Hoje senti uma raiva que não sentia há muito tempo: primária, animal. Quase saí disparado para dar um lambada numa pessoa do trabalho.
O que aconteceu... Um assessor da direção que tem a minha idade fez bullying a um jovem de 31 anos, que é uma das pessoas mais decentes e mais justas que já vi trabalhar na função pública. Ainda cheio de sonhos de que tudo pode funcionar bem. Ele iniciou a comissão de trabalhadores e está realmente a criar uma estrutura que nos permite lutar contra as decisões opacas da Presidência.
Esse assessor não quer que ele faça o trabalho que está a fazer dizendo que ele (assessor) já fez no passado, e de forma melhor, o que o moço está a montar. Claro que tal não é verdade (é bastante insuficiente) e o moço disse que iria continuar a montar o projeto em questão. O outro passou-se e encostou-lhe a cabeça à cara e fez-lhe ameaças, o rapaz foi embora e ele perseguiu-o na rua, o rapaz teve de voltar para dentro da nossa instituição.
Eu já sofri muito bullying no passado. Foi muito grave, violência física, violência emocional e violência psicológica. Em parte o corpo musculado que desenvolvi é uma resposta a isso. Preciso de sentir que me posso defender seja de quem for. Sempre que presencio atos de bullying, vem-me uma fúria das entranhas e tenho vontade de partir a cara ao agressor ou de o reduzir a nada com palavras. Já se passaram muitos anos, mas a raiva está latente.
Com a psicoterapia, aprendi a resolver afrontas à minha pessoa. Como me sinto seguro na minha força e na minha personalidade consigo lidar bastante bem sem ficar alterado ou quase nada. Mas ao presenciar atos de bullying a pessoas indefesas, fico mesmo transtornado e fico um "animal". Até desatei aos gritos. Coisa que não fazia há muito, muito tempo.
Uma outra colega disse-me, "porque é que estás assim" isto não é nada contigo o melhor é não te meteres". Mas é isso que nos tornamos? Indiferentes? Tenho mesmo é de aprender a controlar esta raiva perante o bullying, não a indignação e a tomada de posição. Na realidade se eu batesse no outro, quem levava com um processo era eu.
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