sexta-feira, dezembro 14, 2007

9 anos...

Fez, no dia 12, 9 anos que o meu pai morreu. É muito tempo, quase 1/3 da minha vida. Todos os anos fico muito triste nesta altura. É normal diriam alguns. Sim, é. Contudo, este ano não foi igual aos outros. O dia 12 foi um dia bom. Senti-me sereno e mal me lembrei desta data e do que ela significa. No limite a data não significa nada. A data significa apenas uma perda. Nada mais do que isso. Significa a minha incapacidade de deixar ir e de valorizar o que tenho. Tudo na nossa vida é uma questão de perspectiva. Talvez este ano a minha perspectiva esteja mais optimista. Lembrar-me do meu pai, não é lembrar o que perdi, mas sim o que ganhei. É valorizar a vida que tenho e as pequenas felicidades que me acontecem todos os dias. Ele trabalhou uma vida inteira em prol da felicidade da sua família. O mínimo que posso fazer é procurar ser feliz, é sentir o que tenho e não chorar pelo que não tenho.

A memória dele pede que eu me realize, que eu seja capaz de criar, que eu ria, que eu tenha respeito pelos outros e que não deixe ninguém faltar-me ao respeito. A memória dele pede-me que eu cresça e para não me esquecer de ser humilde. Ser humilde não é ser pequeno, nem é dizer que sim a tudo. É aceitar que existe um grande sistema à minha volta e que eu sou apenas uma partícula constitutiva do mesmo. É aceitar que tenho muito para conhecer e que na minha vida vou precisar das restantes partículas do sistema. Há pessoas que têm esta qualidade inata - a humildade. Outras têm de trabalhar para a desenvolver. Por isso, este dia 12 de Dezembro foi o mais sereno dos últimos 9 anos. Talvez porque percebo que as coisas têm um propósito, talvez porque percebo que apreendi o meu pai (e outros que partiram), talvez porque percebo que ele se expressa através de mim todos os dias. Não preciso de viver agarrado ao passado. Só preciso de pensar em ter um bom futuro.

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