admira o meu espírito independente, e tem pena de que eu esteja sempre pronto a esfregar verdades amargas na cara de quem se porta menos bem. Queria ter-me conhecido noutros tempos, antes de sofrer as agressões pelos vícios administração pública, para que eu fosse mais como ele, mais pacifico. 

Não sei quem tem razão, não sei se é a melhor política ser assim. Sei, contudo, que o admiro como pessoa. A bondade, a verticalidade, o estímulo. Já "rasguei" a direção para o defender, porque achei que alguém tinha de o fazer. Queimei-me eu, mas valeu a pena. Menos um sapo na minha garganta. 

quinta-feira, janeiro 27, 2022

sexta-feira, janeiro 21, 2022

Leveza

Tento levar as coisas com leveza, quando há um foco de tensão brinco com ele. É um bocadinho como o feitiço Ridikkulus para derrotar os Boggarts (nos filmes do Harry Potter). Se deixamos que pequena coisas tomem conta de nós, uma fagulha transforma-se num incêndio de grandes dimensões. Pode ser que nem toda a gente goste que o outro desvalorize algo que é pequeno. Às vezes no processo de desvalorização ateamos um fogo ainda maior. O equilíbrio das coisas é mais precário do que se imagina. Eu opto sempre pela leveza, mas não temos de concordar todos com o mesmo. Quando se discutem ideias, não se estão a discutir pessoas. 

Fecha-se uma porta e abre-se uma janela

Diz a sabedoria popular que quando se fecha uma porta abre-se uma janela. É bom que a janela não seja muita alta que eu vou para a idade e isto de andar a entrar e sair por janelas torna-se progressivamente mais complicado. 

#newwindow

quinta-feira, janeiro 20, 2022

Certezas

Para o melhor e para o pior. 

Na grande maioria das vezes melhor

quarta-feira, janeiro 19, 2022

Ser totó

Sou tão totó que não percebi que um velho amigo da blogosfera estava de volta. Como temos uma relação fora da blogosfera, nem me passou pela cabeça que podia ser ele, e ele partiu do princípio que eu tinha percebido. Mas nada escapa ao olho aguçado da Magg e ela disse "olha lá pá..."

Pretensões

Não sou comentador e/ou influenciador e não tenho pretensões a sê-lo. Escrevo sobre pensamentos, e sentimentos e coisas me disseram algo (ou piadas ou curiosidades ou que me chatearam). Apenas notas de navegação, apontamentos a que volto mais tarde para relembrar o passado ou utilizar conhecimento adquirido (no caso disso). Não é preciso mais ninguém com pretensões, porque de gente pretensiosa está o planeta cheio. Volta e meia o contacto com essa realidade torna-se inevitável, mas opto apenas por sinalizar e caminhar noutra direção. Há espíritos muito bonitos por aí, tanta beleza para conhecer e para ser inspirado por. 


segunda-feira, janeiro 17, 2022

Desenterrar os anos 70 - 21


I can't stand the rain - Ann Peebles

Experimentos

Every one of us is an experiment, and we don’t even know what the experiment is testing.

― Richard Powers

quinta-feira, janeiro 13, 2022

A dificuldade em compreender

Já falei noutro post que no ano de 2021 lidei com uma depressão. Falo de lidar com ela ativamente, uma vez que, sem perceber, eu estava num estado depressivo há uns 2 anos. Ainda não percebo bem as nuances de uma depressão e, no meu caso e de outros que são pessoas extrovertidas, pode ser bem difícil de perceber. Só quando ela se tornou "major" e começou a interferir com o meu funcionamento normal (em coisas tão simples como me levantar da cama, ou de imaginar um dia depois de amanhã) e a produzir uma alternância constante entre  inação e irritabilidade é que resolvi procurar ajuda. 

A medicação ajudou imenso e fez-me ter uma lucidez que há muito não tinha. Passei a olhar para a minha vida de uma forma diferente e reduzi, na medida do possível, os facilitadores do meu estado depressivo. Parece-me, contudo, que este estado não deixa de ser como uma espécie de "cancro latente" que volta e meia dá sinal de si. Tenho permanecido vigilante e, quem sabe, até policio demasiado as minhas emoções em busca de algo que possa não ser proporcional ao que estou a viver. 

No meu contexto geral está tudo bem com a exceção do trabalho. É a segunda vez que mudo em 2 anos e com maus resultados. Será este fator assim tão importante? A minha vida é muito mais do que isto e o que tenho fora do trabalho é tanto. Diria que só tenho razões para estar feliz, a nível pessoal, a nível familiar, mas então porquê este bicho que vem e que morde pela calada? 

Há 2 dias que estou deprimido. Só a presença de alguém de gosto muito permite abstrair-me. Fora desse espaço volta aquela espécie de peso que me empurra contra o chão e diz à cabeça para não pensar e ficar apenas parado, deixar o tempo que me dói passar, até que tenha de novo uma razão para estar bem. Fora do horário de trabalho. 

Fico irritado comigo mesmo porque sou o oposto disto e estou sem força.  Estou exausto. Depois vem a culpa. A culpa por deixar que isto tome conta de mim. Há tantas pessoas com "problemas reais" e eu, privilegiado, estou tolhido porque não consigo lidar com a frustração e com a infelicidade de trabalhar com pessoas em quem não acredito, numa instituição que não consigo respeitar, e a fazer coisas que não têm o menor significado para mim. 

