segunda-feira, março 16, 2009

Coisas que me deixam possuído.

Faço parte de um clube de escrita que resultou de um curso de escrita criativa. Como colegas gostámos uns dos outros e resolvemos continuar a encontrar-nos depois do curso acabar e a produzir textos. Nunca convidámos o professor (que é um escritor conhecido da nossa praça) por acaso. Para o encontro deste mês falou-se em convidar o professor. Eu achei bem, mas sugeri que também ele tivesse de apresentar textos como nós, afinal é um grupo de partilha.
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Uma das minhas colega discordou porque isso é estar a reduzir a importância de um escritor que já deu provas a outro nível e que tem livros publicados. Isto deixou-me doente. É aquela visão portuguesa pequenina da reverência. Os títulos falam mais alto, o Sr. Engenheiro, o Sr. Doutor, o Sr. Professor. Ou seja, o Sr. Escritor, não pode participar numa tertúlia de escrita porque os outros são amadores. A mim, parece-me bastante generoso da parte de alguém que escreve profissionalmente partilhar a sua escrita com outras pessoas. Mas parece que para algumas pessoas, assim que se ganha um título, o titulado deve ser encerrado num pedestal para nunca mais conviver com "os outros".
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É com esta visão que temos produzido aberrações e pedantes que, por serem bajulados, acabam (grande parte deles) por se julgar efectivamente acima dos "comuns". No fim somos todos pessoas, razão pela qual este "endeusamento tuga" me deixa virado do avesso.

4 comentários:

Jerónimooooooooo disse...

então e convidar o Sr. professor e deixar à sua vontade apresentar um texto ou não? Pelo menos ficariam a saber se ele pensa como a tua colega ou não...

há supresas por vezes...

abraço

Anónimo disse...

Realmente neste país os títulos ainda falam mais alto. É por estas e outras que somos um país pequenino... Mas também acho que a proposta lhe deve ser feita. Se o teu professor achar por bem participar, mostrará que os títulos não lhe subiram à cabeça...

silvestre disse...

Também espero que ele aceite. Queria chegar a essa conclusão...

Anónimo disse...

Quando eu for engenheiro tb deixarei de comentar este blogue :P

A tua colega é sádica... a não querer deixar um escritor escrever!

Há pessoas e pessoas. O Norman Foster ou Frank Ghery, um deles, tem cerca de 500 pessoas no atlier, o Siza Vieira tem algumas 15, para garantir que controla o atlier. Isto para dizer que há pessoas que têm os pés acentes na terra, e a cabeça nos ombros. Mesmo de nacionalidade portuguesa. hehe. :)