segunda-feira, agosto 05, 2013

A Gaiola Dourada

Um filme despretensioso e humano. No estrangeiro está a gerar uma onda de simpatia e comentários positivos sobre os portugueses. Em Portugal já li e ouvi montes de críticas aos estereótipos que o filme relata (lembremos que é uma comédia), que nos envergonha e retrata como tansos, o que mostra como complexado e pequenino o nosso "povinho" é. Acho que é uma comédia que brinca com estereótipos (como o My Big Fat Greek Wedding, mas os gregos não são complexados como nós) de uma forma muito genuína porque os imigrantes dos 60/70 eram assim, mas sem nunca deixar de dar um conteúdo humano aos personagens que são densos. Se me enquadrei nos estereótipos? Alguns sim. Deu-me que pensar. Mas centrei-me no importante. Vi um filme cómico, em que os dois personagens principais são honestos, profissionais, de uma dignidade à prova de bala. Vi uma família meio louca que no fim de contas se adora. Isso tudo satisfez-me. São essas coisas que, no meio da depressão política e de valores em que vivemos, me dá um certo orgulho em ser português. O meu pai não era imigrante, mas vestia-se assim, gostava de minis, falava alto e dizia palavrões. Eu como adolescente idiota tinha uma certa vergonha, em especial quando metia o guardanapo no colarinho da camisa. Felizmente cresci, para valorizar o facto de ele ser um trabalhador estupendo, de ser honesto como poucas pessoas que conheci, de ter valores férreos e de nos amar de corpo inteiro. O que desejo a quem não está a conseguir passar dos tremoços, das minis e do Benfica é que cresça também e veja em grande e não em pequeno. No caminho que se divirta com o filme, porque é uma comédia de costumes.
 
16/20

4 comentários:

AM disse...

Vou ver amanhã.
Tanta vergonha temos de nós... Confesso que até eu, muitas vezes, não me aceito bem como português. Mas quem conhece a britcom percebe como as diferenças entre o popularucho português são semelhantes ao popularucho britânico. E eles divertem-se imenso com ele. Mas o nosso sentimento oitocentista de vergonha por não pertencermos a uma burguesia rica ou influente leva-nos a disparates de cultura atual tão grandes como, por exemplo, termos vergonha de andar descalços ou simplesmente sentarmo-nos numa estúpida de uma relva de um jardim público a gozar o sol magnífico que por cá temos. É que isso é coisa de pobre. E assim se faz um povo pobre de espírito.

Davide disse...

Só vi o trailer, queria ver o filme , sabia que ias fazer um post sobre o filme... Abraço desde Brussels

Marco disse...

Vi ontem. Foi um momento bem divertido! Ainda soltei umas boas gargalhadas!

João Roque disse...

Eu quero mesmo ver...