Procuro todas as distrações possíveis e imaginárias. Mesmo agora, estou a escrever este post quando devia estar a trabalhar, mas fujo dessa infelicidade permanente, que me rouba tempo útil de vida que eu poderia estar a usar para fazer coisas que importassem. Pensei que 2022 começaria diferente, mas fui obrigado a continuar  onde não quero - quem sabe mais 9 meses. Tento dizer que está tudo bem, mas não está tudo bem. Estou farto de ser obrigado a fazer coisas que não quero. Já não consigo fingir mais, nem para mim. Pensei que tinha deixado esse problema em 2021. 

Porque é que uma pessoa forte deixa de o ser? Tenho bastante dificuldade em compreender. Porque é que o trabalho contamina tanto o resto da minha vida? Tenho de dar a volta, mas para isso é preciso acreditar em algo. Simplesmente acreditar. Não posso depender de quem me faz feliz para o meu bem-estar. E nas horas vagas?



quarta-feira, janeiro 12, 2022

4 meses

Daqui a menos de 4 meses estou a fazer 48 anos (soa tanto a 50). Apesar de passar por menos, a verdade é que eles estão vividos, sentidos, marcados e nunca deixamos de ter o tempo que temos. Já é muita vida e é uma enorme felicidade a adição de mais um ano, cada ano que passa. Por outro lado, há uma certa pena ao imaginar que não vou estar tanto tempo, como gostaria, ao lado de algumas pessoas bem mais jovens e tão importantes para mim. Fazer valer cada momento. Sempre.

Love

Love is patient, love is kind.

terça-feira, janeiro 11, 2022

E o Limão bebe água como se não houvesse amanhã

O Limão há duas semanas ganhou uma fonte de água - uma estratégia para ver se ele passa a beber mais água e a insuficiência renal deixa de progredir. Parece que foi uma aposta ganha (pelo menos na parte em que ele bebe muita água). Este mês já saberei dos resultados da nova comida, depois de ele fazer análises. Preocupa-me, apenas, o facto de o achar muito gordo apesar de lhe dar menos porção de comida. Não sei se o gato está inchado, se está a fazer retenção de líquidos, vamos ver o que a veterinária diz. 

Desenterrar os anos 80 - 21


I've been loosing you - A-ha

segunda-feira, janeiro 10, 2022

O meu pai fazia anos hoje

Hoje, se fosse vivo, o meu pai faria 88 anos. Que homem extraordinário tive por pai. Sempre soube que eu era gay (vá-se lá saber como teve essa intuição quando eu tinha apenas 2 anos e disse-o à minha mãe que não acreditou até eu lhe contar aos 19 anos). Foi por isso sempre muito duro comigo, levou-me ao limite até um dia eu me revoltar a sério contra ele. Tinha atingido o objetivo dele, ver-me ser capaz de me defender sem medo, porque a vida fora de casa não ia ser fácil para uma pessoa como eu. Depois desse dia, tinha eu 14 anos, a nossa relação mudou completamente. Passamos a dar-nos muito bem. Ele tinha orgulho em mim e sabia que eu era capaz de lutar por mim. Pena que só tivemos 10 anos em harmonia porque ele morreu quando eu tinha 24 anos. Mas esses 10 anos serviram para perceber o pai que tinha, a dimensão do seu amor por todos nós em casa e tudo o que ele fez na vida para nos dar o melhor. 

Para um homem que tirou a 4a classe aos 20 anos e que trabalhava desde os 7 anos, ele foi verdadeiramente prodigioso. De engraxar sapatos na rua  (e passar fome) a ter 150 pessoas a trabalhar para ele foi muito esforço, muito trabalho, muita fé. Para isso também muito ajudou a minha mãe que foi uma copiloto de eleição. Um soldador e uma costureira acreditaram que um dia teriam uma família a quem poderiam dar tudo o que não tiveram, mas o meu pai era, sem dúvida, a força motriz. Foram pais dos primeiros licenciados na família e eu e o meu irmão tivemos acesso a tudo o que poderíamos almejar. 

Tudo o que sou agradeço ao meu pai. Antes de morrer ele disse-me que eu ainda ia ouvir muito as palavras dele na minha cabeça. É verdade, oiço quase todos os dias e espero nunca me esquecer das mesmas e de toda a sabedoria nelas contida. 

quinta-feira, janeiro 06, 2022

Problemas do isolamento

Gastar muito dinheiro na compra de t-shirts giras pela Internet. Todas humorísticas, cada uma mais tótó do que a outra. 

É sempre uma faca de dois gumes

O amor incondicional deve existir numa relação? Penso quem sem ser de pais para filhos (regra mais generalizável) o amor é sempre condicional. Numa relação é sempre condicional, não acredito que existam relações em que duas pessoas se amam incondicionalmente. O amor romântico é trabalho puro. A paixão é a ilusão de que se ama incondicionalmente, mas depois do seu desaparecimento é tudo condicional - nada romântico, muito objetivo até. Dá-se porque se recebe, porque somos acrescentados. Se não acresce ao que somos desistimos. É tudo brutalmente racional se formos à espinha dorsal da emoção. Às vezes sou demasiado romântico, sofro do romantismo subjetivo. Tem-me faltado ao longo da vida algum pragmatismo em continuidade.

terça-feira, janeiro 04, 2022

Desenterrar os anos 70 - 20


The first time ever I saw your face - Roberta Flack

Desenterrar os anos 70 - 19


The air that I breathe - The Hollies

segunda-feira, janeiro 03, 2022

Olá 2022

O ano começou da melhor maneira, ou seja, junto daqueles que mais significam para mim. Não tenho grandes expectativas profissionais, e como prioridade estão a minha saúde e as relações pessoais. Que seja um ano com mais cinema e mais hobbies e com o mínimo de chatices possível. Se existir paz é tudo o que se quer.