Estou a oito dias de fazer cinquenta anos. Acho que consigo perceber porque é que as pessoas entram em modo balanço. Dos dezoito aos cinquenta passou tão rápido. Trinta e dois anos que parecem 10. Parece que foi ontem, mas não foi. Já aconteceu muita coisa, já vivi muita coisa e tenho a noção concreta de que a a segunda metade da minha vida vai passar a correr também (e que não chegará cinquenta anos). Tenho menos tempo e não sei bem em que condições físicas, o que me poderia colocar a apostar as fichas todas nos próximos 10 anos.
Não obstante. A única coisa que mudou foi a consciência de finitude. Continuo com este estado tranquilo que alcancei em 2023, a mesma vibração de aceitação e de celebração de cada dia. Em 2008 descobri que era muito feliz e assim continuei até 2015 quando uma relação não muito boa me levou a ser um homem deprimido, alienado, vulnerável, à procura de corações nobres, alguém que me resgatasse. Este estado de alma, fez-me cair numa relação ainda mais desastrosa. E a verdade é que ninguém resgata ninguém. Somos nós que temos de ter amor-próprio. E o meu estava num penico.
A partir de Fevereiro de 2023 comecei a minha regeneração e a pouco e pouco com as experiências felizes e o reatar de algumas amizades (como a do meu amigo médico, que me ajudou bastante a criar momentos leves e alegres) estava a voltar a pessoa de 2008. Os meses passavam e a vida era sempre mais bonita e mais presente. Interessava sempre o momento presente, o estar aqui e agora.
Por isso, mesmo agora, que dou conta de como tudo é rápido no fluxo do tempo, não deixo de estar tranquilo. Não sinto que tenha de correr, não sinto que tenha de me multiplicar. A minha prioridade é continuar a ser saudável e simples (mesmo no meio do complexo). O Beto disse-me, quando estivemos juntos a primeira vez, que gostava de mim por eu ser feliz com pouco. A isso acrescento que desejo o que tenho e o que posso ter, não desejo o que os outros têm ou podem ter. A comparação destrói mesmo o nosso sentido de "self". É este espírito que espero continuar a transportar nesta nova década.
Sem comentários:
Enviar um comentário