terça-feira, janeiro 19, 2016

Memórias

Hoje cheguei ao trabalho e fui directo ao 3º andar para o meu café da manhã. Quando meti o café à boca tive a imagem do meu pai a pedir uma bica ao balcão do café lá do sítio e depois o meu pai a calçar os sapatos sentado no penúltimo degrau das escadas lá de casa. As calças cinzentas claras de pano, a camisa às riscas, os sapatos castanhos, as notas impecavelmente dobradas e enfiadas no bolso da camisa. 

Estas memórias são longínquas. O meu pai já morreu há 18 anos e a minha vida também já se faz à visita de muitos anos de memórias. tendo em conta que me lembro da minha vida toda desde os 3 anos de idade, são já 39 anos de memórias que me assaltam de vez em quando. 

Curiosamente, às vezes, sou de novo um menino. Suponho que isto se passa com todas as pessoas. Para fora somos apenas um, mas para dentro somos um universo. Somos o presente e os milhares de coisas que já fomos. Às vezes, a única coisa que poderia dar-me consolo era um abraço do meu pai. A simples existência dele era uma garantia de que nada poderia correr mal. Uma mão maior que a minha estaria sempre disponível para resolver o que fosse.  

3 comentários:

neko-chan disse...

Que bonito!

silvestre disse...

Sentimentos :)

Lobo disse...

E com o passar da idade a "coisa" acentua...