Soube que hoje que o Vasco Granja está com Alzheimer em fase avançada. Aparentemente, aos 83 anos já não reconhece realidade como ela é, e raramente tem consciência das pessoas que lhe são próximas. Fiquei triste. Tenho uma profunda admiração por tudo o que ele fez como profissional, pelo fantástico trabalho na divulgação de todos os tipos de animação e pela enorme expansão que provocou no meu imaginário e no imaginário de muitas crianças a crescer nos 70s/80s. Como acontece a todos os visionários, não creio que tenha sido bem compreendido e estimado o suficiente. Com o seu programa «Cinema de Animação» mostrou-nos o que era a pluralidade e que o valor e a mensagem transcendiam a origem polaca, americana, búlgara ou canadiana da animação..
Talvez os outros da minha geração ainda se lembrem dele (espero que sim), talvez os mais novos tenham alguma curiosidade em saber quem ele foi e que foi ele que deu a conhecer os Looney Tunes. Nunca se sabe quem passa por um blog. A quem passar por aqui, digo apenas que o Vasco Granja foi um homem inteligentíssimo numa época em que Portugal era um país ainda mais vazio e ignorante do que é hoje. De repente tive medo que ele morresse sem que eu pudesse expressar o meu respeito. Detesto aquela mania que se tem de homenagear as pessoas depois de mortas.
2 comentários:
tiro-lhe o meu chapéu
Eu lembro-me, alguns bonecos que ele escolhia eram quase impossíveis de perceber, mas eu era tão pequenina que só queria ver, mas lembro-me de ele explicar muito bem tudo e ficou-me a memória de uns que ilustravam o início do século e era um homem negro a lutar e a escavar um monte com a picareta contra o avanço da automotora que era mais rápida e ia tirar empregos às pessoas...os bonecos eram muito reais e aquilo impressionou-me pq no fim, o homem morreu mas morreu a tentar, eu tinha talvez 5 anos e nunca me esqueci disso, bem como da emoção do Vasco Granja a apresentá-los...
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