segunda-feira, novembro 03, 2008

Fim do dia de trabalho

Vou agora sair. Gostava de conseguir fazer troça de tudo isto, mas sinto-me invadido por uma terrível sensação de tristeza e frustração. Foi um dia agonizante, no fundo igual a tantos outros. O pior de tudo é ver que se não fosse o efeito férias eu estaria nesta "mesmice" de sempre. É isto e apenas isto. Um sítio onde ninguém se responsabiliza, um sítio onde não há autonomia, um sítio onde não há brio, um sítio onde não podemos trabalhar produtivamente sempre que necessitamos do trabalho de terceiros. Ninguém se importa. Trabalho com uma boa percentagem de autómatos que desempenham as funções que têm de desempenhar e com palas. Ninguém olha para o lado, acho que sequer olham para a frente. É um sítio em piloto automático, mas com a rota mal traçada. Burocrático, burocrático, burocrático... Qualquer rasgo de inovação ou criatividade é suprimido por chefias que não sabem mais que ser chefes, por vícios instalados, por pessoas que já não sabem levantar a cabeça. É isto que eu quero? Não. E sinto-me encurralado pela falta de oportunidade de sair para um sítio melhor. Sinto-me sufocado pela falta de brilho, por esta vitória da pobreza de espírito. Sinto-me incapaz de cooperar. Eu não sou isto...

5 comentários:

Anónimo disse...

Ainda ontem fiz um comentário semelhante! A crise existe, mas a maior de todas não tem nada haver com dinheiro, é uma pobreza de espírito! É uma crise de valores. As pessoas querem coisas banais e supérfluas, endividam-me para comprar consolas em prestações. Querem auto-estradas em vez de boas estradas e transportes púbicos. Querem gastar o dinheiro, nem é poupá-lo, é gastar, gastar até o que não têm, comprar roupa com pão.

A falta de consciência de que o dinheiro é um método abstracto de pagamento... é pão, leite, cereais, e roupa. E com cartões... deixa até de existir qualquer registo físico das trocas de bens que fazemos agora que compramos com a impressão digital e digitanto caractéres na internet.

Por mais que queiramos acreditar que não o corpo é importante, é a materialização de trocas entre dois mundos, o exterior e interior. Enfim, o universo está todo ligado e isto não acabaria mais.




Em relação ao trabalho, se sair do país não é opção então terás de estar atento e ser muito paciente. A paciência é uma virtude.
Quanto aos teus colegas, o problema não é apenas deles, eles possivelmente estão preparados para desempenhar as funções que desempenham, o problema poderá ser das chefias. Não podemos mandar todos, isto é, não podemos criar, não podemos ser todos estrategas! Alguns de nós terão de ser apenas executantes. Quem sabe um dia não poderás mudar tu o rumo dessa gente ;] mas para tal é preciso trabalho duro, paciência e lealdade a certos valores. Eu não tenho moral para te dizer isto, mas tu existes independentemente de mim, eu acho que tenho razão no que digo por isso ouve-me. Mas o que é que eu sei? E o que eu sei sempre valerá o que valer. ;]

silvestre disse...

Em relação à crise de valores subscrevo.

Em relação aos colegas, não é uma questão de qualificação é uma questão de falta de solidariedade e falta de respeito pelo próximo, é uma questão de "não saio do meu quintal", é uma questão de desinteresse por tudo o que necessite de esforço e brio profissional.

E depois quando questionados sobre se querem ser uma galinha no campo ou no aviário, respondem no aviário. A comida é plástica, não há luz natural, não há espaço para te mexeres, o ar é processado, mas todos os dias encontras o mesmo. Há um micro espaço que é teu, todos os dias. E isto chega a toda esta gente.

Anónimo disse...

São a tua infantaria. Quando conseguires alcançá-los lá no seu exílio interior, provavelmente estarás preparado para os chefiar. Mas primeiro tens de conseguir estabelecer comunicação.

ZEP disse...

trabalhas em quê mesmo?

silvestre disse...

pensava que era óbvio... FUNÇÃO (FUCKING)PÚBLICA!!! Se tiveres conhecimentos para consultores de projecto, tipos que gostam de escrever, etc, etc, estou aberto a sugestões ;-)