Este fim de semana teve tanto de belo como de difícil. Passei quase um dia inteiro num dos meus lugares favoritos da ilha - a Ponta de São Lourenço e tive momentos de partilha muito bonitos. Talvez tenha feito a análise mais pura de sentimentos que alguma vez realizei. Por outro lado, existiram momentos duros. Se a decisão de vir para Lisboa é algo que provoca receio no Beto, depois de uns amigos dele terem acabado a "relação perfeita" de 7 anos, ele passou a ter pânico, estando num estado de grande ansiedade sobre o assunto. De repente, aquele cenário de acabarmos tudo no próximo ano começou a ganhar volume e eu fui forçado a encarar que a hipótese é mais forte que uma uma mera possibilidade.
Ele adoraria que eu viesse para a ilha, podia ser já, e que começássemos a viver juntos aqui. Eu sou o que faz falta na existência dele como ela é... na ilha. Ao mesmo tempo que tudo isto torna o nosso futuro difícil, percebemos a intensidade do sentimento do outro e o respeito do outro com maior nitidez. Não é a primeira vez que acabo uma relação à distância com alguém de quem gostava muito. Curiosamente todas as relações à distância que tive foram com pessoas de quem gostei mesmo com muita intensidade. E quando nunca ninguém magoou o outro, o sentimento muda, mas fica.
A procissão ainda vai no adro. Não me vou preocupar. Estou preparado para o que for e vou apenas viver o momento presente. Que é bonito. Cada coisa no seu tempo.
3 comentários:
Não é fácil, mas deixa correr (fluir)
Aceitar o que tiver de ser. Eu tb estive numa relação à distância durante 2.5 anos, depois de 2 anos juntos. Estamos juntos até hoje, desde há 13 anos! No nosso caso, estávamos em países diferentes e um de nós nem sequer podia sair do país onde estava… portanto, só um podia visitar o outro, e muito poucas vezes porque não tínhamos dinheiro. Ultrapassámos os obstáculos (e foram muitos) resolvendo um problema de cada vez porque ambos tínhamos uma visão apenas: estarmos juntos! Demorou, e quando finalmente ficamos juntos num país novo, ambos fora dos nossos países natais, sem amigos, sem conhecermos ninguém, tivemos de começar do zero, com trabalhos mal pagos e a viver modestamente. Mas juntos. E depois, foi sempre a subir, esforçamo-nos por trabalhar, estudar e progredir, já com mais de 40 anos ambos, obtivemos melhores empregos e salários, fizemos amigos, explorámos o novo mundo onde vivemos até hoje. E continuamos esse processo. Um a inspirar o outro. Ambos deixámos o que nos era familiar e apostámos no que não era familiar, para podermos estar juntos. Espero que a nossa história vos possa inspirar - não tivemos medo nem ansiedade sobre o futuro, um dia de cada vez, uma visão comum. Apostar tudo sem medo quando é a pessoa certa!
Quando a pessoa é a certa nós fazemos muita coisa, fora da nossa zona de conforto. Percebo também que temos 18.5 anos de diferença e eu tenho tudo cá, uma vida, casa, amigos, família e essa assimetria eventualmente mexe com qualquer um. Estou tranquilo, desde o primeiro dia que sempre soubemos que podíamos não ser um "para sempre" como casal. Nunca estive enganado, ele é sempre verdadeiro.
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