quinta-feira, março 01, 2007

A mulher inteira

Cruzei-me com A Madonna de Munch e veio-me à cabeça O Elogio do Pecado - um poema da Bruna Lombardi do qual gosto muito. Não sei porquê, mas achei que podem ser uma ilustração perfeita um do outro. Poema e quadro transmitem-me a imagem da mulher que assume a sua sexualidade e que não tem medo de ser fora das contruções/normas sociais de género. A mulher inteira.


Ela é uma mulher que goza
celestial sublime,
isso a torna perigosa
e você não pode nada contra o crime
dela ser uma mulher que goza.
Você pode persegui-la, ameaçá-la
tachá-la, matá-la se quiser,
retalhar seu corpo, deixá-lo exposto
pra servir de exemplo.
É inútil. Ela agora pode resistir
ao mais feroz dos tempos
à ira, ao pior julgamento.
Repara, ela renasce e brota
nova rosa.
Atravessou a história
foi queimada viva, acusada,
desceu ao fundo dos infernos
e já não teme nada.
Retorna inteira, maior, mais larga,
absolutamente poderosa.

Sem comentários: