sexta-feira, agosto 22, 2008

Ocorrência de brandos costumes

Ontem à hora de almoço enquanto via os saltos do Nélson Évora, na mesa ao lado, um senhor muito bem educado revelando alguma cultura desportiva e metia conversa connosco no espírito da "tertúlia à portuguesa". Não me importei porque até era simpático. Seguiu-se uma prova de velocidade ele disse que ia ganhar 'o branco'. Um dos meus colegas disse «o jamaicano é que vai ganhar». Ao que ele respondeu «nós temos de torcer é pelo branco que é igual a nós». Senti um calafrio interno e não olhei mais sequer para a cara dele (nem sei se os meus colegas se aperceberam disto porque ele falou com entre sorriso). Tive duas certezas: primeiro que se eu lhe respondesse não ia sair coisa boa da minha boca. Segundo, que se o Nélson Évora se não ganhasse não seria mais do que um preto.
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Odeio os brandos costumes portugueses. São estes que fazem acreditar que o racismo não existe, que o sexismo não existe, que a estigmatização cultural e sexual não existe e por aí fora. É tudo muito diluído e quem não está atento deixa passar... sim, a maioria das vezes deixamos passar, brandamente. É o nosso costume. Eu não quis arranjar confusões num restaurante e na minha cabeça achei que tive algum bom senso. Mas a dúvida fica, terei eu sido mais um brando português?

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